11º Capítulo

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  • Dedicado a Adriana Esteves
                                    

Sozinha... Nunca imaginei.
A Gwen ficou cheia de medo de mim e dos meus poderes (inúteis) e foi para a cidade, sozinha também. Nem um sinal de vida dela. Parece que tenho de esquecê-la, tal como todas as outras pessoas.
Decidi voltar. Voltar às minhas origens. Voltei para minha casa, onde tudo começou. Precisava de investigar tudo sobre a minha família, e acabei por descobrir coisas interessantes...
Para começar, descobri que a minha família não é bem minha família. Sim, eu sou, ou era, adotada. O meu pai biológico nunca foi um soldado militar. Ele e a minha mãe eram pacientes num Hóspital Psiquiátrico nas montanhas perto do Colorado. Talvez seja essa a resposta!

Preparei as minhas coisas, levei a minha câmera com luzes infravermelhas para poder ver no escuro, pois aposto que aquele hospício não é claríssimo!, peguei no carro que estava na garagem, num mapa, e pus-me a caminho.


30 HORAS
DEPOIS...

Só de olhar para este sítio, dá-me uns arrepios do diabo! Olho para um lado, vejo floresta, olho para outro lado, vejo mais floresta. Olho para a frente, vejo um predio enorme, assustador e macabro. "Bem, agora já não posso voltar para trás." - pensei.
A cada passo que ia dando, ia-me lamentando por ter tido esta ideia e ia rezando a todos os Deuses existentes neste mundo para que nada de mal me acontecesse lá dentro.
Ao fundo, via uma janela. Foquei-me nela durante uns segundos, até que ouvi um grito. Dei um salto para trás com o susto. Nessa mesma janela vi um homem. Mas não parecia um homem, nem um infetado. Talvez a junção dos dois. Cada vez ficava mais assustada.
Corri até à porta principal. Curiosamente, estava aberta, por isso foi facílimo entrar lá. "Oh meu Deus, nunca pensei que fosse assim tão facil", pensei.
O interior da entrada era grande. Tal como todos os hospitais, tinha uma receção, uma secretaria e uma sala de espera, mas havia uma grande diferença entre os outros hospitais: neste hospital a entrada estava cheia de pessoas mutiladas. Umas sem dedos, outras sem pernas, outras até sem cabeça!
Comecei a achar estranho não ter visto nenhum infetado até agora, e ainda muito menos dentro de um prédio cheio de gente morta!
O cheiro dentro daquela entrada já me dava náuseas, os barulhos que o chão fazia ao caminhar dáva-me arrepios. Tinha vontade de vomitar naquele momento, mas engoli e continuei caminho.
Fui à secretaria. Estavam lá mais uns quantos corpos, ora deitados no chão, ora sentados numa cadeira à frente de um computador todo partido. Em cima duma dessas secretárias, encontrava-se um papel. Comecei a lê-lo:

27 de Dezembro, 2007

"Não te acreditarias se to dissesse. Ninguém acreditaria na loucura que se passa neste lugar. Só trabalho aqui há uma semana. Sou um estagiário nesta empresa, mas já assisti a muito mais do que estava disposto a assistir. Pessoas doentes, torturadas, mutiladas até mais não. Cabeças penduradas como se fossem garrafas alinhadas num bar. Pacientes a torturarem pacientes. Doutores psico-maníacos a torturarem os seus pacientes. Pacientes a torturarem os seus Doutores, ou apenas a entarem fugir deles.
Entrei em contacto contigo pois sei que és um ótimo detetive, e, acima de tudo, um ótimo repórter! Isto precisa de ser exposto. Isto precisa de ser parado!
Só consigo dizer uma coisa depois do que vi: Que deus me ajude!"

Ethan Maket

- O que ele não esperava é que esta mensagem não fosse entregue. Sorte a dele que estou aqui eu. Ou azar o meu...
Continuei o meu caminho. Havia uma porta ao fundo da secretaria. Ao abri-la senti uma corrente de ar. Havia uma janela aberta e, infelizmente, esse era o único caminho. Pendurei me na viga e comecei a caminhar encostada sempre à parede. Embora a altura fosse muito baixa, fazia-me impressão pois tenho vertigens.
Entrei outra vez, mas desta vez estava numa casa de banho. Bem, aquilo já não era mais uma casa de banho. A sanita estava entupida por uma cabeça. "Nojento!", pensei.
Ao sair da casa de banho havia outra porta para a sala de controlo, mas essa porta estava trancada. Tinha de encontrar a chave.
O único caminho para além da porta trancada, era para os quartos. Fui para lá. Por sorte, a porta estava aberta, e foi fácil entrar lá. Comecei a investigar todos os quartos.
O primeiro quarto estava vazio. O segundo tinha uma carta. Abri-a e comecei a ler:

