5º Capítulo

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  • Dedicado a Joana Almeida
                                    

O sol já se estava a pôr, os pássaros cantarolavam, ouvia-se todos os sons da natureza:

-Isto está calmo de mais. - afirmei eu. 

-Secalhar já estamos perto do abrigo, e esta área deve ser limpa regularemente. - disse William.

-Espero bem que isso seja verdade... Estou a ficar muito cansada, já não como há 6 horas, e fomos atacados por infetados já mais de 5 vezes. Este dia não podia correr pior pois não? - digo eu, passando a mão pela testa suada, e de seguida lavando a cara com água fria. 

Continuámos a andar. Passámos por um lindo vale cheio de rosas, e no meio desse vale havia um grande rio:

-Anda Olive, podemos encher outra vez a garrafa de água. - William encheu a minha garrafa primeiro, entregou-ma e sorriu para mim, e de seguida beijou-me os lábios com delicadeza como se fosse uma peça de diamante preciosa.

-Amo-te Olive. -disse William - vamos ser finalmente felizes naquele abrigo, ser uma família.

Ao princípio fiquei a olhar para ele com cara de confusa, mas depois entendi. Ele queria ter família comigo, ter filhos. Não sei se estava preparada. Só tinha 16 anos, prestes a fazer 17, e ele já tinha 18. "O amor não escolhe idades" não é assim? Pois. Mas nestas condições miseráveis, como é que alguém poderia ter um filho? Não há hospitais, medicos, cirugiões, parteiros, não há nada! O mundo ficou mais perdido do que uma agulha num palheiro. Morreu, ficou doente, uma doença sem cura.

No meio deste pensamento, a voz de William fura os meus ouvidos:

-Temos de continuar o caminho Olive. - disse ele sorrindo.

Caminhá-mos mais uma meia hora, apreciando cada paisagem que víamos, tivesse ela destruída ou não. 

Enquanto eu estava perdida no meu mundo imaginário a pensar, William interrompe mais uma vez:

-Olive! Estou a ver! Olha! - disse ele, apontando.

A área era grande, tinha edifícios que iam dos dois aos três andares, e eram divididos em blocos. A estrutura era organizada e tinham guardas por todo o lado. Um deles abriu-nos o grande portão, de entrada e falou para nós:

-Estão armados? - questionou o guarda.

-Sim. - respondi eu. - decidi ser honesta, não sei porquê. 

Os guardas à volta dele começaram a revistar-nos os bolsos e mochilas, e tiraram-nos as armas e munições. 

Logo a seguir, um guarda leva-nos ao seu chefe, para que ele possa falar connosco:

-Desculpem este começo, eu sei que agora ou estás protegido ou morres, mas precisamos de tempo para confiar em vocês e vos devolver as armas. Mas, entretanto... Bem vindo ao abrigo dos sentinelas! - o chefe levanta-se da cadeira onde estava sentado - Ah! Desculpem as minhas maneiras. Eu sou o Luis (ele era alto, um bocado forte, tinha olhos castanhos e tinha sotaque francês)

-Eu sou a Olive e este é o meu namorado, o William. - disse isto com um sorriso na cara.

-Prazer em conhecer-vos. - Luis pega em 3 copos e numa garrafa de vinho, serve os três e dá-nos.

-Desculpe Luis, mas eu não bebo. - disse eu, com a voz baixinha. 

-Desculpe-me a mim, mademoiselle, mas não tenho mais nada para beber... - disse ele com algum arrependimento.

-Não faz mal, eu bebo água monsieur. - tentei imitar o sotaque, mas acabei por fazer pior, maldito francês!

Luis, logo a seguir à sua "festa de boas vindas", leva-nos a dar um passeio pela vila. Era uma área ligeiramente menor que a cidade de onde vim anterioremente, mas as condições eram as mesmas. Quando Luis se despediu de nós, levou-nos para o nosso quarto, e deu-nos algumas roupas. Por fim deu-nos uns walkie-talkies para podermos contactar o chefe ou os guardas sempre que precisássemos. Já nem me lembrava como é que aquilo funcionava, dei grandes gargalhadas a tentar ver como aquilo funcionava com o William, ele não entendia nada daquilo! 

À noite, fomos os dois para a mesma cama, embora houvesse duas camas no quarto. William deu-me um beijo e disse. 

-Boa noite, mais um dia de muitos contigo, princesa.

Eu sorri, e logo a seguir adormeci.

Acordei muito tarde, pelo que o dia já estáva muito claro, e já se sentia o calor do verão. Quando olhei para o lado, reparei que William já tinha saído. 

Saí do meu bloco, via os mercados, pequenos espaços onde havia muita fruta, carne, kits de primeiro-socorro, armas, e muitas outras coisas. Era uma "cidade" de sonho.

Com tantas distrações, esqueci-me que tinha uma maneira de contactar imediatamente com William: o walkie-talkie. Peguei nele e mudei a frequência para a do William, depois perguntei:

-Will? onde estás? 

Ao início só ouvia o som da intreferência, mas depois uma voz rouca fez-se ouvir:

-Olive? Sou eu, o Will, eu estou a caçar com o Luis. Não te preocupes. - Will disse isto com uma voz de medo. 

-Will, passasse algo? - perguntei preocupada.

Ouve-se um estrondo e o sinal do walkie-talkie para.

-Will? Will? Merda. O que aconteceu? - disse eu, em pânico.

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