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A vida para alguém tão querida pela cidade como Yewon não era apenas acordar com os galos, os relinchos ou o violão. Não era só sorrisos, tristeza ou felicidade.

A vida é uma mistura embaraçosa de momentos e sensações, temperada em exagero. Poxa, a vida é uma salada!

Talvez, o ingrediente secreto, o tempero x, seja amor.

Atordoada, fitava o violão antes de tocar a última música da noite e voltar para casa, tomar um banho, ir pra cama...Yewon sentia os olhos pesando a cada nota. O noturno do ambiente contribuía para que o sono se manifestasse, fazendo com que a bendita garota-exagero, do sorriso engraçado, invadisse sua mente sem permissão. Era absurdo. Tudo sobre Jiho era ㅡ um incomodo travesso, embora positivo. Seus sorrisos a perseguiam como um fantasma, fazendo seu coração palpitar de ansiedade. Ah, Choi Yewon é tão bobinha!

Quando a última nota soou, ela se levantou da cadeira, curvando-se em agradecimento. As pessoas iam à loucura, lançando sorrisos e elogios. Ela se sentia estranha. Jiho não estava entre eles.

Ah, Jiho...

Chacoalhou a cabeça, testou arrastar seus pensamentos para a parte mais funda da mente. Não conseguiu.

Pisou para fora do estabelecimento, a poeira levantando de leve. Yewon tampou os olhos com as mãos geladas.

Uma silhueta parou em sua frene segundos depois, cintilante como se pudesse fugir a qualquer momento. Pensou alucinar quando a silhueta se formou em Jiho, de vestido e calça. Os ombros expostos, as clavículas bem marcadas. Seus cabelos estavam solto, os fios controlados. O batom vermelho era como uma luz de alerta ao perigo, uma cidade pacata sob a ameaça de seu coração. Yewon não se distraiu.

ㅡ O que faz aqui? ㅡ foi a primeira coisa que disse, os olhos fixados em seus lábios, o violão escorregando dos ombros.

Jiho não respondeu. Permaneceu ali, fitando-a, aparentemente cansada e irritada. Cenas do festival voltaram em sua mente feito sonho escapando dos dedos. Queria dizer muitas coisas. Desde o primeiro momento. Desde o primeiro acorde.

ㅡ Por que está vestida desse jeito? ㅡ pendeu a cabeça para um lado, franzindo as sobrancelhas. Deu dois passos para trás.

Jiho olhou para trás, encarando o breu. As ruas petrificadas no vazio, ela pega no silêncio confortável da noite. Era como se chamasse seu nome noite adentro, pertencendo-lhe, como se planejado.

Sem dizer uma palavra ou esboçar, Jihou puxou a mão de Yewon. O violão caiu em um baque surdo no chão. Elas correram; correram de encontro à cidade pouco iluminada. Os cabelos no rosto, o vestido escorregando dos ombros, sujo da terra alaranjada, e nada mais importava. Elas correram até o centro da praça principal.

Jiho girava, Yewon acompanhava seus passos. Jiho cantava baixinho. Yewon reconheceu nos primeiros sussurros.

Eu nunca fui com o vento
Apenas deixava fluir
Deixando me levar para onde quisesse ir
Até você abrir a porta...

ㅡ...Havia muito mais. Eu nunca tinha visto isso antes ㅡ Yewon completou, fora da realidade. Seus pensamentos aéreos, era quase como se pudesse levitar.

Eu tentava voar
Mas não consegui achar asas
Então você chegou
E você mudou tudo

Jiho a rodopiou nos braços, quase deixando que escapasse. 

ㅡ Sabe, aquele dia no festival...ㅡ Jiho continuava guiando. ㅡ Eu queria te contar.

ㅡ O quê? ㅡ Yewon segurou uma das mãos de Jiho.

ㅡ Gosto de você ㅡ colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha ㅡ desde o primeiro acorde.

Você tira meus pés do chão
Me faz girar
Você me deixa louca, louca

Sinto como se estivesse caindo, e eu...
Estou perdida em seus olhos
Você me deixa louca, louca, louca

Como uma caixa de música, bailarinas dançando pela cidade, rodopiando no meio da madrugada, pensando: Cidade do Amor é um bom nome, realmente.

Nada além, era só olhar. Seja a senhora que abrigara Jiho, seja parentes ou conhecidos de Yewon. Eles se amavam. Todos. Os clientes abraçavam como parte da família, todos se apaixonavam por seus acordes como se fosse a primeira vez, um amor inocente. Protegiam-se como a garra de um leão.

Não seria diferente com Jiho. Claro.

A cidade se apaixonou por Kim Jiho.

E Kim Jiho se apaixonou pela cidade.

Choi Yewon era uma cidade.

A Cidade do Amor.

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ㅡ LOVETOWN. oh my girl | jinrinOnde histórias criam vida. Descubra agora