Chapter XXVIII

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Katie estava a cada dia mais animada com o natal na casa da avó e esse talvez fosse o único motivo que fazia com que Addison se lembrasse de que dezembro havia chegado. Geralmente ela lembrava quando os dias começavam a esfriar e a neve começava a cair delicadamente sobre sua cabeça. Ela realmente sempre adorou aquela temporada. Amava caminhar pelo Central Park e ver que o verde do gramado havia sido substituído pelo branco dos flocos acumulado. Quando criança, ela costumava dizer que sua cor preferida era branco exatamente por esse motivo. Todos riam dela na escola e as professoras estranhavam, afinal, para a maioria das crianças, branco era cor de nada, e era exatamente assim que os colegas dela pensavam: "Branco não é cor". Mas para Addison Montgomery branco era a cor mais frequente em sua vida. Ela morava em uma casa gigante, quase que completamente clara; por vezes acompanhava o pai em seu trabalho, onde tudo era muito branco e limpo; gostava de apertar as teclas brancas do piano de caldas da sala; se imaginava, um dia, usando um jaleco branco para trabalhar como o pai; sua combinação preferida era um leite forte com biscoito de mel; seus momentos de diversão eram marcados pelos passeios que fazia com seu pai e irmão no barco da família; certa vez ganhou um cavalo branco, que era o seu preferido; adorava enterrar suas botas nas camadas grossas de gelo que se formavam no jardim de sua casa em Connecticut. Pra ela o branco não era uma cor neutra, pelo contrário, era a cor que absorvia todas as outras, que tinha som, cheiro, sabor... Era a cor que marcava a sua temporada favorita: o natal. Mas naquela ocasião ela não parecia está prestando tanta atenção no branco quanto nos anos anteriores.

Ela esperava que fosse diferente, que passar o natal com Mark e sua nova família fosse ser mais especial do que todos os natais, mas a ausência de Katie naquilo estava a deixando completamente aérea.

Na manhã daquele dia 15, ela levou Katie até a casa de Carolyn, como a menina pediu. Deixou seu cartão de créditos nas mãos da pequena, porque ela queria comprar os presentes daquele ano com a avó. Então ficou ali por alguns minutos, apenas sorrindo e assentindo para as pessoas, até que conseguisse se desvencilhar da insistência da filha e voltar pra casa. Não suportava a pressão que sentia quando estava no mesmo ambiente que a ex-sogra.

Quando chegou ao seu apartamento, a primeira coisa que perguntou, antes mesmo de jogar a bolsa e as chaves de lado, foi a localização de Mark e Ella. Após ter sido informada por uma das funcionárias do local, ela jogou os pertences de lado e andou em direção à cozinha, onde os dois se deliciavam em frente a um bolo de chocolate com muita calda. Mark estava sentado em um dos bancos altos em frente ao balcão ao meio do cômodo, enquanto Ella estava sentada à sua frente, sobre o balcão.

- Olha quem chegou! _ exclamou Mark, que deixou o garfo de lado e andou até a esposa para beijar o rosto dela.

- Aonde é que você estava? Saiu tão cedo. Eu ainda nem tinha acordado.

- Tive que levar a Katie lá na casa da Carolyn, ela quer fazer as compras de natal com a avó e o pai.

- Katie vai fazer as compras de natal sozinha? _ ele perguntou.

- Eu entreguei o meu cartão de créditos pra ela. Eu não sei como ela suporta ficar pra cima e pra baixo com a Carolyn.

Ele arqueou as sobrancelhas e voltou a sentar no lugar que ocupava.

- Esse bolo está uma delicia. Você deveria provar _ comentou voltando a comer sua fatia de bolo.

- Eu até provaria se conseguisse _ disse Addison puxando um dos bancos para sentar ao lado do marido e em frente à filha.

- Mas muito gostoso, mamãe _ disse Ella.

A menina estava com as extremidades da boca e as pontas dos dedos sujas com chocolate.

The pieces don't fit here anymore...Onde histórias criam vida. Descubra agora