A fazenda era grande, não havia muitos animais aparentemente mais havia um celeiro enorme e uma casa de dois andares. Antes mesmo de descer do carro já havia avistado um senhor barbudo com um olhar severo, espingarda em punho que observava todo território.
Descemos do carro, o garoto com tatuagem no pescoço se pôs à frente.
- oi vovó.
- quem são essas pessoas calebe? - sua voz era fria e feroz.
- umas amigas, estavam em perigo.
Revirei os olhos.
O velho olhou ao redor para a escuridão. - entrem.
Andamos em fila indiana até todos estarmos sobre a proteção de seu teto. O velho com linhas de expressão pesada sobre os olhos olhava pra mim com uma certa desconfiança, talvez seja por causa das roupas sujas.
- essa é Ana e.. - o garoto olhou para mim suplicando para q eu terminasse sua frase.
- Kay.
- o que duas garotas jovens e bonitas fazem sozinhas por aí? - ele perguntou passando por todos e vindo na minha direção.
Eu não sabia o que dizer, meus olhos se fixaram em seus olhos negros e profundos no silêncio.
- meu Pai foi infectado. - Ana disse quebrando o silêncio.
O velho nem ao menos se virou.
Sob seus ombros vi uma senhora com cabelos brancos, baixinha e bochecha rosada aparecer de outro cômodo.
- vamos Jorge, não assiste a garota. - ela se aproximou de nos dois e o afastou de mim, enquanto me olhava com ternura. - como se chama querida? - ela continuou.
- Kay.
- sua namorada calebe? - ela me olhou de cima a baixo e sorriu.
Calebe e eu nos encaramos.
- não. - ele respondeu, mais me olhava de um jeito malicioso. E então sorriu. Aquele maldito sorriso que o parecer único no meio dos outros garotos.
Meus olhos passearam entre os outros e vi Ana saltando os olhos entre mim e calebe com uma certa raiva.
- vamos, todos vocês pro banheiro já, estão imundos. Vou terminar já fazer o jantar. - ela se virou e voltou do lugar de onde havia saído.
Os garotos foram os primeiros a subir as escadas eu logo atrás e Ana atrás de mim, sentia seus olhos queimarem nas minhas costas.
Cada um dos garotos já parecia ter seu próprio quarto ali, fiquei sem saber onde ir direito até que senti uma mão próximo da minha, segui a linha do braço até encontra seus olhos verdes ficados em mim, com a outra mão livre ele passou a mão sob o cabelo liso que caia sobre a testa, voltei a seguir seu braço forte até sua mão e deixei que ele me tocasse.
Ele me levou até seu quarto, na verdade levou a mim e a Ana.
Pegou duas blusas dele e nos deu.
- espero que sirva.. - ele revirou os olhos com um sorriso malicioso - ou não.
Sorri.
- cabele, seu idiota. - ela riu exageradamente e foi para mais perto dele.
- onde vamos dormi? - perguntei cortando os dois.
- boa pergunta. - ele respondeu.
- vai decidindo aí enquanto tomo banho. - Ana disse dando de costas.
Dei de costas mais ele segurou minha mão.
- espera, será que posso conversa com você?
Ana olhou para nos dois. E eu fiquei.
- deixa eu adivinhar, que saber como fiz aquilo?
- na verdade eu ia deixa essa pergunta pra mais tarde quando estivesse deitada ali. - ele sorriu com malícia, enquanto passa os olhos por sua cama.
- então sobre o quer conversar?
- só queria dizer que vai ter que inventar uma boa história amanhã pro meu avó, ele é um cara desconfiado e só seu nome não vai fazer ele engoli você aqui. - ele passou a mão no cabelo novamente. - e eu tenho certeza que você não é qualquer garota de cidadezinha pequena. - ele arqueou a sobrancelha como se esperasse algo.
Serrei os olhos para ele, e me aproximei.
- e você está doido pra saber quem realmente sou não é?
Ele sorriu se dando por vencido. Dei de costas.
- sabe que a Ana gosta de você não sabe? - disse.
- sei, estudávamos na mesma escola antes de tudo isso e ela sempre foi apaixonada por mim. - sua voz saiu cansada .
- não devia sorrir desse jeito pra mim enquanto ela está perto. - avisei, senti seu corpo se aproximar.
- qual é o problema? - sua voz era maldosa.
- você sabe qual é o problema, sou mais velha que você, e ela gosta de você de verdade.
- eu sei - ele se colocou na minha frente - não tenho problemas com isso, também não devia ter. - ele mordeu os lábios.
Ouvi passos, e depois cabelos ruivos surgiram atrás dele.
- e aí cara. - disse um dos garotos.
Calebe revirou os olhos.
Dei alguns passos para trás, para me afastar dele e de seu corpo forte.
- você vai dormi aqui. - calebe sussurrou.Continuei andando pelo corredor até ouvir a água do chuveiro caindo se misturando com choros e soluços. Parece que Ana não era tão forte assim. Escorreguei meu corpo pela parede, olhei para a janela no final do corredor enquanto me sentava no chão.
O vento soprava as cortinas brancas, e eu me perguntava o que estava fazendo ali? Me sentia vazia por ainda não lembrar de muita coisa do meu passado, isso estava me corroendo, por que não me parecia certo estar ali naquela casa, a sensação era como se eu tivesse muita coisa pra fazer em algum outro lugar e estivesse só perdendo tempo.
Coloquei minha cabeça entre os joelhos, logo ouvi a porta do banheiro se abrir. Pingos de água cair ao meu lado e o vapor toma conta do meu braço.
- você já tirou meu pai de mim, e tudo bem por que ele era horrível, mais não vou deixar que fique com o calebe. - sua voz era áspera e fanha.
Ela seguiu pelo corredor, levantei a cabeça e a vi só de toalha entrando no quarto de calebe.
Me levantei e fui para o banheiro, passei a mão pelo espelho úmido e vi meu rosto sujo e cansado, cabelo desgrenhado. Liguei o chuveiro e enquanto a água caia eu sentia o peso, o cansaço indo embora junto com ela. Passei as mãos pelo cabelo comprido o lavando bem, tirando tudo até me sentir leve.
Me sequei e vesti a blusa de calebe, ficou no meio da minha coxa, sai e dei de cara com um dos garotos do grupo, ele era morena cabelo cacheado e bem magro.
- oi. - ele disse um pouco tímido.
- e aí. - respondi em voz baixa.
Comecei a andar mais sua voz trêmula começando a dizer algo me parou.
- o que você e? Por que.. não tem como você ter feito aquilo... sabe. - ele dizia eufórico mais eu sentia medo em sua voz.
Ouvia sua pulsação acelerada o medo que ele estava sentindo me atraía, queria mata - ló ali mesmo, senti seu sangue por meus lábios.
Me virei para ele devagar, mais o que eu queria era ataca - ló tão rápido que ele nem iria ver meus movimentos.
- e se eu te dissesse que sou a filha do demônio, iria acreditar?
- a alguns meses atrás não - ele engoliu a seco fazendo uma pausa - mais agora acho que sim.
Ouvia seu coração bater acelerado.
- mais se você fosse deveria estar governando algum reino das trevas, sei lá... - ele gaguejava.
Revirei os olhos. - deixo isso por conta do meu pai.
E foi nesse mesmo segundo em que as palavras saíram da minha boca que eu soube o que devia fazer.
Meu pai era a solução pra tudo isso.
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Guardiã
Mystery / ThrillerO apocalipse de demônios começou e só ela, a guardiã pode acabar com ele.