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Jiho era extrovertida e divertida demais, conquistando Yewon em menos de cinco conversas. Arin era gentil e faladeira, arrancando momentos igualmente bons num tempo igualmente impressionante. Ainda que não fizesse nem um mês que se conheciam, quando esbarravam pelos bares e lanchonetes, paravam para conversar longamente.

Naquele dia, Yewon estava cansada. Treinara uma nova música a noite anterior inteira, mal tomando café para renovar as energias. Mesmo assim, finalizou belamente mais um de seus incríveis solos com o violão e o microfone ㅡ hoje, o pessoal da banda não estava para acompanhá-la.

No intervalo, deu-se por vencida, debruçando-se no balcão para pedir um enorme copo deágua e um hambúrguer do maior tamanho que tinha. O balconista gentil e divertido elogiou sua apresentação, afastando-se para trazer seus pedidos. Yewon sorriu sincera, tamborilando os dedos na madeira do balcão até sentir uma cotovelada.

Virou-se assustada, acalmando-se logo em seguida quando a viu.

ㅡ Aposto que você não vai conseguir comer nem metade ㅡ Jiho dizia, acomodando-se ao seu lado com o mesmo sorriso bobalhão de sempre. As pessoas a achavam selvagem, e Arin sentia uma pitada de inveja e admiração.

ㅡ Não duvide ㅡ Yewon lançou um sorriso brincalhão, apoiando os cotovelos no balcão. ㅡ Eu não como nada desde ontem.

ㅡ Como assim?

ㅡ É. Culpa da minha paixão fervorosa e um perfeccionismo obsessivo, mesmo que as apresentações sejam para distrair e divertir as pessoas. Sinto como se me compensasse mais, porque, do jeito que minha barriga está roncando, talvez coma outro. E mais outro.

ㅡ Tudo bem, tudo bem ㅡ Jiho disse, resfolegando por brincadeira. ㅡ Já entendi, o esfroço recompensa tudo. Só toma cuidado pra não desmaiar de fome pra próxima vez.

ㅡ Pode deixar.

O balconista voltou com o lanche e a água.

Yewon deu uma mordida enorme. Jiho pensou o quanto ela era pequena pra aguentar um alnche daquele tamanh, mas a fome era uma coisa engraçada. Riu, escandalosa e chamativa. Jiho não se importava com a atenção que chamava. O que era ótimo. Porque Yewon também não se importava nem um pouco.

ㅡ Canta pra mim?

Pela pergunta repentina, Arin engasgou, precisando de um grande gole de água para se acalmar.

ㅡ Cantar pra você? ㅡ limpou a boca com um guardanapo. ㅡ Gosta tanto assim das minhas apresentações?

ㅡ Já disse que te acho muito talentosa ㅡ não mentira. Não era qualquer pessoa ou qualquer acorde que a fazia se sentir assim, como se sua agitação evidente se vulnerabilizasse. Aquela sensação de paz atingindo seu peito na primeira vez que escutou os acordes, uma novidade.

ㅡ Obrigada novamente ㅡ sorriu, deixando o guardanapo com o prato já vazio no balcão. ㅡ Tudo bem ㅡ começou a caminhar até a caixa de seu violão. ㅡ O que quer que eu cante?

ㅡ A música daquele dia que a gente se conheceu ㅡ sorriu bobalhona, levantando-se num pulo.

Uma luz acendeu em sua cabeça, e, com o violão em mãos e uma risada boba e gostosa nos lábios, subiu no pequeno palco de madeira. Ajeitou a postura na cadeira e o microfone. Logo, todos prestavam atenção.

Era divertido se lembrar de quando conheceu Jiho. Ainda que não fizesse muito tempo, tornara-se uma de suas memórias favoritas, de aquecer o coração.

ㅡ Boa tarde, senhoras e senhores! ㅡ começou animadamente, tomando uma atenção maior. Alguns sorriam. ㅡ Vou tocar algo divertido e sentimental para vocês, mas, em especial, para divertir Kim Jiho, a garota de sorriso brilhante de pé ali no canto! ㅡ Apontou para Jiho, que batia palmas de um jeito desengonçado e encantador.

Soltou os braços ao lado do corpo e respirou fundo, fechando os olhos.

Eu nunca fui com o vento
Apenas deixava fluir

E então aquela sensação voltou. Ela não se importava com o que os outros pensavam sobre sua personalidade-furacão, ainda que fosse bom demais ter os olhos sobre si.

E ela encarava Yewon de volta.

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ㅡ LOVETOWN. oh my girl | jinrinOnde histórias criam vida. Descubra agora