Ao abandono (antologia Poética)

8° Perda

Nota: se sofre de depressão, se já teve pensamentos de automutilação, se já esteve ou está num lugar escuro, este texto pode não ser indicado para si. Avance se sente que o pode fazer. Não é nada muito pesado, mas faço referências a temas pesados. Se fez, tem, ou pensou em algo do que eu disse acima, ou que está no texto a baixo, por favor, procure ajuda, espero que melhores dias venham.

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O tempo passa
Sempre te achaste forte,
Mas sentes que tal força te escapa...
Sentes o teu corpo cada vez mais pesado,
A exaustão invade o teu ser,
Mas o sono parece fugir.

A respiração torna-se um trabalho penoso,
Transforma-se numa obrigação, mais do que numa necessidade.
A comida perde o seu apelo,
A fome aperta o teu estômago,
Mas uma dentada e sentes que já é demais.

O que antes te dava prazer,
Agora perdeu a graça,
Os acontecimentos misturam-se,
Um minuto parece ser tão longo
E um dia parece ser tão curto.

O teu peito aperta e sentes uma dor,
Uma dor sem razão, uma dor sem origem,
Uma dor que tentas apaziguar pensando no prazer que uma ferida na carne te poderia dar.
Mas sentes que és fraco demais,
Não és capaz de o fazer, por isso
Ficas a desejar, um desejo incapaz de realizar.

Queres alguém contigo.
Mas não sabes... Estás tão perdido...
Queres amor ou queres dor?
Alguém que te faça esquecer o teu sofrimento,
Ou alguém que te faça afogar nele?

Só queres encontrar algo,
Encontrar alguém que te destraia,
Algo que te magoe mais do que os teus sentimentos,
Alguém a quem culpar, que não sejas tu mesmo.

Alguns diriam "depressão",
Tu dizes "está tudo bem".