3ºCapítulo

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Making my way downtown

Walking fast

Faces passed

And I'm home bound... - Vanessa Carlton, A Thousand Miles

"Eu quero ir. Eu concordo contigo quanto àquilo de precisarmos de um mudança. Vai fazer-me bem... Eu sei que vou ter imensas saudades das raparigas, mas isso faz parte, não é?" - eu informo, lançando no fim um olhar ligeiramente triste.

"Claro que sim, querida. Eu só estou a fazer isto para o teu bem e fico feliz por quereres vir comigo." - o meu pai sorri-me e eu consigo perceber que está feliz com a minha decisão.

"Eu percebi que me vai fazer bem mudar de ares. Amanhã vou contar à Margarida e à Mafalda. Os avós já sabem?" - pergunto.

"Não e eu queria pedir-te que não dissesses nada para já. Prefiro ser eu a ter uma conversa com eles." - o meu pai pede e eu assinto.

"Tudo bem." - sorrio - "Pai, eu estou um pouco cansada e ainda tenho de ir fazer as últimas revisões para o teste de matemática de amanhã. Importas-te de arrumar a cozinha sozinho?"

"Claro que não, amor." - diz, depositando depois um beijo na minha testa - "Boa noite."

"Boa noite, pai." - respondo.

A minha cadela veio ter comigo e fomos as duas para o meu quarto. Acabei uns exercícios e depois fui-me deitar. Não consegui adormecer. A minha cabeça estava a mil à hora e eu não percebia a razão. Sabem aquele sensação que temos de que está para acontecer algo, mas não sabemos o quê e porque nos sentimos assim? Eu estou assim, neste momento, e acho que isso não é bom. Olho para as horas: 00h30. Já passou assim tanto tempo desde que me deitei? Quando me deixo navegar nos meus pensamentos... Tenho de fazer um esforço para dormir, se não amanhã é que são os diabos para acordar!

Dia seguinte...

Acordo antes do despertador tocar, mas não tenho sono. Aproveito a minha energia para tomar um banho. Depois, pego numas leggings cor de mel, numa camisola mais comprida de lã beje e coloco um cachecol. Faço pequenas ondulações no cabelo e depois arrumo tudo o que vou precisar para o dia de hoje. São 8h e tenho tudo pronto. Bebo a minha caneca de leite rapidamente e saio de casa para apanhar o autocarro às 8h00. Tenho sorte, pois o autocarro chega logo a seguir, fazendo com que eu fique durante pouco tempo ao frio. Assim que entro, vejo logo a Mafalda e a Margarida sentadas ao fundo e dirijo-me a elas.

"Bom dia, meninas." - cumprimento ambas.

"Bom dia, Maria." - elas cumprimentam-me de volta.

"Meninas, tenho uma cena para vos contar..." - anuncio.

"Mas é uma coisa má?" - a Mafalda pergunta-me.

"Não sei bem... É uma coisa que pode mudar tudo." - eu digo, sem saber como contar.

"Estás a assustar-nos..." - a Margarida fala e a Mafalda assente em concordância.

Entretanto, saímos do autocarro e ainda faltavam cerca de 10 minutos para tocar. Fomos sentar-nos junto aos aquecedores do corredor e eu resolvi contar-lhes.

"Meninas, quando acabarem as aulas deste período, eu e o meu pai vamos viver para Londres. Ele diz que vocês podem ir passar as férias de Natal comigo lá..." - elas olhavam para mim sem reação e eu tinha vontade de chorar - "Por favor, digam qualquer coisa." - pedi.

"Porque te vais embora?" - tinha falando num tom seco, mas frio ao mesmo tempo.

"O meu pai recebeu uma proposta de emprego irrecusável em Londres e, sinceramente, ambos achamos que nos vai fazer bem mudar de ares." - eu informo, contendo-me para não chorar.

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