Capítulo 4 - Torre das Corujas

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Hoje é terça feira. Juro que não dormi bem. A noite foi estranha. Tive vários pesadelos e num deles o Jungkook falou mal comigo. Senti o pescoço apertado, não me mexia, tinha o corpo duro e fiquei sem ar. Acordei em sobressalto. Por sorte ninguém acordou. Mas já passou. Vou levar a carta à Torre das Corujas e depois vou ter a primeira aula do dia. Penso que seja Transfiguração. O Sehun hoje dorme descansado. Tenho pena dele. Que maldade. Ele não fala com ninguém. Por vezes, quero muito que ele desabafe comigo, ou não obtenho resposta ou ele diz que não quer falar do assunto. Sinceramente, já pensei em desistir de o ajudar, mas não consigo. A minha mãe diz que o sentimento de termos conseguido ajudar uma pessoa é fantástico. É fantástico porque quando vemos que a pessoa está feliz por nossa causa, ficamos ainda mais felizes. Eu queria sentir isso. Mas não consigo. A minha avó diz que não vale a pena ajudar quem não quer ser ajudado. É como um drogado, se ele não se aperceber do mal que está a fazer a ele próprio, ninguém o vai conseguir ajudar. É pena. O Sehun não é drogado, mas é um rapaz com bastante potencial como feiticeiro. É filho de Muggles sim e daí? Qual é o mal? Por vezes não consigo compreender como é que ele ainda consegue ter coragem para aguentar outro dia. Ele que sofre tanto. Chora tanto, sofre tanto. Onde estarão os pais dele? Nunca ouvi ele falar nisso. A única vez que falei com ele durante um grande período de tempo foi sobre o trabalho de casa, que tinha de ser feito a pares e eu fiquei logo com ele porque sabia que ninguém o ia escolher. Ele é tão inteligente! Eu contei aos meus pais a situação dele. Eles disseram para eu tentar ajudá-lo sempre que necessário. Mas ontem não consegui. Ele acordou.

- Sehun. - Sussuro. - Queres vir comigo à Torre das Corujas? Tenho uma carta para enviar e gostava de ter companhia.

Ele olha para mim. Vi que os seus olhos estão cansados. Vi que os seus olhos estão tristes. Vi no rosto dele um rapaz que sofre a cada dia que passa.

- Obrigado, Jimin. - Ele diz calmo. - Mas tenho de recusar. Não posso ir.

- Está tudo bem contigo? - Olho-o.

- Sim, não te preocupes. - Ele deu um sorriso forçado e voltou a deitar-se.

Prefiro não me meter mais neste assunto. Prefiro ficar neutro. Talvez um dia o consiga levar a algum lado e tentar fazê-lo rir, pelo menos um pouco.

Vesti-me e fui entregar a carta a uma coruja. No caminho vejo alguns casais. Esta deve ser a hora em que eles se juntam para namorar em paz sem ninguém se aperceber. O amor é uma coisa bonita. Li um livro Muggle e dizia que "Amor é fogo que arde sem se ver. É ferida que dói e não se sente". De facto é. O amor é um sentimento que não sabemos viver sem. Começa tudo pelo amor da mãe e do pai. O amor que nos molda, o amor que nos ensina a amar. A minha avó sempre que disse que quem tem uma boa mãe, tem um bom filho. Ela diz que com as nossas mães aprendemos a amar os outros. Iremos amar os outros da mesma forma que a nossa mãe nos amou. Eu penso igual. O amor que os meus pais, não só a minha mãe, eu dou aos outros da mesma forma. Ando sempre com um sorriso na cara, ensinaram-me que nunca me devo deixar ser enganado. Eu tento seguir tudo que eles me ensinaram e penso que tenho estado a conseguir fazê-lo.

Ao fim de uns minutos chego à Torre. Está vazia. São sete da manhã, as aulas começam às 10. Nem sei porque faço isto tão cedo. Subo as escadas e chego por fim ao cimo da Torre onde está um bando de corujas enorme. Esperam ansiosamente que alguém lhes dê uma carta para levarem. Eu tenho a minha própria Coruja. Chama-se Nox, porque é escura. 

- Olá bebé! - Digo para ela.

A Nox começa a piar e a bater as asas. Eu tiro-lhe a corrente e enrolo a carta na pata dela.

- É para os pais. - Digo-lhe. Ela sobe para o meu ombro e eu faço-lhe um carinho na cabeça.

Ela voa. Voa rumo à minha casa onde estarão os meus pais que responderão com a maior das alegrias. Enquanto viaa Nox voar pelos céus vejo uma imensa escuridão. Alguém tapou-me os olhos. Mexo a cara na tentativa de descobrir quem é.

The WandWhere stories live. Discover now