Ao abandono (antologia Poética)

6° Perda

Se te perdeste e não consegues encontrar o teu caminho,

Se as estradas se cruzam e misturam,

Se os teus ohos perdem o foco e as linhas que te guiam esmaecem,

fundindo-se com o que te rodeia,

Se te sentes afogar no desespero e não sabes mais o que fazer,

Olha para o horizonte.

Segue a luz que te chama e quer acolher.

Se tropeçares e achares que não te consegues levantar,

Se a escuridão te atormentar,

Se vozes sussurarem ao teu ouvido, aliciarem o teu coração,

Se achares que vais desistir,

Olha para a frente e respira fundo.

Segue a luz que te guia como um farol.

Se a solidão te tragar,

Se tudo em que acreditas te abandonar,

Se a vida perder o sentido,

Se sofreres e gritares mais do que sorris.

Olha para mim.

Segue o amor nos meus olhos.

Vem até mim.

Fui eu quem acendeu a luz,

Fui eu quem esperou por ti,

Dei voltas e mais voltas,

Na esperança que chegasses até mim.

Rezei e gritei aos céus para que ouvisses as minhas palavras.

Dizes-me que estás bem,

Mas eu vejo no fundo do teu olhar que o teu mundo está em ruínas.

Recolhes-te e escondes-te num recanto do teu coração,

Como um animal ferido que teme ser tocado,

Mas anseia pelo carinho que o ajudará a curar.

Por favor, agarra-te a mim, e nunca me largues.

Deixa-me ser o teu porto seguro,

Iluminar o teu caminho,

Guiar-te pela mão,

Ajudar-te a erger.

Oh meu amor,

Deixa-me pertilhar a tua dor,

Enxugar as tuas lágrimas,

Ou juntar as minhas às tuas.

Deixa-me afugentar os demonios que te assombram,

Ser a tua conecção com a realidade,

Sofrer contigo e ser a razão pela qual sorris.

Porque sem ti eu não sou ninguém,

E sem mim tu perdes a tua direção.

Mergulha nos meus braços abertos,

Vive de mim,

Porque eu dou-me a ti,

Sem medos nem receios.

Não te peço nada em troca,

Só que sejas feliz.

Por favor,

Náo deixes que a luz se apague...