Capítulo XV-- Tem algo estranho me sondando

123 15 9
                                    

  Depois de me recuperar um pouco mais fui para o vestiário me trocar, quando sai Dak-ho estava apoiado na parede me esperando, já com suas roupas normais, seus olhos puxados acompanhavam a confusão que estava dentro da piscina.
  -Você devia ter entrado no jogo. -digo sabendo o quando ele gosta de jogar.
  -Vamos. -sua voz é firme e autoritária, ele sai com passos rápidos do ginásio.  
 -Você acha que eu estava fingindo como a Alanis disse? -pergunto tentando acompanha-lo. 
 -Não sei, mas acho que não. Tem algo que eu não sei explicar. -ele para bruscamente na porta do dormitório masculino e me puxa com ele para dentro.
 -Aonde você está me levando? -pergunto assustada com sua atitude.
-Estamos procurando o Morgan, três pensam melhor que dois.
 Subimos dois lances de escadas, ou melhor, Dak-ho foi me arrastando. Minha respiração já estava ofegante, as piores coisas acontecem com os sedentários, não é mesmo? Finalmente ele para em uma porta, primeiro tenta a fechadura, mas ela está trancada, então ele bate três vezes.
  -Cara, abre ai, precisamos falar sobre a Amy.
  -Não enche, Matt já passou na sua frente. -a voz abafada de Morgan fala do outro lado da porta.
  -É sério, não tenho nada haver com Matt, abre essa porta, Morgan.
  -O que você quer então? -ele diz destrancando e abrindo a porta com violência.
  Sua cara parece está pegando fogo enquanto olha para Dak-ho, mas quando me vê sua expressão se transforma em duas coisas muito rápido: confusão e constrangimento. Morgan não vestia nada mais que uma short de dormir deixando todo o seu peito nu exposto com músculos que eu nem desconfiava que ele possuía.
  -Vai vesti alguma roupa, príncipe, nós três precisamos conversar e com sua beleza me distraindo vai ficar um pouco complicado. -Dak-ho diz enquanto Morgan fecha a porta.
  Escuto alguns barulhos do lado de dentro do quarto, Dak-ho parecia estar entediado ao meu lado, porque analisava suas unhas como se fossem a coisa mais interessante do lugar. Depois de uns dez minutos a porta se abre novamente e Morgan sai, vestindo seu jeans e camiseta casual.
  -Você devia ter avisado que ela estava com você. -ele diz.
  -Desde quando você é cheio de pudor? Não devia, você tem um belo físico.-Dak-ho diz e recomeça seus passos apressados.- Cara, eu não sou gay, mas se fosse, você seria meu crush, falo isso de coração.
  -Você é doente. -Morgan balança a cabeça um pouco envergonhado.
  -Não sou não, Amy concorda comigo, não é Amy? Pura sedução esse garoto.- ele diz e passa um braço sobre Morgan.
  Meu rosto cora rapidamente. É claro que eu repararei no seu corpo sem camisa, mas me constragia saber que Dak-ho percebera isso. Morgan é lindo de muitas formas, mas não é só isso, tem algo dentro dele que é como um imã que me puxa para perto, sei que é clichê, mas eu poderia passar horas só observando o formato do seu nariz, a curvatura dos seus cílios, o movimento da sua boca ao falar.
  -Ok, vou fingir que não estou vendo vocês ficando vermelhos. -ele diz quando chegamos em uma praça vazia. -Quase ninguém vem aqui por que é muito perto da casa dos professores.
  -Você quer parar de enrolar? O que está acontecendo? -Morgan se senta no banco mais próximo e nós nos juntamos a ele.
  -É isso que eu quero saber. A meia hora atrás eu não conseguia nem olhar na direção da Amy, eu odiava essa garota sem nem saber o porquê, mas de repente isso sumiu.
 -Espera, o quê? - eu digo e acrescento ironicamente: -Como você poderia odiar uma coisa maravilhosa como eu?
 -Ai está o problema, você não é nem um pouco maravilhosa, Amy.
 -Você nos chamou aqui para ofender ela na minha frente? -Morgan começa a se mexer no seu lugar enquanto Dak-ho tenta se explicar.
 -Não, ela é odiosa, bom, pelo menos era para mim. -ele diz e se vira para mim. - e eu acredito que aquelas pessoas que iam te deixar afogar tem essa mesma sensação. Como se todas as setas de ódio estivessem apontadas para você.
 -Afogar? O que aconteceu? 
 A pergunta de Morgan nos lembra que ele não está inteirado na história e contamos tudo o que se passou na aula de natação. Eu resolvi contar sobre minhas lembranças recém adquiridas  também, mas deixei de fora os apagões que estava tendo, Dak-ho já estava um pouco alterado, ele podia encarar isso como possessão demoníaca, e não me agrada muito a ideia de um ser do além habitando o meu corpo.
 -Acho que todo mundo aqui chegou na conclusão de que alguma coisa tá errada, né? Que não é noia da minha cabeça? -ele parecia vibrar com cada palavra enquanto Morgan apenas refletia sobre o assunto.
 A praça estava tão calma que quando nos calamos podíamos escutar o barulho do vento batendo nas folhas das árvores. Um som estranho sai de forma estridente do bolso da minha calça me lembrando que eu tinha um celular e assustando nós três, que estávamos tensos tentando pensar em alguma coisa.
  -Alô? -digo sem me dar ao trabalho de olhar o identificador de chamadas. Só há duas pessoas que me ligam: meu pai e minha mãe.
 -Parabéns pra você, nessa data queridaaaa. - as vozes dos dois se juntavam na canção.
 -Obrigada mãe, pai, nem eu estava lembrando. -digo quando eles acabam. Os dois meninos na minha frente me analisavam tentando saber o que estava acontecendo.
 -Oh, Amy, seu aniversário é no fim de semana!-minha mãe parece alegre ao falar.
 -Esse foi o jeito que sua mãe arrumou para te falar que nós vamos ir te ver. -meu pai diz e sussurra: -eu disse que não era bom a gente cantar parabéns!
 -E com o nosso acordo ainda de pé não vai demorar muito para você voltar para casa, querida. -minha mãe diz ignorando o xingamento do meu pai.
 -É legal vocês virem me visitar, mas não sei se eu vou querer ir por agora. -eu desvio meu olhar de Morgan quando falo. -Eu fiz amigos, apesar de parecer impossível. Talvez vocês conheçam eles quando vierem.
 -Sé-sério? - a voz da minha mãe sai tremida como se ela estivesse incerta de qual resposta dar.
 -Querida, nós vemos no fim de semana, o trabalho nós chama agora. -meu pai diz.
 -Ok... - a ligação finaliza antes que eu possa responder direito me deixando com dois garotos e uma grande questão: que merda era essa que estava acontecendo na minha vida?

Meu último abrigo (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora