Lu arraso parteee 3

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Última parte

Porque ser uma garota é isso: você é tachada de irracional, com gostos inúteis, que faz papel de boba na internet porque ousa gostar de alguma coisa com o mesmo vigor que aquele tio que não tira a blusa do time nem pra dormir. É considerada idiota e sem noção porque ousa colocar foto de artista coreano no perfil, apesar de muito macho barbudo por aí adorar uma foto preto e branca de diretor/escritor/filósofo/roqueiro no perfil. Tudo se resume à sua perversão, seu tesão ridículo por menino maquiado, mas a indústria bilionária que é a pornografia sendo totalmente direcionada aos homens faz total sentido, assim como fazem sentido as propagandas de cerveja com “a Verão”. Deus que me livre comprar vários CDs e posters de ídolo coreano, mas tá tudo bem se você colecionar action figure e gastar três vezes seu salário pra fazer uma pintura foda no carro. Imagina que absurdo você querer ficar na grade de um show de boyband — se pelo menos fosse show do AC/DC, ou do The Who, aí até que ia, né.

A culpa, no fim das contas, não é das fangirls. Por mais insanas que algumas delas sejam, a proporção de maçãs podres em cada fandom — aquelas que vão realmente à loucura e são um perigo pros outros — não é muito diferente da proporção em outros lugares. Futebol vira e mexe dá em morte, e muito se fala em resolver esse problema controlando torcidas organizadas, mas nunca em “acabar com o fanatismo”. Porque ser fanático por futebol é considerado normal e ninguém julga todos os apaixonados pelo time por causa daqueles três que mataram o torcedor do time adversário.
Apesar do debate enorme da direita sobre a tal “liberdade de expressão” hoje em dia, não precisa ser sociólogo com doutorado pra entender que sua liberdade acaba onde começa a do outro. Há uma diferença entre expressar uma opinião e expressar uma opinião que vai ferir alguém. Assim como há uma diferença entre ser contra o fanatismo exarcebado e ser contra fangirls. Afinal, como já diria a maravilhosa da Pitty, nossa alma é um buraco sem fundo que a gente vive tentando preencher. E enquanto nossos gostos não ferirem outras pessoas, eles não são da conta de ninguém.

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