9 de Janeiro de 2008

"Nome do paciente: Patrick Weigner
Estado: Saudável
Tratamento necessário: Amputamento do braço esquerdo. Talvez do direito também.
Doutor Encarregue: Dilman Rocket"

-Mas que porra é esta? - disse eu, aterrorizada com o que acabava de ler.
Pousei a carta na mesa de cabeceira do quarto, e, quando me virei, a porta fechou-se sozinha. Logo a seguir, algo ou alguém começa a "martelar" a porta com muita força, como se a quisessem arrombar.
"Oh merda! Pensa, Olive, pensa!"
Olhei à minha volta, e, passados alguns segundos, pensei:
"Sim! Debaixo da cama. Perfeito!"
Nesse instante, deito-me no chão e meto-me debaixo da cama do quarto. Continuava a ouvir e a ver a porta a ser arrombada. Esperei, até que finalmente a porta cedeu, e saiu de lá uma... Uma coisa. Tinha olhos pretos, era gorda, tinha cabelo até aos pés, alta, e, pior de tudo, estava cheia de sangue.
Tentei conter-me para não fazer barulho, respirei muito devagarinho, sem fazer nenhum ruído, para não ser detetada. A última coisa que queria era aquela coisa atrás de mim.
Passados uns trinta segundos, a criatura nojenta foi-se embora. Saí de baixo da cama, com muito cuidado, e, quando me levantei, comecei a andar devagarinho, para o chão não ranger. Não havia sinal daquela coisa. Olhei para o chão, e para minha surpresa, encontrava-se lá uma chave.
-Será que é esta a chave? - disse eu, a sussurar. - Bem. Só há uma maneira de descobrir.
Peguei nela, virei-me de costas, e quase tive um ataque cardíaco. Ele, ou ela, estava atrás de mim. Comecei a correr, e o meu coração começou a ficar acelerado. Enquanto fugia, ouvia os rugidos enervantes e esganiçados da criatura, cada vez mais proximos. Quando cheguei à porta da sala de controlo, meti a chave na fechadura, e rezei para que fosse a chave correta. Para grande sorte minha, esta era a chave que precisava. Era uma questão de milésimas de segundo para aquele bicho entrar na sala de controlo comigo, mas eu consegui fechar e trancar a porta com um pouco de antecedência.
Deitei-me no chão, encostada à porta. Respirei fundo. "Que alívio", pensei.
Na sala de controlo existia tudo. Câmeras de todo o hospício, computadores, e, o mais importante para isto tudo, existia energia! Pela primeira vez nestes meses todos eu vi energia neste mundo. Liguei o computador, para ver o que tinha lá dentro. Tecnicamente, só haviam pastas com ficheiros de pessoas aleatórias, provavelmente pacientes, que iam ser ou decapitados ou mesmo mortos, por esse tal "doutor" Dilman Rocket, daquela carta que tinha lido à bocado.
-Doutor Rocket... Esse britânico de merda. Destruiu-nos a todos, fez-nos experiências, porque ninguém quer saber de uns pares de loucos num hospital.
Dei um salto para trás quando ouvi isto. Um homem, todo mutilado, sem um olho e sem um dedo, encontrava-se escondido no armário da sala de controlo. A sua cara mostrava tristesa e angústia. Parecia mais simpático do que aquele bicho gordo, também por que não começou a rosnar nem a arrombar alguma coisa.
-O que aconteceu? - perguntei eu, na minha inocência.
Ele explicou que este sítio já está abandonado há alguns anos, desde que este "apocalipse" começou, e os federais ficaram a cuidar deste local. Também me contou que há um espírito que assombra este hospício desde o início do século XIX, intitulado como o "Devorator", e que os malucos que estão neste lugar estão a tentar "obedecer" e agradar o seu Deus. Isto explica toda a loucura existente neste sítio.
Abandonei a sala de controlo. Ao atravessar o corredor principal, deparo-me com aquela criatura, que me preseguira há bocado, morta. Terá sido obra do "Devorator"? Não sei. Só sei que me sinto diferente desde que cheguei a este lugar...

Desculpem pela demora na publicação deste capítulo. Gostam da nova aventura de Olive? Podem dar a vossa opinião nos comentários! Muito obrigado pelo apoio. Até ao próximo capítulo! :)

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