Epílogo - "A Era De Escuridão"

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Com a chegada dos novos "dez guerreiros lendários", o Digimundo viveu duradouros anos de paz. Mas sempre que a luz aumenta, aumenta também as sombras, seria bom se a paz prevalecesse, mas é necessário equilíbrio para manter as coisas em ordem.

Começando aos poucos, aproveitando a brecha do chamado "equilíbrio natural", com intuito de fazer a paz ruir, um inimigo novo havia se levantado. Ele agia de forma silenciosa, porém muito bem preparada, "derrubando os peões para depois controlar o tabuleiro", estratégia de xadrez básica. A energia que estava corrompendo os dados dos digimons bons e os fazendo ceder à selvageria era chamada de "digidados negros".

Os digimons mais fracos estavam tendo, literalmente, medo da própria sombra, e cabia apenas aos "dez grandes" cuidar para que o problema, de até então pequenas proporções, não se tornasse uma grande ameaça ao Digimundo. Mas talvez já fosse tarde demais para fazer algo, as trevas que timidamente haviam se erguido, já haviam tomado o equivalente à um quinto do Digimundo, aqueles que não cooperavam com os lordes das trevas eram possuídos pela energia do mal e se tornavam feras irracionais, os outros, menos corajosos para resistir, ou que temiam serem tomados pelos digidados negros, optavam por se esconder nos mais profundos refúgios, e rezar para que aquilo acabasse logo.

Várias batalhas foram travadas, os seis lordes das trevas lutaram contra diversos grupos de digimons e os levaram à destruição. Primeiro caíram os doze grandes do olimpo, depois os três arcanjos, e por último os treze cavaleiros reais. Até mesmo os sete lordes demônios se levantaram para lutar naquela batalha, mas sem êxito no conflito.

Por fim os dez grandes se ergueram, eles que haviam estabelecido paz no mundo digital, estavam agora em frente aos seis lordes das trevas. Uma ponta de esperança fez com que outros digimons se juntassem aos dez grandes, tal como as quatro feras sagradas e outros grupos menores. Alguns dizem que a luta durou mais de três dias, outros que seus impactos chegaram a abalar as estruturas das outras dimensões e que esta batalha se estendeu por mais de semanas, mas a realidade é que mesmo com todo o esforço, os seis lordes das trevas ainda sim venceram a armada dos dez grandes.

O Digimundo então estava fadado ao caos, estava nas mãos das trevas, se esperava que logo tudo fosse perdido. Mas ainda sim, existia a esperança e com ela, um pouco de luz. Yggdrasil, a entidade que dizem ter criado todo o Digimundo, ou ser responsável pelo mesmo, usou a energia remanescente dos derrotados para ativar o Reboot emergencial, reiniciando o Digimundo.

Com o Digimundo reiniciado, se esperava que tudo voltasse ao normal, ao menos isso tivesse ocorrido, então não haveriam grandes problemas para serem resolvidos. Porém os avanços dos lordes das trevas haviam sido mais rápidos do que o imaginado, os códigos do Digimundo já estavam todos tomados, e logo, mesmo com o Reboot, apenas os outros seres foram reiniciados, os seis grandes inimigos da luz não foram afetados, haviam então vencido e não existia possibilidade de impedir aquilo, pois já se era um fato consumado.

Novo membro dos lordes das trevas, a Imperatriz subiu ao poder, dominando o Digimundo e o tornando seu império de caos e terror, ela agia apartir da orientação dos seis lordes maiores, esses que a haviam colocado no trono. A regra era clara, uma ordem da soberana era sempre lei, sua vontade regia o mundo digital, e os digimons podiam viver em paz, caso jurassem lealdade à Imperatriz. Todo digimon que viesse a expressar habilidades incomuns ou alto nível de poder, era imediatamente domado e colocado como parte da coleção da suprema, o Digimundo vivia então a chamada era de escuridão.

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Ameko

-"Em treze de novembro de dois mil e quatorze, há exatamente três anos antes da data de hoje, um acidente aconteceu na Rainbow Bridge, um engavetamento de carros ocasionado por um tremor de terra levou a vida de muitos, e deixou muitos outros feridos. Há quem nessa data prefira evitar à ponte, mas por ser essa principal ponte de Tokyo, são raras as opções alternativas." - dizia voz da repórter no noticiário, vinda de uma televisão ligada numa loja por onde Ameko havia passado

O dia parecia mais como um flashback da data de três anos atrás, o céu chuvoso e os ventos tempestuosos anunciavam que a chuva ainda iria piorar. Era bonito ver das janelas os milhões de guarda-chuvas cobrindo as pessoas nas ruas, mas não era tão agradável estar do outro lado da situação.

