Pensei na polícia me procurando alguns dias depois, mais não iam, não tinham provas, sem vizinhos ao redor, e sem digitais graças as faixas que cobriam a pele queimada da minha mão e as unhas arrancadas, que estava demorando mais do que o suficiente para cicatrizar. Fechei a porta atrás de mim, e sai de baixo da luz da varanda, e voltei para escuridão da onde eu tinha vindo deixando a chuva limpar o sangue do meu rosto e da roupa. Vagas lembranças me dominaram enquanto eu caminhava mais dentro da linha da floresta do que na rua, meus passos e cambaleios variavam entre a linha mais eu tentava manter meu corpo magro dentro da linha para não ser atropelada ou parada por algum carro. A água gelada sobre meu corpo mesmo coberto pela blusa de frio cinza eu sentia a água dominar meu corpo, me trazia a sensação de solidão, vazio, eu me sentia vazia e eu sei por que. Minhas memórias... Elas vinham e iam, eu tentava estuda – lãs, encontrar um ponto de começo, um ponto que me levaria a algo realmente que me traria de volta a vida real, mais tudo não faz sentido, são partes que não se conectam era como se minhas memórias dos momentos bons tivessem sido roubadas. Arrancadas e destruídas no lugar agora só tinha dor, e raiva.
Deparei-me com uma igreja em construção, ao seu redor tinha um mato alto, me aproximei das portas que pareciam portais para uma escuridão maior ainda, e agradeci por estarem abertas. Entrei sentindo o cheiro do cimento abafado, mofo, e algo mais, algo como sangue seco, talvez fosse meu, mais eu duvido mito. Sinto algo familiar ali, caminho de vagar quase caindo para me sentar em algum banco, mais eu não me sento meu corpo me leva a deitar, sinto a dor queimar dentro de mim, nas minhas costas e se escorrer para dentro. Meu roso contra a madeira seca, eu olho para uma cruz grande e brilhante a alguns metros de mim, não vejo meu reflexo, não vejo nada por que esta muito escuro, mais algo a um fragmento de uma lembrança me vem a mente. Eu já estive ali, tento agarrar aquela memória, para ver mais a fundo, mais ela foge, faço de tudo para conseguir ir atrás dela mais e impossível, estou esgotada. Mais mesmo esgotada eu não posso deixar de me pergunta uma ultima vez nesse dia, por que me deixaram ir embora? Por que simplesmente me soltaram?
Sinto meu corpo sendo repuxado ate tudo dentro de mim se arrebentar. O sangue esguicha pela minha boca, meus olhos e nariz. O grito de dor não sai, eu não tenho mais voz. Meus órgãos se sacolejam dentro de mim enquanto caio sobre o chão frio e áspero, e molhado com o meu próprio sangue.
Acordo assustada. Ofegante. Ouço passos se aproximando e logo me levanto mesmo sentindo meu corpo me puxar para baixo novamente. Olhei ao redor me certificando de onde estava, e ainda estava na igreja, e não estava mais presa, todas as sensações e lembranças foram um sonho ruim. Sinto o suor descer por minha nuca e lateral do rosto enquanto meus olhos entram em foco para ver uma mulher baixa, roliça, com cabelo de duas cores, variando entre o braço e o castanho. Ela me olha com curiosidade, e depois que eu me desmonto em cima o banco vejo que seus passos aumentam o ritmo. Sinto suas mãos em mim, e eu penso que pode ser perigoso, por que eu não sei quem ela e. Sinto minhas mãos como folhas de papel, meus lábios duros e afiados pelas peles cortadas, e sinto uma dor que queima nas minhas costas, a queimação se alastra, e tão incomoda que eu tenho vontade de arranca o que esta ali com as próprias mãos.
- Filha, o que aconteceu com você? – ela parecia preocupada. Mais eu não respondi. – Esta machucada – vejo seus olhos correrem por mim – Precisa de um medico.
Tomo força para me colocar sentada no banco, e balanço a cabeça negativamente. Abro o zíper da blusa de frio e a tiro com dificuldade percebendo que não uso mais nada por baixo, me viro de costas pra ela e escuto sua respiração parar.
- O que e? – pergunto com a voz fraca.
- Meu Deus. O que fizeram, com você querida?
- O que tem ai?
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Guardiã
Misterio / SuspensoO apocalipse de demônios começou e só ela, a guardiã pode acabar com ele.