Massacre familiar.

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O ressoar do sino da igreja o acordou mais uma vez. Era o som matinal que mais gostava. Levantou-se da cama e acordou sua pequena irmã como sempre fazia. Porém dessa vez ela não se levantou, se encobriu novamente com as cobertas e dormiu.Decidiu descer as escadas sozinho. Encontrou seu pai fazendo o desejum sentado na mesa, em seu prato haviam seus tão apreciados ovos cozidos e um copo de café, ao lado sua mãe estava tricotando uma roupa nova, um vestido verde. Zack desceu as escadas animado como a criança de sete anos que era.

Seu pai lhe lançou um olhar fechado e Zack perguntou a si mesmo se tinha feito algo de errado, mas então seu pai sorriu e Zack como uma flecha se jogou em seu pai. Devido ao trabalho no campo, via pouco seu pai que trabalhava o dia inteiro e as vezes até à noite, mas sempre no aniversário de seus filhos ele tirava o dia de folga, não importando o que deveria fazer no dia, era um dia quase sagrado.

- Feliz aniversário Zack. - seu pai o abraçou e mostrou o boneco que havia talhado para o filho. - É seu, sempre que se sentir só, olhe para ele e lembre-se de nós. Sua mãe me ajudou.

- Obrigado pai! - Um brinquedo era um mimo destinado à nobres e ricos comerciantes, Zack possuía apenas três, todos feitos por seu pai.

Sua mãe então se levantou da mesa, e pegou algo e entregou nas mãos do garoto.

- Aqui! Advinha? - disse ela largando o vestido e pegando algo debaixo da mesa. - Eu tive algum trabalho de encontrar, mas valeu a pena. Um livro novinho, como havia pedido!

Zack se maravilhou, para camponeses pobres como eles, um livro era um bem material muito caro. Ele havia esquecido quantas vezes havia pedido para seus pais um livro. Na capa tinha um animal sendo morto por um homem com uma espada.

- Obrigado! - deu um abraço em ambos e se maravilhou com o livro o abraçando.

Seu cachorro Bob, saiu de baixo da mesa e pulou em si.

- Hey Bob.

- Au! - o cachorro lhe respondeu.

Aquele dia era feliz demais para Zack, o garoto não conseguia tirar o sorriso do rosto. Mas então como um trovão, ele entrou na casa. Estava coberto de sangue, sua armadura era mais vermelha que cinzenta e sua barba estava coberta com pedaços de tripas. Aquele era seu tio, Ygratz. Não havia como esquecer aqueles olhos amarelados.

- Ygratz, o que houve? - Seu pai perguntou da mesa, sem olhar para o irmão.

Zack sentiu as mãos de sua mãe lhe afastar da cozinha e então percebeu seu livro caindo no chão. O pegou e quando se levantou, ao olhar para seu tio, viu ambos os olhos amarelos e brilhantes, e naquele momento seu coração parou por um instante. Era como se estivesse diante de uma besta faminta.

- Os malditos Trolls apareceram e estão nos matando aos montes! O conde foi decapitado e sua família desmembrada. Os filhas das putas conseguiram quebrar nosso cerco com a ajuda da porra de um dragão! Eles estão cada vez mais se aproximando do coração de Terfin. O imperador está desesperado e nos amaldiçoando.

- Eu não me importo com seus problemas. - disse seu pai sem olhar para ele. - E nunca mais use esses olhos em minha casa, irmão.

- Gretz! Até quando vai continuar se escondendo aqui nessa porra de lugar? - bateu sua mão pesada na parede de madeira. - Fingindo ter uma família feliz, enquanto o seu país sangra?! Até quando irá se esconder? Nós precisamos de você na linha de frente! Você se esqueceu do sangue que está em suas veias?! Você se tornou um covarde! Como você e o papai podem ser tão tolos?! Por causa de suas fraquezas a mamãe morreu!

Sangue de ElfoOnde histórias criam vida. Descubra agora