Monstros e ouro: Trabalho

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O limiar da realidade e loucura, confundia sua mente no calar da noite. Pesadelos lhe assombravam e  a noite sem fim fazia seu corpo cada vez mais cansado, perder noites de sono era uma uma rotina. Era a terceira noite que dormia ao relento, seguindo a direção que o anão lhe havia apontado. Até mesmo ele necessitava de um bom descanso, por mais que em seu interior, se negasse a isso. No entanto, descansar no pântano era um suicídio, afinal não era chamado de Pântano das Almas Perdidas a toa. Um lugar horrível, úmido e pouco visitado. Grossas árvores sem folhas cobriam todo o lamaçal sem fim, onde uma pisada em falso poderia significar seu fim. Além disso, monstros rondavam durante toda a noite, exprimindo rosnados e longos gritos.

Julgava estar em Jurg, grandes terras que no passado haviam sido o palco da batalha entre o rei Khal contra o feiticeiro Mordor pela pedra filosofal. No fim, ambos haviam perdido e a pedra jamais fora achada. Segundo as lendas afirmavam, houve um tempo em que haviam tantas pessoas morrendo por uma estranha doença, que não havia espaço em outras regiões para os corpos, então centenas de milhares foram enterrados um em cima do outro, como animais, causando assim sentimentos de ódio que aprisionaram muitos fantasmas no mundo humano. Frequentemente eram enviados soldados para procurar crianças desaparecidas, mas dificilmente se achava alguém.

Deitando-se em cima de um grosso tronco de madeira tombado no chão, colocou a espada encostada em uma pedra. Repousou calmamente e ficou a sós com a escuridão da noite. Ouvia o som de um sapo, e via vagalumes pairando acima de sua cabeça.

Onde você está, tio?... Durante todos esses anos, nada mudou... eu ainda irei acabar com você. Pensou fechando os olhos.

Mas então, como um estranho sentimento algo apertou seu peito e ele levantou-se rapidamente com a espada de prata em mãos. Aquele sentimento, ele jamais havia sentido algo assim, mas já havia lido a respeito.

" Se durante uma noite você sentir um aperto no peito e isso for forte o bastante para te acordar. Saiba que você está prestes a encontrar um Espectro... o que significaria sua morte" - Escreveu Robert Nagasaki, famoso escritor da primeira grande guerra que testemunhou com seus olhos, uma aparição.

Um espectro é um ser fantasmagórico que anda pelas florestas solitárias à procura de vitimas em potencial. De aparência humana, a única coisa que os difere são seus corpos já em avançado estado de decomposição. Suas vítimas preferidas incluem crianças e mulheres grávidas, de quem se alimenta, através de seus sangues. Um espectro é um ser ainda preso ao mundo real, devido a algum motivo sentimental, desde um assassinato sem resolução, até um suicídio arrependido. Esses seres vagam sem rumo, em busca de sangue quente, o que já não mais possuem...

Zack havia lido tudo aquilo na Guilda dos Espadachins, porém estar frente à aquilo que só se via nos livros, era totalmente diferente. Ergueu a espada e se afastou calmamente do ser espiritual. Ele possuía quase dois metros, era um homem forte e ruivo, vestia se com uma roupa surrada, já toda rasgada. Provavelmente um açougueiro em sua vida. Mas a morte lhe fora terrível, pois metade de seu rosto se desprendia da face, e um grande corte na barriga deixava à mostra suas tripas que pendiam balançando enquanto andava. 

- Droga... meu corpo treme...

O ser emitiu um grito lamuriante e se jogou para cima do jovem que abriu seu olho amaldiçoado e desviou do ataque . Quando usava o olho de águia, Zack conseguia ver e sentir coisas em um nível muito superior ao de humanos normais. Esse era o sangue de seu pai e de seu avô. Porém, usar aquele olho sempre lhe deixava cansado, por isso na maior parte do tempo o mantinha fechado. Mas em situações como aquela ele não podia vacilar.

- Eu não tenho nada contra você. - disse o jovem. - apenas siga seu caminho, como todos fazem!

Zack avançou e desferiu um corte de cima para baixo, porém a espada atravessou o ser fantasmagórico. O Espectro desferiu um chute no peito do jovem espadachim que foi brutalmente jogado contra uma árvore, caindo ao chão com uma forte dor no peito.

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