sick souls | siyeon ♡ kyla

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bom, já que vocês comentaram, eu decidi continuar postando aqui! espero que gostem e muito obrigada!

Mais um dia horrível na escola, como de costume.

Kyla se sentia idiota por ainda se importar com aquilo, mas ela simplesmente não conseguia evitar o sentimento de tristeza e impotência que tomava conta de si todas as vez que as outras crianças apontavam suas inseguranças.

Se teve algo que Kyla realmente aprendeu depois de entrar para aquela escola foi que crianças podiam ser tão cruéis quanto adolescentes, ou até mesmo, adultos. Elas eram sinceras demais, falavam alto demais, chamavam atenção demais.

Quando uma falava, todas concordavam e as risadas começavam a ficar cada vez mais altas, bagunçando completamente a cabeça da pequena Kyla, de apenas sete anos.

Enquanto ela voltava para casa, se perguntava o motivo de ter que passar por algo tão horrível, perturbador e traumatizante ainda tão jovem. Sem perceber, as lágrimas começaram a cair de seus pequenos olhos, atrapalhando sua visão. E por conta das lágrimas e da vergonha que estava sentindo, Kyla não levantou o rosto até que chegasse no quintal de casa.

Mas acima de tudo, ela não queria entrar. Não queria que seus pais a vissem daquele jeito. Então, ela cuidadosamente se dirigiu para o terreno enorme que existia bem em frente de sua casa.

Conhecia muito bem aquele lugar, era como o seu porto seguro. Se sentar de baixo daquela árvore a trazia um sentimento de paz, como se finalmente não estivesse sozinha.

[...]

Sete anos se passaram, e agora Kyla já era uma adolescente de quatorze anos.

O antigo terreno agora dava lugar a uma casa.

A árvore? Ainda estava lá, grande, bonita e repleta de folhas verdes.

Ela ainda era o seu porto seguro, porém, não era o único.

[...]

— Ei, Kyla! Quando vai começar uma dieta? Você não tem vergonha?

Kyla nem ao menos se virou para ver quem implicava com ela, não podia deixar que vissem seus olhos começarem a lacrimejar.

— Com certeza ela não tem vergonha nenhuma. Caso contrário, nem ao menos apareceria nessa escola. Coitadinha.

Terminou de guardar seus livros e fechou o armário com força, deixando o corredor às pressas antes que escutasse mais alguma coisa que pudesse acabar com o seu dia de vez.

Soltou o ar que nem ao menos sabia que estava segurando assim que saiu daquele prédio. Respirou fundo e enxugou algumas lágrimas com a ponta dos dedos antes de começar seu caminho de volta pra casa, o mesmo que fazia desde o seus sete anos. Um caminho repleto de tristeza e cansaço.

Eu já devia ter me acostumado. É essa a frase que ela repete para si mesma todos os dias. Mas não adiantava. Seu coração não a escutava. E ele continuava doendo. Muito.

Seus pés, em vez de a guiarem para casa, a guiaram para a outra calçada, onde ela sabia que teria um pouco de paz.

Olhou para cima e começou a subir a escada de madeira que a levava diretamente até o seu lugar favorito, a casa na árvore.

— Você se atrasou! Achei que não apareceria hoj- Illa... Você está chorando? — A garota começou sua frase com a voz alta, quase que gritando de ansiedade, mas seu tom mudou drasticamente ao ver as lágrimas nos olhos da outra.

Kyla não era o tipo de pessoa que chorava muito, normalmente eram apenas algumas lágrimas. Mas quando Siyeon a recebia em seus braços, aquilo mudava completamente.

Era como se nos braços da mais velha Kyla pudesse ser ela mesma, sem qualquer tipo de receio. Ela podia chorar, gritar e soluçar que sabia que Siyeon não ficaria com raiva, muito pelo contrário, ela a ajudaria. Os dedos de Siyeon acariciavam os fios longos de Kyla, enquanto a mais nova se sentia cada vez mais calma e confortável no colo dela.

Siyeon nunca cansaria de a segurar com força enquanto sussurrava as frases mais doces do mundo em seu ouvido. Ela era como um dicionário, porém um dicionário apenas com as qualidades de Kyla, que aos olhos dela, eram infinitas.

A vida de Siyeon também não era fácil para uma menina de quinze anos. Ela mal via seus pais, já que os mesmos costumavam viajar muito por conta de seus trabalhos. E quando eles estavam em casa... Bom, era um inferno. Brigas e mais brigas, garrafas de bebidas alcoólicas sendo quebradas e muito barulho. Kyla era, literalmente, a única coisa boa e pura ela tinha. E ela faria de tudo para proteger a sua joia rara.

Sorriu ao perceber que os soluços da mais nova haviam parado, e agora seus olhos estavam fechados e em paz.

— Illa? — Perguntou suavemente, com medo de acordar a mais nova caso ela estivesse dormindo.

— Eu estou acordada. — Respondeu no mesmo tom, abrindo os olhos sorrindo para a mais velha.

Siyeon sentiu seu coração dar um pulo. Ela era, completamente, apaixonada pelo sorriso da mais nova.

Aproveitando a proximidade, uma vez que Kyla ainda estava no seu colo, Siyeon depositou um beijo em sua testa, na ponta de seu nariz e por fim, em seus lábios.

Nem ao menos se lembrava quando começou a amar tanto aquela menina, mas aquilo não importava.

Ela sentia como se tivesse amado Kyla por toda sua vida, sem ao menos saber ou perceber. Como se ela fosse a peça do quebra-cabeça que estava faltando para completar de vez o seu coração.

E ela seria eternamente grata ao destino por finalmente ter juntado duas almas tão doentes, para que finalmente pudessem procurar pela sua cura juntas.

girl group | drabblesWhere stories live. Discover now