Luxúria

38 10 45
                                    


Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

 Já é tarde da noite, as ruas estão vazias e escuras, as poucas pessoas que se encontram naquela parte da cidade tem uma moral questionável ou estão em busca de problemas sérios. É nesse tipo de ambiente que encontro o tipo de humano que mais me causa repulsa. O tipo que é guiado por seus instintos mais primitivos.

Ali, naquele lugar tão peculiar, estava um jovem que aparentemente não se encaixava na paisagem, mas as aparências enganam e por trás de sua face inocente, tinha um homem ávido e movido por seus impulsos sexuais, um verdadeiro predador.

Ele retira novamente o aparelho celular do bolso e confere a mensagem que recebeu mais cedo, um novo clube de S&M o tinha aceitado como membro, porém, por ser uma sociedade secreta, ele deveria esperar pelo guia naquela rua, já passava da meia-noite quando um carro preto aproximou-se e porta traseira foi aberta, excitado com toda aquela novidade, ele não pensou duas vezes antes de adentrar o veículo.

Assim que entrou no veículo, não pode deixar de notar a presença de uma bela mulher, nunca antes ele tinha visto alguém tão belo em toda sua curta existência. Ela sorriu de um modo divertido, curvando o corpo em direção a ele. Um arrepio de prazer percorreu a espinha do jovem ao sentir as longas unhas arranharem a pele de sua nuca e logo após embrenharem-se pelos fios curtos de seus cabelos fazendo com que sua cabeça se curvasse para trás de um modo violento.

O gemido que escapou pelos lábios dele, fez com que ela sorrisse soltando os fios e pegando uma faixa que estava no banco, a mulher vendou-lhe os olhos e sussurrou no ouvido do jovem humano:

— Você vai obedecer todas as minhas ordens? — ele meneou a cabeça num sinal afirmativo — Remova todas as peças de roupa que está usando.

Não foi preciso uma segunda ordem. Ele imediatamente removeu toda as peças de roupa, a sensação da pele nua contra o tecido do banco era deliciosa, e tão logo ele livrou-se de todo aquele tecido, começou a sentir mãos quentes percorrendo todo o seu corpo e foi incapaz de suprimir os leves gemidos cada vez que sentia seu membro ser envolto pela boca quente e úmida.

Se aquele humano fosse um pouco mais inteligente e não se deixasse cegar pela própria luxúria, jamais teria aceitado um convite vindo de um número desconhecido e muito menos entrado em um carro com uma completa estranha.

No entanto, lá estava ele. Entregando-se aos prazeres carnais.

O clube ficava em uma rua escura de pouco movimento, em uma velha mansão abandonada, dentro da casa ele fez coisas que nunca antes pensou em fazer, participou de atos que nem a mais pervertida das mentes conseguiria imaginar, mas o prato principal da noite, foi uma jovem demasiadamente bela que encontra-se acorrentada sobre uma mesa, com os olhos vendados.

Enterrar-se no corpo jovem e viçoso que permanecia a sua mercê, sem emitir nenhum ruído, sentir a pele fria em contraste com a sua lhe proporcionava um prazer quase animalesco. Se ele ao menos não estivesse tão cego, teria notado que a jovem com a qual copulava era no mínimo suspeita, mas pra ele tudo que importava era o prazer único proporcionado pelo orgasmo.

Quando o antigo relógio que ficava no centro da sala marcou o início da manhã, o humano foi levado — ainda vendado e agora com correntes nãos mãos — para o porão, embora não pudesse ver nada, ele era capaz de sentir o cheiro pútrido que vinha do local, mas não questionou.

Foi só quando o sol nasceu que ele teve os olhos desvendados e para seu completo horror, o local estava repleto de cadáveres em decomposição e pessoas muito próximas da morte, com feridas sendo corroídas por larvas e expelindo pus. Inutilmente, ele tentou soltar-se das correntes. O som atraiu a atenção da mulher da noite anterior, ela aproximou-se com um sorriso libidinoso, usando apenas uma blusa que deixava os seios à mostra:

— Qual o problema? Por acaso está desconfortável?

— Tem um monte de cadáveres aqui! — gritou com nojo visível — Solte-me imediatamente.

O riso quase doentio fez com que um arrepio de medo percorresse todo seu corpo, somente naquele momento ele se deu conta de que nunca mais veria a luz do sol.

Ser deixado naquele local escuro, frio e repleto de moribundos não foi a pior parte. A pior parte, a parte o que o fazia gritar e rogar aos céus por compaixão e misericórdia, era perceber que estava lentamente tornando-se igual a todos que estavam naquele local.

Ele já não era capaz de dizer há quanto tempo estava ali. Podiam ser algumas poucas horas, dias ou meses, a dor e o pavor lhe tiraram a noção de realidade. No começo era uma queimação e uma sede intensa, depois ele percebeu o corpo coberto de bolhas de pus, quando as bolhas romperam, uma casca amarelada cobriu seu corpo; logo ele começou a sentir como se algo estivesse movendo-se por baixo de sua pele e, para seu completo horror, quando a casca finalmente rompeu, inúmeras larvas começaram a devorar a carne que apodrecida. Pendurado naquelas correntes ele sentia a angústia de ver, pouco a pouco, cada parte do seu corpo despencar no chão esmagando-se e tornando uma massa de carne podre e larvas.

Os pedaços de corpo que caíam no chão eram devorados pelos outros que ainda estavam vivos, estranhamente ele ainda não tinha morrido e seu membro permanecia ereto. Algumas vezes, a estranha mulher vinha até o local e o masturbava.

Demorou um tempo pra que ela o explicasse o que estava acontecendo. A jovem estranhamente silenciosa já estava morta.

Ele havia pego uma bactéria que só pode ser adquirida quando se mantêm relações com animais ou cadáveres e, naquela noite, ele tinha feito os dois.

Podia ouvir os gemidos vindos do andar superior, e mesmo naquela situação de quase morte, ele não pode deixar de sentir-se excitado com os sons, não conseguia deixar de se imaginar no andar superior desfrutando de todo aquele prazer, mas para seu completo horror quando sua excitação chegou ao máximo, no lugar do êxtase do orgasmo veio a dor insuportável de ter o membro caindo ao chão.

A dor era grande e o sangue negro e fétido jorrava em abundância, levando-o a morte de modo rápido e intensamente doloroso. No alto da escada a misteriosa mulher ria diante da cena. Se aquele humano não fosse tão primitivo e guiado por seus instintos, ainda estaria vivo...

Ou não.

SinnerOnde histórias criam vida. Descubra agora