quatro

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— Boa noite, querido. Feliz aniversário. — mamãe deu-me um beijo na bochecha, antes de marchar para seu quarto no outro andar.

— Boa noite. — falei baixinho, mesmo não vendo a mulher.

— Psss. Psssiu.

Levantei minha cabeça do travesseiro rapidamente, olhando ao meu redor.

Nada.

Mais uma vez o chamado se fez presente. Franzi o cenho, ainda procurando algum sinal de vida além da minha no quarto. Estava tudo escuro, o que me fez ter calafrios de medo. Cobri meu rosto com o cobertor, deixando apenas meus olhos de fora.

— Aqui! — olhei rapidamente para a janela, levando um susto ao ver um par de olhos me observando.

A janela. Aberta.

— Quem é? — minha voz saiu trêmula. Logo, o visitante mostrou-se, entrando subitamente no quarto.

— Você acha que sua mãe já está dormindo?

Não o respondi. Estava pasmo demais para falar algo.

Ele estava exatamente igual àquela noite, com suas roupas verdes, seu cabelos castanhos bagunçados... E, claro, seu sorriso de coelho.

Não poderia ser. O mesmo sonho? Três anos depois?

Pisquei algumas vezes, mas o menino continuava lá, parado, me olhando como se eu estivesse louco.

Nem sequer lembrava de ter dormido ainda, como já estava sonhando? Me belisquei, mas foi inútil, continuei no sonho.

Jungkook ainda estava lá.

Resolvi não o responder. Fingi que nada estava acontecendo. Dei algumas batidinhas em meu travesseiro, deitando minha cabeça novamente no objeto, fechando os olhos e cobrindo todo meu corpo com o edredom.

— Ei! Eu estou falando com você.

— Não, você não está. Eu estou sonhando. Você é um sonho, e eu não devo ficar conversando com você. — falei calmamente, com um sorriso tranquilo no rosto.

— Eu? Um sonho? Tudo bem, eu sei que eu sou lindo e tudo mais, mas, olhe, eu não sou um sonho. Pet-Jungkook, lembra?

— Óbvio que eu lembro, peter pan. — falei seu nome com deboche. Abri os olhos rapidamente, e percebi que ele havia chegado mais perto da cama.

— Isso! E você, Seokjin. Viu? Também lembro de você. Estava por aqui perto e resolvi passar aqui. Faz um tempo, certo?

— Sim. — respondi seco, fechando os olhos novamente, começando a cantarolar uma música de ninar e imaginar carneirinhos pulando cercas.

— Você está tão chato. Por que não acredita que eu existo, se estou bem na sua frente? — abri os olhos e semi-cerrei-os, lhe analisando. Parecia tão real. — O que aconteceu com você? — indagou baixinho, com o olhar triste me fitando.

— Não aconteceu nada comigo, só não quero ser um menino bobo que acredita que existe um lugar chamado terra do nunca e que um menino pode voar com a ajuda de uma fada. — explodi, furioso, caminhando rapidamente até ficar perto do garoto. Jungkook parecia triste e decepcionado, seu olhar poderia dizer isso. — Eu cresci.

— Foi isso. Você cresceu. Foi isso que aconteceu. Aconteceu o que sempre acontece. Quantos anos você tem agora?

— Treze.

— Então, para você, a terra do nunca não existe e assim como eu, ela não passa de um sonho?

— Isso. Ah, e também aquela sua fadinha e seu pozinho mágico. Tudo coisa da minha cabeça. Sabe, eu até que sou bem criativo, não acha?

— Você realmente acredita nisso, Seokjin? Então deixe-me lhe mostrar o contrário. A verdade.

O olhei com a testa franzida, sem entender aonde o mesmo queria chegar.

— Vamos para a terra do nunca, Jin.

🌙

cap fav da mamae faz assim meu bebe😻😋

Peter Pan ➸ Ksj+Jjk [hiatus]Onde histórias criam vida. Descubra agora