1. Frank Iero.

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"Isso é impossível, eu estou louco, isso não é possível. Blá blá blá." O espectro revirou os olhos com deboche. "Como você é incrédulo."

"Então me explica como essa merda é possível? Você simplesmente surgiu aqui e começou a falar e-" a voz de Gerard falhou um pouco e sua cabeça girou, se sentindo de repente muito fraco. Aquilo era muito pra ele.

"Eu moro aqui, sempre estive aqui. É triste que eu só possa ver você e suas manias esquisitas e peculiares sem poder falar nada. Te observei por meses e a única maneira de tentar fazer você me descobrir foi pelos sonhos. Desculpa se te assustei." O garoto disse, com a cabeça baixa. Way piscou lentamente, tentando digerir a ideia de que um espírito possivelmente o viu pelado e fazendo coisas estranhas como dançar enquanto lava a louça e falar sozinho todo esse tempo.

"Qual seu nome?" Ele perguntou, suspirando. Provavelmente sua mente estava lhe pregando peças, mas ok, ele nunca foi muito normal.

"Frank. Frank Iero." E então o fantasma se aproximou de Gerard, totalmente hesitante. Seus passos não faziam ruído algum e quando a luz fraca vinda da janela batia em sua pele mais pálida que a sua própria o fazia parecer quase brilhante e sua mão - agora estendida para um comprimento - era pequena e tatuada. Uma onda de adoração e alegria atravessou Way ao perceber que o garoto parecia ser de verdade e apertou a mão do menino. Seu braço inteiro pareceu ficar congelado com o toque suave e surreal, sua mão quase o atravessava. Gerard encarou Frank por um tempo, notando que o quadro pouco tinha a ver com ele.

De perto, era muito mais bonito. Seus olhos tinham um tom único de verde e castanho; era avelã, âmbar. Não havia um adjetivo certo para descrever aquela cor destacada por lápis preto - Gerard não sabia que fantasmas ficavam com características antigas tão específicas. Frank também tinha um piercing na boca, que era perfeita e corada, e outro no nariz. Seu cabelo descia em uma franja adorável, que tocava sua bochecha e caia em sua testa e quase em seus olhos grandes e expressivos.

"Já sabe meu nome, não é?" Perguntou com um tom divertido e Frank soltou um 'tcs' com um sorrisinho de quem tinha aprontado.

"Talvez eu tenha mexido em sua identidade enquanto você dormia, mas é só uma possibilidade, sabe." O baixinho manteve o sorriso travesso e Gerard riu, soltando a mão fria como a morte. Óbvio.

"Então é por isso que minhas coisas mudaram de lugar." Semicerrou os olhos. "Eu só não vou ficar puto por ter mexido no que é meu porque eu faria o mesmo se fosse você."

"Tudo mundo faria." Iero deu um sorriso enorme, fazendo sua argolinha prateada saltar um pouco. Ele a mordeu antes de tagalerar enquanto olhava para o pseudo-quadro ainda não terminado. "Enfim, você tava pintando o quê? Eu acho você incrível, um verdadeiro artista. Seus desenhos são obras de arte, sério. Deveria vendê-los, eu compraria se pudesse."

"Obrigado." Gerard murmurou sentindo um calor feliz rastejar por seu peito e pelas suas bochechas. "Não sei, talvez eu tente vender algum deles um dia... seu rosto bonito com certeza me daria muito reconhecimento." Ele divagou, não percebendo o elogio espontâneo.

"Eu deixo você me pintar se me der um cigarro." Frank disse arqueando uma sombrancelha e suas bochechas antes pálidas coradas não escaparam do olhar do mais velho.

"E desde quando fantasma fuma?" O outro riu.

"E desde quando você conhece um para dizer que não?" Frank retrucou, arqueando uma sombrancelha.

"Ok, eu te dou um maço inteiro. Deve ter sido agoniante todos esses anos sozinho e preso aqui em abstinência."

"Foi, muito." Iero deu um sorriso triste, baixando o olhar para seus all stars gastos. "Não consigo sair além da porta e das janelas. Você é a primeira pessoa que vem morar aqui depois da minha morte, então também sofri de abstinência humana."

If I Should Go Before You • FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora