4º Capítulo

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  • Dedicado a Daniela Quaresma
                                    

-Olive?

Por momentos voltei a pensar que aquela maldita voz me estivesse a chamar outra vez, mas quando abro os olhos, vejo que William me tinha feito o pequeno almoço:

-O que é? - disse eu.

-Pão com marmelada. Não é muito clichê, mas vai ter de servir por agora. - afirma William.

Ao ouvir isto, aproximo-me dele com cuidado e dou-lhe um beijo como forma de recompensa. William sorriu para mim com aqueles dentes brilhantes, e de seguida beijou-me novamente.

-E agora? - pergunto eu, agora com um ar sério.

-E agora o quê? - questiona William.

-O que fazemos? Estamos numa região desconhecida cheia de doentes, com poucos mantimentos e armamentos. Estou com medo, com muito medo William. - senti um pequeno arrepio.

-Olive, lembra-te, eu estarei aqui sempre. Vou-te proteger até ao fim. E em relação ao armamento: ouvi dizer que há uma esquadra da polícia a uns quilómetros para norte daqui. Com sorte, encontramos algum armamento, e talvez uns mantimentos. O problema é os infetados. Teremos de entrar calmamente para eles não nos ouvirem. - William mostra-se confiante.

-E quando é que partimos? - questionei.

-Agora.

William agarra no meu braço novamente e puxa-me até à cozinha. Ele começa a tirar alguma comida e mantimentos para levar na viagem, e coloca tudo na minha bolsa a tiracolo.

Logo a seguir, saímos de casa. William e eu corríamos para Norte mais rápido que gazelas. Um infetado veio ter connosco, e William mandou-lhe com o machado à cabeça. Eu fiquei horrorizada ao ver todo o sangue, quase preto, a sair da cabeça daquela "criatura", mas rapidamente me recompus e continuei o caminho.

Já tinha passado mais de uma hora e eu já via a esquadra ao longe. William estava com a respiração ofegante de tanto caminhar, mas não podíamos parar:

-Tens a certeza de que estás bem? - perguntei eu, preocupada com a saúde de William, pois o mesmo tinha ataques asmáticos.

-Sim, é só uma pequena dor de garganta mais nada. Daqui a 10 minutos já estamos lá. Continua! - ao dizer isso começa a correr mais rápido que um carro sem parar. Em menos de 10 minutos já estávamos lá.

Quando chegámos, quatro infetados vieram "dizer-nos" olá:

-Que boa maneira de dar as boas vindas não é? - perguntei eu, com um ar de ironia.

William pega no seu machado novamente, dá com ele na barriga de dois deles, dando-me a oportunidade de acabar com eles. Eu vou a correr de uma distância considerável, e dou o último golpe. Morte súbita. 

Só faltavam dois, desta vez William deu-me o machado, e eu enterreio na cabeça do infetado. Foi nojento, mas soube imensamente bem.

O último foi morto por William, com uma faca espetada no cérebro.

Entrámos na esquadra, e William começou a procurar enquanto eu fechava e tapava a porta com tudo o que me aparecia à frente. Começá-mos a verificar tudo: gavetas, escritórios, secretárias, e todas as salas. Sem efeito. Enquanto estava a verificar a sala ao lado, ouço um grito do William:

-Encontrei Olive!

Corri para a sala de onde vinha o som, e lá estava William com uma caixa enorme cheia de armas e de munições:

-Ó meu deus! Isso devem ser mais de 120 balas para pistola! - disse eu, surpreendida.

-Toma. - William dá-me outra arma e munições - deita fora a tua outra arma. Já está podre e cheia de pó. Provavelmente nem o cano disso está limpo.

Olhei para a cara de William com ar de otária e disse: 

-É suposto limpar isso? Como se faz? 

Assim que disse isso, William pega em duas cadeiras que estávam na secretária e senta-se à minha frente. Pega na minha antiga arma e começa a desmontá-la, peça por peça, até ficar um monte de peças de puzzle miniatura à minha frente.

William começou por explicar-me como se montava uma arma. Explicou-me detalho por detalho, até eu ficar a perceber. Depois ensinou-me a limpar o cano da arma. Por fim, disse-me como se recarregava a arma sem correr o risco de a encravar. 

Os infetados começaram a bater na porta com a maior força que podiam para tentar entrar:

-Will? Will eles estão a conseguir entrar, e agora? 

William procura outra saída, mas infelizmente não havia saída traseira:

-Olive, não há saída. - disse William, agora com medo na voz.

-Meu deus. Tens algum plano? - disse eu.

-Ok... Talvez consígamos sair pela janela do 1º andar e sair por trás, pelo telhado

William pegou em mim ao colo e subiu as escadas para ser mais rápido. Senti-lhe os músculos a cederem por isso acabei por sair do seu colo. Chegámos à janela, William começou a tentar abri-la, estáva presa. Ouvi o som da porta a arrombar-se:

-Rápido, parte a janela com o martelo Will! - gritei.

Ao ouvir-me, William parte a janela e sai. Poucos segundos depois, nós já estávamos lá fora no telhado, e como havia montes de infetados, não conseguiam sair da janela com a confusão.

Saltámos da janela e começámos a correr, à medida que nos íamos afastando, a quantidade de infetados ia diminuindo. Ao longe vi uma tabuleta, mas não conseguia ver o que lá dizia.

Corremos o mais que podíamos. Quando chegámos lá lêmos a tabuleta: "Abrigo protegido para Este, acolhe-mos toda a gente. Sobreviventes poderão ter uma vida normal."

Olhámos um para o outro, parecia boa ideia. Começámos a caminhar para este, pelo meio da floresta. Uma nova aventura juntos.

Lágrimas De SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora