Legião

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Ar inundou meus pulmões, respirei fundo, me senti como se estivesse me afogando, abri os olhos e logo me deparei com Enzo na beirada da cama. Percebi que meu macacão estava aberto e o lugar do tiro já estava cicatrizado.

- foi você? - perguntei.

Ele balançou a cabeça afirmando.

- obrigado.

Fechei o zíper e me levantei.

- aonde você vai?

- embora. - respondi secamente.

- já está de noite, e melhor ficar, fiz o jantar.

- noite? Fiquei desacordada o dia todo?

- você levou um tiro no coração...- ele me lembrou da gravidade do que havia acontecido.

Passei por ele não dando a mínima, eu não queria nem ficar próximo dele mais.

Ele segurou meu pulso.

- me solta. - senti meu coração se fechar, triste.

- por favor...

- Enzo - me virei para ele - quando você morreu eu te devolvi a vida, e quando eu sumi você preferiu ficar com outra e me esquecer. - uma lágrima rolou. Me sentia tão fraca e humana.

Ele abaixou a cabeça.

- me perdoa.

- está pedindo perdão pra pessoa errada, que eu saiba demônios não perdoam eles se vingam. - minha voz era feroz.

Eu sai pela porta sentindo a raiva crescer dentro de mim, toda tristeza se transformando em raiva. Olhei de um lado para o outro no corredor, e procurei por alguém, não havia ninguém, fui para fora o corpo de Livi não estava mais lá, apenas o sangue derramado no chão, voltei para dentro, direto para a cozinha procurar de alguma coisa alcoólica bem forte. Vasculhei por todas as portas dos armários, me virei e vi Enzo com uma garrafa de wiskey na mão, empurrou para mim e eu rapidamente impregnei e virei de uma vez, sentindo o álcool queimar e aliviar.

- a onde está meu irmão?
- já deve estar voltando ele foi jogar o corpo da Livi no lago.

Revirei os olhos.

- você devia fazer isso, ela era sua namorada. - bebi mais um gole.

- estava ocupado. - ele respondeu secamente.

Peguei a garrafa nas mãos e a levei junto comigo para fora, olhei ao redor para ver se avistava Caio, e vi ele de longe, meus olhos seguiram para o céu e vi que começava a chover, Caio e Michael começaram a correr, desci as escadas e assim que eles estavam a salva na varanda eu levantei a parede de proteção. Voltei para a varanda olhei para Caio para ver se ele estava bem, mais ele revirou os olhos e me ignorou, olhei para Michael e dei um murro em seu braço tão repentino pra mim quanto pra eles.

- isso foi por atirar em mim. - passei por eles e fui para a cozinha novamente pegar meu jantar, me sentei numa cadeira velha e comecei a mexer na comida enquanto os outros se serviam.

- Caio. - o chamei.

Ele olhou para mim com desdém.

- o que foi? - perguntei.

- o que foi? - ele perguntou d volta com ironia e raiva. - você a matou sem a menor necessidade,  ela não havia te feito nada e mesmo assim a matou. - ele disse nervoso.

Serrei os olhos para ele desacreditada do que ele estava falando. Enzo e Michael se viraram para nos tão surpresos quanto eu.

- nossa me desculpa se meu instinto e retalhar quando alguém parte meu coração. - disse com arrogância e ironia. - mais eu ja matei por muito menos não devia estar surpreso. - dei mais uma colherá e revirei os olhos.
- tem razão, eu só havia me esquecido como e morar com uma prole de demônio em pessoa. - ele deu de costas e saiu.

Enzo e Maycon olharam para mim e o seguiram. Pela primeira vez de relance eu consegui ver os pulsos de Enzo com uma cicatriz, como se ele tivesse sido algemado com correntes, mais não qualquer corrente, olhei para o meu pulso me lembra das algemas que os anjos usavam para me amarrar, era a mesma marca. Aquilo me fez ficar pensativa, até que um estrondo alto e forte perto da casa me fez levantar e ver o que era, por que com certeza não era um simples raio. Passei pela sala e todos me seguiram até a varanda.
À noite escura e chuvosa dificultavam minha visão, de repente algo  bateu contra a parede de proteção e pude ver de relance com a ajuda do calarão quatro sombras, altas e esguias e seguravam algo comprido, mais uma vez um deles bateu e agora pude ver que era algum tipo de espada, segui a linha do clarão e percebi que a parede não ia aguentar por muito tempo, outra vez eles bateram fazendo um barulho estrondoso.
- o que são aquelas coisas? - perguntei.

-Algumas criaturas da legião de demônios de John, ele sabe que esta aqui.

Enzo e eu nos colocamos em frente à nossos irmãos para protegê-los, mais uma vez eles bateram eu e Enzo nos entre olhamos e vimos a barreira cair como cacos de vidro ao chão, saltamos para fora da varanda, em meio a juva forte, os fios molhados do meu cabelo sacudiram no meu rosto, aquelas coisas se colocaram em posição de ataque e pude ver que suas espadas não eram simples espadas, eu sentia medo, um medo incomum ao vê-los com elas.
Depois de alguns golpes dados e recebidos por ambas as partes percebi que nada que eu fizesse ou tentasse atestava eles, e como se eles fossem imunes, olhei para Enzo, nos dois com respirações ofegantes, de relance pude ver que uma daquelas coisas o acertaria com a espada e dentro de mim sabia de algum forma que aquilo o mataria, rapidamente me pus sobre eles sentindo a lâmina queimar e rasgar minha carne, conseguia sentir a morte se alastrando dentro de mim.

- por que? - ele perguntou assuntado.

Olhei para seu pulso, para que ele entendesse que eu sabia que ele havia tentado me procurar mais que os anjos de alguma forma o impediu.
Senti o sangue sair pela minha boca e escorrendo, ele me olhava desesperado enquanto eu me sufocava com meu próprio sangue. Minha visão começou a ficar embaçada. Senti a dor da lâmina cortando ao sair, vi que Enzo olhou em outra direção e eu tentei seguir e vi o vulto de Conan com a lâmina nas mãos, e foi a última coisa que consegui ver.

Guardiã Where stories live. Discover now