Ameko Huukio caminhava apressadamente pelas ruas de Tokyo, ela esperava não ter de pegar o ônibus lotado devido o horário e a chuva. Caminhando pelas ruas úmidas e frias de Tokyo ela tentava cada vez mais aumentar o ritmo de seus passos, chegando até a pisar na parte de trás do sapato de alguém

- Perdão! - disse sem ver o rosto da pessoa, pois sua visão estava bloqueada pelo guarda-chuva

Seguindo pela calçada molhada, via pessoas se abrigando nos toldos de lojas e restaurantes, outras pegavam abrigo com guarda-chuvas alheios, geralmente em Tokyo todos andavam previnidos, com guarda-chuvas nas bolsas ou em sacolas para abri-los ao primeiro sinal de chuva

Ela embarcou no ônibus, se sentou e colocou a sacola com o guarda-chuva no espaço entre os seus pés. Os longos e negros cabelos de Ameko estavam úmidos, ela odiava quando os cabelos se molhavam na água da chuva. Se sentindo insegura, mantinha as pernas tremendo, isso fazia com que parte do nervosismo fosse liberado, uma parte bem pequena. As meias iam até o meio da coxa, a saia quase tocando os joelhos, os sapatos eram simples e pretos, o uniforme escolar padrão. O trânsito parecia grande, e ela precisava chegar em casa cedo, tinha que ajudar a avó com o incenso para limpar a casa de más energias.

Já haviam se passado doze minutos e nada do trânsito andar, Huukio já estava cansada de esperar, se fosse apé poderia chegar em casa mais cedo, tempo o suficiente para por uma roupa seca e começar a preparar as coisas para a faxina espiritual. Havia mais de um motivo para Ameko odiar estar ali, aquela ponte, a Rainbow Bridge, não lhe trazia boas memórias, fora ali que, três anos antes, na mesma data, um engavetamento acontecera e o carro onde ela estava havia colidido com outros, e fora alí, naquele momento que morreram seu pai e sua mãe, e apartir dali ela foi condenada a morar com os avós.

Os irmãos mais novos ainda se lembravam de alguma coisa do acontecido, mas Ameko não, ela não recordava de nada. Era comum, segundo os médicos, ela havia bloqueado a lembrança, devido ao trauma do acidente, isso ainda a deixava desestabilizada, por vezes ela tentava lembrar ou imaginar o que aconteceu, mas não conseguia resultados que a levassem há alguma conclusão.

Ela deu sinal e saltou do ônibus, caminhou pela calçada do acostamento rezando para dar tudo certo, as pessoas dos carros a olhavam com certa admiração pela sua coragem, ou pela sua falta de senso. Do céu chuvoso vinham muitos relâmpagos e trovões, esses últimos a faziam ficar arrepiada, não lhe causavam boa sensação. Foi quando o primeiro raio caiu, esse atingiu um poste dez metros atrás de Ameko, ela começou a correr, alguns segundos depois o segundo raio caiu, atingindo o outro lado da pista, depois veio o terceiro há dois metros afrente da garota, ela correu para trás quando viu este.

Se apoiando na barra de segurança da ponte ela fechou os olhos quando um quarto tocou o chão, esse um pouco mais longe dela, estava paralisada de medo, se agarrava à barra enquanto o vento havia levado o seu guarda-chuva. Um outro raio caiu contra o chão, esse há um metro de Ameko, com medo ela se sentiu empurrada contra a barra, e novamente se seguiram outros raios, um outro impacto a arrancou da barra de segurança e a jogou em direção à água abaixo da ponte.

Seu corpo ia em queda livre ao chão, ela se sentia fora de si, não conseguia gritar,via pessoas saindo dos carros em pânico e observando sua queda em desespero apartir das barras da ponte, seu estômago estava embrulhado, logo sentiria a água contra o corpo, e então morreria, ou com o impacto da queda ou afogada.

Digimon - The Dark Side (1ª Temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora