Ao abandono (antologia Poética)

3° Perda

Eu queria poder ficar, mas já me afastaste tantas vezes que não sei se devo partir.

As nossas vozes alteram-se e lágrimas caiem-nos dos olhos, mas mesmo que me olhes com tristeza, no fim vais acabar por gritar e devastar tudo como um furacão.

Sim, quero ser feliz contigo, mas sempre que tudo parece estar bem, algo acontece e todos os defeitos que tentamos controlar acabam por explodir na nossa frente e fugimos para trás das ofensas e indignação.

Choramos os dois juntos, mas no fim tu vais embora...

Imploro para ficares, mas nem um olhar me lanças.

Queria que o amor não doesse, mas quando vejo o arrependimento dentro dos teus olhos, algo dentro de mim quebra-se e fica perdido.

Podias voltar e colávamos os nossos corações em conjunto, mas tu queres um tempo para pensar em "nós"...

E voltas quando as feridas começam a curar, mas somos teimosos, erramos sempre no mesmo, e voltamos ao ponto de partida, o meu coração está cansado, mas não aceita mais ninguém.

Queria nunca te ter conhecido...

Haveria lágrimas que nunca seriam derramadas, discussões nunca escutadas, segredos nunca revelados e corações nunca quebrados...

Mas nunca teria os teus beijos inebriantes, não veria o amor brilhar nos teus olhos, não nos amaríamos repetidas vezes pelas noites dentro, não ouviria belas palavras dos teus lábios, não me perderia só a pensar em ti...

Dói, dói imenso... Mas eu sei que tu também sofres...

Vamos lá, tenta esquecer isso.

Vamos deixar tudo e o mundo de lado...

Esqueçamos tudo...

Vamos simplesmente...

Amar...