sol

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Quando o despertador soou, Kim Jiho levantou assustada de uma maneira tão brutal que bateu a cabeça na prateleira de livros acima da cama.

ㅡ Ai! ㅡ fez uma careta, desligando o alarme. Não prestou atenção às horas, calçando as pantufas, amarrando o roupão rente ao corpo.

A janela estava levemente aberta, dando pra escutar o galo cantando lá fora. Jiho sabia que ia ter de alimentar as galinhas, como sempre, pelas manhãs.

Ela dividia a casa com uma senhora que concordara em ajudá-la. Sendo a garota irresponsável que se tornara desde a morte da avó, vagou pelas cidades, e, por ironia do destino, ou pela falta de energia, entrou dentro daquele bar lotado, a melodia, bebedeira, falação...decidindo dar um ponto final na aventura andante. Foi uma boa escolha, já que o aluguel era pro bolso dela.

Os acordes de um violão começaram a soar no andar de baixo. A boa senhora que havia lhe abrigado iniciava as manhãs dedilhando o antigo violão do marido, que havia morrido na guerra. Eles lembravam de Yewon, e por isso ela sempre começava o dia de bom humor.

Ah, Choi Yewon. Por que você não sai da minha cabeça?

Não podia negar a felicidade lancinante que a musicista proporcionava, desde o começo, poucos meses antes. Tudo era muito engraçado e confuso, ainda. A agitação que tomava conta de seu coração fazia com que quisesse arrancá-lo fora, mas ele nunca a obedecia.  Jiho mal sabia a significância de tanta agitação, uma coisa muito complicada de destrinchar por conta de e sua personalidade paranoica. Se ela ao menos soubesse, poderia se acalmar.

Ah...Kim Jiho não sabia nadinha sobre o amor.

Depois de colocar o mesmo macacão surrado, as botas e luvas ㅡ pronta para enfrentar o exército ㅡ desceu as escadas fazendo barulho, como sempre, e parou rapidamente na cozinha para comer e beber alguma coisa. Depois, saiu pela porta dos fundos, encontrando a senhora tocando o precioso violão do marido.

ㅡ Bom dia, sra. Kwon ㅡ sorriu de maneira sincera e apontou para os baldes que segura. ㅡ Vou alimentar as galinhas.

Sra. Kwon sorriu de maneira doce e agradeceu por Jiho ajudá-la e ser sempre tão gentil. A senhora de cabelos brancos gostava de sua companhia ㅡ era difícil para Jiho ter esse tipo de fama. Lembrou-se da avó, mas isso não significava que não amava sua neta. Muito pelo contrário.

Em passos rápidos, adentrou o celeiro e arremessou os grãos de milho para as galinhas famintas. Deu risada, lembrando-se dos primeiros dias e das feridas que ficaram em suas mãos.

Ao fechar a portinha de madeira, olhou ao redor e avistou algumas casas e lojinhas da cidade. Gostava muito de contemplar a paisagem. Seu sorriso se alargou mais ainda quando, próximo à lanchonete (decidira sua favorita), Yewon caminhava com uma carinha de sono, o mesmo violão  nas costas. Pensou em falar com ela, mas, por alguma razão, deixou-a, o sorriso mínimo, as botas batendo no chão de leve, o vestido balançando ao vento, o coração em outro lugar...

Jiho ainda não sabia exatamente onde guardá-lo, queria que o coração diminuísse. Vagou mente afora, sem se preocupar.

Pouco importava, o sorriso bobo.

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ㅡ LOVETOWN. oh my girl | jinrinOnde histórias criam vida. Descubra agora