∞ 7º capitulo ❤

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-“Bem!” ,…

-Eu não queria acreditar no que me estava a contecer, agora não , por favor não.

A vida é uma merda, quando pensamos que está tudo a correr bem acontece sempre alguma coisa que chega e fode tudo. Agora que estava finalmente bem com o Miguel tinha de acontecer.

Sabia que iria acontecer, mas eu adiava sempre , não me ia conformar.

*Dia seguinte*

Vesti-me de branco, viam-se algumas manchas no meu top. Era, lágrimas , não conseguira mantê-las mais dentro de mim, havia sido mais forte do que eu.

Chegámos á igreja e lá estava ele. Estava lindo, muito bem vestido. O fato negro e a fita branca que encolvia a testa era a única “coisa” que escondia as suas feridas, a razão pelo seu sofrimento.

Tentei não chorar, mas era mais forte que eu, a final era o homem que me criou. Podia até não ser o meu pai de sangue, mas sim , era meu pai, fora ele que me deu o amor e carinho que uma criança precisa. Foi no colo dele que chorei noites sem fim, era ele que me dava aqueles abraços apertados quando mais precisava, era ele que me dizia “vai em frente”, era ele que me empurrava mesmo sabendo que eu não ia cair, era ele que me fazia rasteiras mesmo sabendo que eu não iria tropeçar, e era com ele que no fim eu ria muito e muito.

Cada vez que me lembro vem-me um sorriso á cara. Ele sim era o meu pai, ele sim era o HOMEM da minha vida. Não conseguia suportar aquela dor, os meus olhos encheram-se de água e libertou-se uma pesada lágrima. Ele nunca mais me ia olhar nos olhos e dizer que eu era o seu “bebé”, nunca mais iria falar comigo , nunca mais me iria abraçar, não aguentei, entrei em pânico.  Só me apetecia derrubar tudo e todos, apetecia-me gritar, e foi o que fiz. Queria-o para sempre ao meu lado e aquela porcariam de doença que todos denominam como “cancro” tinha acabado com isso, tinha acabado com a minha felicidade.

Pegaram no caixão e levaram-no. Como é que eu iria sobreviver agora? Queria ir com ele, queria ficar com ele, queria ficar abraçada a ele para sempre, porque? Porque é que a vida tem de nos falhar quando mais precisamos?

Corri para junto dele, estava com uma revolta interna por não ter podido fazer nada, vi-o morrer, Vi morrer o HOMEM que me criou, vi morrer o HOMEM da minha vida L

Acabei por passar o resto da manha com ele, só eu e ele ali no cemitério. Mais ninguém. Olhei para o telemóvel para ver as horas e tinha 27 chamadas perdidas da minha mãe. Não queria saber. Era ali que eu estava bem, era ali que eu me sentia feliz.

-“Vai em frente!”

Uma voz estranha tinha sussurrado no meu ouvido. Virei-me para ver quem era mas não vi ninguém. Não liguei.

-“Vai em frente!”

Aquela voz voltou a vir ao meu ouvido. Não havia ninguém ali, será que estava a ouvir vozes? Não podia ser, eu tinha a certeza que tinha ouvido.

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