Capítulo 5

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   – Deve estar maluca se acha que vou deixar que você faça isso. − Miah anda a minha volta, com as mãos torcidas e angústia no olhar.

    Estamos em meu quarto, e já passei a algum tempo da fase de argumentar e tentar fazê-la entender o quanto aquilo era importante para mim. Agora estou apenas ignorando todo o barulho que ela faz a minha volta, e simplesmente correndo contra o tempo na tentativa de não deixar que ele se vá da minha vida. Agora, que o tive tão perto. Tão meu.

    Tão meu... que agora eu nunca poderia regredir um passo sequer em nossa curta caminhado. Tê-lo perto, desarmado, tão leve... Deus, eu só queria uma vida assim, com ele.

    − Não está aberto a discussão. –Devolvo com voz firme enquanto coloco rapidamente o tênis e prendo meu cabelo, sem muito cuidado.

    −Sav, isso é loucura! Ouvimos claramente sua mãe. Ela o mandou ficar longe. Por que diabos não poder lidar com isso e não estar em volta dele o tempo todo? –O tom de voz que ela usa me faz saber que está muito, muito puta comigo.

    − Miah, o que ela pensa que é? Minha dona? Não pode decidir assim, sobre isso. É muito injusto, agora que ele finalmente deu um passo em minha direção, minha mãe decida colocar o mundo entre nós. – Aperto meus olhos e sinto minha têmpora latejar.

    − Sav ela sabe o que é melhor para você. Noah é problema. Ele grita confusão! Olha onde estavam, olha o que aconteceu com você. Pelo amor de Deus, você não pode ser tão inconsequente assim! Acabou de sair de um hospital, isso não basta? – Ela finalmente cede a tentação que é tão mais forte e me pega pelos ombros, balançando lentamente enquanto prossegue: − Sav, você não é assim! Ele a transforma em alguém que não eu não reconheço!

    – Eu sou esta pessoa, Miah. E se não pode lidar com isso, apenas fique fora do meu caminho e volte correndo para o seu mundinho cômodo! – Solto palavras que são necessárias, para que ela me deixe ir. Só porque conheço-a absurdamente fácil, e sei que magoá-la e a única forma existente de carregá-la para longe.

    E minha língua ferina e meu coração pesado não me decepcionam. Porque Miah apenas retira as mãos dos meus ombros, e me dá as costas, saindo pela porta lateral, num piscar de olhos.

    E então eu tenho toda liberdade que preciso para realizar minha última tentativa de não perder Noah. Mas eu preciso ser rápida, pondero, enquanto aperto entre meus dedos a chave que eu vergonhosamente roubara do bolso de minha amiga em nosso "embate" a poucos segundos.

    Corro para a porta de entrada, e apresso meus passos.

    Quando já estou frente ao volante do pequenino carro de Miah, vejo-a pelo espelho retrovisor, a poucos metros de mim. E seus olhos são algo que quase me fazem desistir, de Noah e toda nossa merda.

    Ela simplesmente está lá, olhando nos meus olhos, como se não acreditasse em nada, em nenhuma estúpida partede todo aquele cenário.

    Eu não a culpo, por não conseguir acreditar que a manipulei, e a roubei.

    E agora? Eu mesma não me reconheço.

   Os olhos dela são apenas tristes, e cansados. E isso pesa uma tonelada sobre o meu coração.

    Mas quando sei que tenho Noah algumas milhas a minha frente, fugindo de si mesmo outra vez, Miah é algo com o que eu não posso lidar agora.

    Acelero o pequeno carro, e faço uma oração silenciosa de gastar o resto do ano tentando compensar Miah por toda a traição e mágoa que eu lhe causara.

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