Capítulo 6 - A Morte

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Já passaram 3 dias desde a morte da minha avó. Ainda não consegui pensar sobre o assunto. Tenho faltado às aulas. O Jungkook todos os dias vem me ver ao Salgueiro.
Estou novamente no Salgueiro, desta vez sozinho. Finalmente tive cabeça para Pensar sobre este assunto que é a Morte. Não percebo. Não percebo porque temos de morrer. Não percebo porque quando parte alguém que amamos nós sofremos. Também não percebo o porquê das lágrimas serem uma forma de expulsar os sentimentos. Não percebo nada! Hoje não percebo nada. Rigorosamente nada! Que raiva, pá! A culpa disto, a culpa disto é do Amor! Sim! É isso! O Amor! Se eu não amasse a minha avó não passaria por isto. O Amor é visto como algo bom, maravilhoso que causa borboletas na barriga, que nos faz corar, que nos aproxima de alguém, faz-nos fazer as coisas mais parvas do mundo, porém faz-nos sofrer! Sofrer quando não é correspondido, quando a pessoa que amamos nos faz mal, ou pior ainda, quando ela morre, como a minha avó. Por que é que existe a morte? Na Bíblia fala no pecado de Adão e Eva. O meu pai diz que não. O meu pai, como já referi antes, acredita no Destino. Segundo ele, morremos porque o Destino, o nosso Destino, já não tem capacidade para traçar algo. Morremos quando temos todos os nossos problemas resolvidos. Ele até me deu o exemplo de que um senhor na aldeia onde ele nasceu não morreu enquanto não perdoou o filho. O homem expulsou-o de casa por o filho ter casado com uma Muggle. O velhote viveu por 150 anos. O filho veio falar com ele no dia de anos e o pai perdoou-o e nesse instante morreu, com um sorriso no rosto, tinha concretizado tudo o que pretendia na sua vida. É interessante pensar nisto. A minha avó tinha a vida resolvida, penso que não havia ninguém a quem ela quisesse pedir desculpa, ou alguém que lhe devesse tal pedido. Nesses casos, diz o meu pai, a morte acontece por saturação do Destino que não consegue mais traçar algo para nós continuarmos no mundo. Eu encaro a morte como algo natural, porém ela vem carregada de angústia, de sofrimento, dor, escuridão, tudo de mau! Eu sou uma pessoa só. Não posso voltar para casa para estar com a minha mãe que deve estar a sofrer bastante com a morte da sua mãe. O meu pai adorava a sogra dele. Eu amava a minha avó. Não sei como os vou encarar no Natal, todos juntos e aquela cadeira vazia, perdemos todos um pedaço de nós com a partida desta mulher. Estou novamente a chorar. Vou ter saudades dela, saudades do sorriso dela, do toque das suas mãos frias na tentativa de aquecermos os nossos corpos. Vou sentir tanto a tua falta, avó.

- Jimin. - Ouço a voz do Jungkook e olho para cima. - Estás a chorar outra vez?

Ele senta-se ao meu lado.

- Não te podes deixar levar por esses pensamentos, Jimin. - Diz ele.

- Jungkook, é difícil. - Encosto-me ao ombro dele a chorar. - Não queiras nunca sentir isto, Jungkook.

- Já senti. Bastantes vezes. - Ele beija-me a cabeça. - Vais ficar bem. Sabes, agora ela está num sítio melhor. Quem sabe se ela não decidiu tornar-se fantasma e fica aqui em Hogwarts a olhar por ti?

- Ela não faria isso. Ela detestou estar aqui. Não vale a pena. Ela não tinha nada por resolver, não se tornará um fantasma. - Digo.

- Jimin, é a lei da vida. Não podemos fazer nada. Foi o Destino que assim o quis, não é? - Ele levanta-me a cabeça com a mão. Agarra-me no queixo e olha-me nos olhos. Com a outra mão limpa-me as lágrimas. - Não te quero ver assim, ok?

- Sim, Jungkook. - Acalmo-me um pouco e abraço-o. - Obrigado por estares sempre comigo nestes momentos. Nunca pensei que ficássemos amigos assim tão de repente.

- Eu li a carta, Jimin. - Ele larga-me e olha-me diretamente. - Eu li a carta, vi o que o teu pai te disse.

Eu fiquei com as ditas "borboletas na barriga" e engoli em seco. Que vem daí?

- Que tem a carta? - Digo nervoso e paro de chorar.

- Eu sou novo, mas não sou parvo. Percebi logo desde o primeiro dia que eras especial, eras diferente, que há em ti algo que me desperta a atenção. - Diz ele.

The WandWhere stories live. Discover now