Capítulo 2

68 19 90
                                    

Quando eu era pequena, todas as noites escuras e ventosas me assustavam. Minha mãe, como toda mãe amorosa, me fazia companhia durante horas até eu finalmente pegar no sono. Eu tinha medo do escuro, de bichos da noite, mas nunca pensei que esses seriam uma piada em comparação aos meus medos do futuro.

Acordo sobressaltada, eu olho em volta e tudo aquilo não era apenas um sonho ruim, era realidade e essa realidade me assusta. Eu me sento na cama e olho em volta, aquele quarto escuro, onde havia apenas uma pequena janela, não havia luz, água, nada, muito menos um banheiro. Eu respiro fundo voltando a me deitar e encaro aquele teto com uma lâmpada quadrada.
O que foi que eu fiz para merecer isso? Eu sempre tentei ser uma boa filha, mesmo não tendo tido uma infância dos sonhos, eu me esforçava em dar orgulho aos meus pais. Por que isso não foi o suficiente? Meu pai não me amava?
Eu deixo algumas lágrimas caírem, eu fui tão tola em acreditar que ele nunca me colocaria em risco. Mesmo vendo ele ser um monstro com a mamãe, eu nunca imaginei que ele seria o mesmo comigo até mesmo depois de morto.

Eu escuto passos no corredor e me encolho na cama. Será que é aquele homem cruel novamente? Eu não quero vê-lo outra vez. A porta range e abre lentamente, era apenas uma mulher, na verdade uma menina. Ela parecia não ter mais do que uns dez anos, ela me dá um meio sorriso e entra calmamente com um sanduíche em mãos e um copo de suco.

— Olá.— Ela da um meio sorriso pondo o pequeno lanche na cama para que eu pegasse

— Oi.— A encaro

— Por favor, coma rápido. Eles não podem me ver aqui.— A garotinha me dá um pequeno sorriso

— Qual é o seu nome ?.— Começo a comer o sanduíche que ela havia me trago, aquilo estava muito bom e eu comia rápido para não mete-la em confusão

— Jazmyn e o seu?. — Ela me encara atenta

— Angeline. O que você faz aqui princesa?.— A encaro terminando de comer

— Eu vim te trazer um sanduíche, imaginei que tivesse fome.— Ela dá um meio sorriso.— Agora eu tenho que ir, Angeline. Posso levar o copo? Não podem saber que fugi do meu quarto e vim aqui

— Aquele garoto te sequestrou também ? Vai lá, cuidado

— Meu irmão não gosta que eu saia do quarto durante a noite.— Ela nega com a cabeça e pega meu copo vazio, ela me dá um beijo na bochecha e sai devagar fechando a porta em silêncio.

Ele tinha uma irmã? Ela é tão doce,simpática e linda. Por que ele não pode ser igual a ela? Simpático, pensar um pouco sobre me manter aqui, eu tinha a minha mãe, a minha única família, a dívida não era nossa, era do meu pai. Por que ele não prendeu o meu pai aqui dentro? Eu o amo, mas eu não quero ter que sofrer aqui dentro por coisas que ele fez no passado. Eu tenho que arrumar um jeito de sair, um jeito de conseguir esse dinheiro pra livrar eu e a minha mãe dele e de qualquer outra dívida.

Após uma noite conturbada e um dia em total silêncio sem o aparecimento de absolutamente ninguém, quando a noite caiu, entra uma mulher com um vestido curto vermelho, com uma maquiagem forte no rosto e de salto.

— Levanta, o chefe mandou você se arrumar

— O que ele quer comigo?.— Eu a encaro.

— Trabalhar, você pensa que está aqui de férias?.— Gargalha vindo até mim e me puxa me fazendo sentar

— Trabalhar?.— Eu me levanto devagar, estava me sentindo um pouco fraca, acho que se não fosse o sanduíche que a menininha me deu eu nem em pé conseguiria estar nesse momento

— Sim. Anda, tome o seu banho antes que ele venha aqui e faça algo com você. Vou separar uma roupa e te arrumar do jeito que o chefinho gosta.— Ela sorriu

No More BetsOnde histórias criam vida. Descubra agora