-Acorda, sua peste. Acorda. - A voz era grossa e clara, no entanto não conseguia responder, era como se estivesse paralizada. -Não me estás a ouvir? Acorda, cabra!
-Acorda Olive... Acorda... - era aquela voz outra vez. Por mais estranho que pareça, acordei com aquela voz na minha cabeça.
Quando acordei, senti-me desnorteada. Estava com uma horrível dor de cabeça, e não sabia onde estava.
A sala era pequena, tinha apenas uma porta, e duas janelas, e eu estava algemada:
-Ah? Onde estou eu? E a Gwen? Onde é que ela está?
-Ela está bem, não tens de te preocupar com isso agora. Isso não interessa.
-O que é que querem de nós?
-Dela não quero nada, mas de ti... Hum... Tens uma coisa que nos é interessante.
-O quê? - perguntei eu, boquiaberta.
-Esse teu colar ao teu peito... Dá-mo, e talvez ainda consideremos deixar-te ir viva.
O colar era da minha avó, mas foi a minha mãe que mo deu... Ela disse que se tratava de uma tradiçao de família, e que não queria que isso acabasse. Para mim o colar não significava muito, mas porque raio é que ele o queria?
-Mas que raio? Para que é que querem este colar? - cada vez ficava mais confusa.
-Hum... Digamos que o teu colar tem "poderes" que nos interessam... - fiquei boquiaberta, que raio de poderes é que eles estariam a falar...?
À medida que ia tirando o colar do pescoço, comecei a sentir tonturas, o meu corpo quase que levitava, e sentia-me frágil, como se estivesse prestes a morrer.
Comecei a ouvir aquela voz: "O quê? Não! O que fizeste? Não tires o colar! Não o tires!". Não estava a perceber nada do que para ali tinha acontecido. Tentei falar, mas uma força impedia-me de o fazer.
Comecei a ver tudo preto, e comecei a sonhar...
"Acordei" numa casa de banho, toda suja, cheia de sangue. Senti um vómito a subir-me para a boca, mas engoli-o. Logo de seguida, levantei-me, sentia-me fraca, por isso tive de me apoiar no lavatório. A minha frente, havia um espelho. Fiquei a olhar para ele, a examinar cada detalhe da minha face, e aproveitei e lavei a cara com água. Quando levantei a cabeça para cima novamente, reparei que estava uma menina atrás de mim. Cabelos pretos, cara bonita, no entanto estragada, toda rasgada e cheia de sangue. Deu-me um susto que até caí ao chão.
Logo de seguida, comecei a ouvir vozes... As mesmas vozes que ouço quase todos os dias... "Olive, sou eu! Viste-me? Sou a menina do espelho! Estou à tua espera... Vem me salvar! Por favor!" - aquela voz soava desesperada, e até me fez um arrepio na espinha... Quem seria ela? E onde é que eu estou? "Isto é tudo muito esquisito... De repente , num abrir e fechar de olhos, estou numa casa velha e abandonada... É melhor investigar melhor isto... Talvez encontre pistas de onde estarei."
Saí da casa de banho. O chão rangia de eu caminhar nele, e a noite já batia à porta. Havia um corredor sombrio, e nele haviam três portas. Entrei na primeira. era um quarto, com uma secretária ao fundo. Fui até ela, e havia lá um papel, que comecei a ler:
"Eram seis criaturas. Seis monstros. Não sei o que me deu, fui enfrentá-los, e fui mordida. Fiquei desesperada. Não sabia o que fazer... Decidi esconder tudo da minha mãe, não a queria preocupar... Fechei-me no quarto, e peguei nas minhas facas. Agarrei-as firmemente, e num ápice, espetei-as no meu cérebro. Vi tudo preto, até que uma luz ao fundo do túnel escuro que se atravessava diante mim se fez ver. Comecei a correr para ela. Corri, corri e corri... mas nada... Sentia-me confusa. No entanto, essa luz foi ficando cada vez mais perto de mim. Até que ouvi o som de uma explosão. Senti o meu corpo as voltas, com um vento fortíssimo a bater-me na cara, e caí no chão, como se fosse apenas tudo um sonho... Mas não, aquilo tudo foi muito real. Rescuscitei! Não sei como foi possível, mas foi o que aconteceu... Foi tudo muito rápido... Acordei num sítio muito assustador... Parece um santuário antigo..."
-Mas que raio... - disse eu.
Continuei o meu caminho, fui ao segundo quarto. Era tudo muito parecido, no entanto naquele não havia nenhuma carta... Talvez houvesse no terceiro.
Fui ao terceiro quarto, e ao contrário do segundo tinha uma carta:
"Este é o melhor dia da minha vida, a minha mãe teve uma filha! Ainda estou chocada! Ela é um amor, muito doce, muito calminha, quase não chora. Muito linda. Amo-te muito Olive."
Fiquei de boca aberta... Olive? Eu tenho uma irmã? "Oh meu deus..."
Logo a seguir, ouço uma voz: "Eu avisei-te...".
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Lágrimas De Sangue
PertualanganOlive é uma rapariga com 16 anos que vivia uma vida normal, andava numa escola e tinha alguns amigos. Um dia, uma epidemia arrasa com mais de metade da América, e Olive é obrigada a abandonar a sua terra natal, e aventurar-se naquele mundo, agora de...