Veronica andava impaciente pelas vielas sujas e repletas de ratos da cidade de Arcor. Não imaginava que teria de voltar à aquele lugar, não depois de ter jurado a si mesma que jamais pisaria ali novamente. Os mendigos se acomodavam em pedaços de cobertas e alguns dividiam o espaço com excrementos humanos, o cheiro fétido a deixava tonta. Imaginava se finalmente sua busca traria resultado, mas aquele anão da estalagem parecia bem concreto com a informação. Por mais que dez moedas de ouro fizessem a maioria das pessoas convincentes. Mas já havia perdido a conta de quantos boatos falsos à haviam levado ali.
- Merda! - disse ao pisar sem querer em um cachorro morto.
Seu vestido verde estava se tornando quase cinza devido à poluição e sujeira do local, quando voltasse, a condessa Nerial com certeza lhe aplicaria um sermão.
Observava ao redor, mas não o achava. Estava a procura de um jovem, provavelmente ele teria vinte anos, no máximo. A única característica que talvez pudesse reconhecer era seu sorriso inigualável e natural. Porém, já estava quase desistindo, talvez seu noivo tivesse razão, talvez ele tivesse morrido.
- O que está fazendo aqui, Vê? - por um momento seu corpo tremeu quando escutou aquela voz.
Não podia ser outra pessoa, aquela voz... só poderia ser ele! Ela se virou com um sorriso no rosto que rapidamente se fechou quando o viu.
Como podia ser ele? Sua voz era a mesma, mas... aquele jovem, era... sujo. Possuía um longo cabelo negro, e emaranhado, com moscas voando acima de sua cabeça, uma espessa barba chegava até o fim de seu pescoço. Não, aquele não podia ser o alegre Iker. Seu sorriso não mais existia, era apenas um rosto marcado por uma expressão séria. Era tudo o que ela menos esperava.
- Iker... não... você não é ele. - sentiu a voz vacilar.
O homem suspirou e se sentou no chão. Se vestia com uma camisa surrada e amarela, mas algum dia ela provavelmente havia sido branca, usava uma calça tão curta e remendada que havia se tornado um calção. Tinha nas mãos uma garrafa de cerveja, mas estava vazia. Seu olhar não encontrava outra coisa se não o chão. Por mais que anos houvessem passado, ele nem sequer havia a abraçado.
- Vê... saia daqui. Eu não pedi para que viesse. Esqueça que eu existo. - foi categórico.
O chute acertou seu rosto, porém ele sequer pensou em revidar.
- Iker! Seu... ! O que está dizendo?! Eu te procurei por sete anos! Sete anos! E você me diz isso?... - franziu o cenho. - O que está fazendo aqui? Eu juro que não acreditei quando meus informantes me falaram!
Iker fechou os olhos.
- Informantes? Que bom... você conseguiu se tornar rica pelo que vejo. - seu olhar era distante.
Verônica mordeu os lábios. Como seu amigo de infância podia ter mudado tanto? Se lembrava de quando ambos olhavam as estrelas a noite no celeiro e faziam promessas entre si, enquanto sonhavam com uma vida melhor. Mas aquele homem em sua frente... não possuía qualquer tipo de sonho.
- O que aconteceu? Eu fiquei sabendo que você abandonou tudo, que havia desistido de sua vida, mas não esperava que... - viu o ódio crescendo no rosto daquele que um dia havia sido seu herói. - Um covarde.
Ele se levantou com um semblante feroz e por um momento ela achou que levaria um soco, porém ele logo se acalmou. Ao menos nisso ele ainda continuava o mesmo, impulsivo porém sempre no fim se acalmava.
- Vá embora, Vê. Esqueça de mim. - jogou a garrafa de cerveja no chão que se estilhaçou em pedaços.
- Como pode ser tão egoísta?! Como pode abandonar tudo?! Você entende o que eu senti quando foi embora? " Ele partiu a noite com algumas roupas" disse minha avó. Eu não chorei, pois achava que você iria voltar algum dia, como nas promessas que fizemos.
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Sangue de Elfo
FantasyApós ter sua família assassinada por um tio ambicioso e poderoso, um jovem garoto jura a si mesmo vingança, não importando os meios para a conseguir. No entanto, disputas de poder e o aparecimento de uma estranho ser no continente de Terfin, o coloc...