Capítulo 8

272 28 16
                                    

Presente

   – Eu poderia mesmo me manter a margem e deixar que vocês dois, pequenos idiotas percam tempo resmungando impropriedades na direção um do outro..., mas depois dos primeiros três minutos observando essa briga quase silenciosa se tornou enfadonho, então façam o favor de se afastar que preciso examinar Carl. – A voz grave do Dr Maison, conhecido por seu senso de humor deveras desconexo me assusta e me tira rapidamente do estado de torpor quase sono em que me encontro.

   Solto a mão de Carl que até então eu mantinha entre as minhas e afasto-me de seu leito raspando a garganta desconfortável.

   Minha postura é rígida e meu corpo inteiro dói, clamando por banho quente e uma cama confortável, tantas horas estou assim, forçando minha envergadura na teimosia de não fazer a vontade de Noah, deixando o quarto.

   Pisco não deixando minha mente trair em lembrar-me que amanhã eu estarei bem, quando estiver sobre as luzes escuras daquele bar, ouvindo o som de céu que era as velhas baladas texanas ao som da voz daquele homem.

   Aquele homem...

   Balanço minha cabeça com força para expulsar os pensamentos traidores e respiro fundo, lutando contra todo o meu cansaço.

   Mas respirar fundo me traz o cheiro de Noah. E ele é outra complicação da porra que me roubava o ar e a sanidade.

   Noah havia sido toda minha vida, por partes inteiras dela. E lidar com ele agora que meu coração estava tão destruído, me deixava esgotada.

   Deus. Porque tudo era tão injusto?

   Preciso desesperadamente de qualquer alento... um café, uma poltrona, uma conversa, uma luz... eu preciso de forma gritante me colocar a vidas de distância do cheiro entorpecente dele para organizar com clareza minhas ideias e conseguir entender que sentimentos a volta de Noah me trouxera e porque respirar agora parecia quase impossível, enquanto meus olhos fitam o corpo grande e forte dele a minha frente, espreguiçando-se lentamente com os olhos fixos nos meus.

   – Vamos lá, Savannah. Descongele. – Ele fala, rindo torto a minha frente, zombando de meu descontrole. – Deixe o médico fazer os eu trabalho.

   Engulo as palavras que se formam rapidamente em minha mente e afasto-me para o lado, controlando ferreamente a vontade que tenho de manda-lo para o inferno.

   Estamos a horas, trocando farpas eletrizantes e nada parecia surtir efeito sobre a fria máscara de indiferença que ele erguera em minha direção.

   Noah estava distante, quase inatingível

   As poucas palavras que havia me dirigido eram secas, quase grossas.

   Respiro fundo e encaro-o lutando para não deixar transparecer qualquer emoção.

   Porque se eu era capaz de lidar com o caos que minha vida se tornara, estando frente a quem me tornara vazia e não correr para as colinas, e não deixar transparecer o quanto aquilo me destruía... então sim, eu também poderia lidar com Noah!

   Ele instalara-se na cadeira de acompanhante, parecendo totalmente confortável e nem um pouco cavalheiro, visto que eu estava em pé.

   O idiota parecia mesmo disposto a se manter ali.

   Bufo, balançando minha cabeça negativamente.

   – Pode balançar sua cabeça quantas vezes desejar, eu não vou desaparecer, Savannah. – A voz dele, malditamente sexy chega aos meus ouvidos, adivinhando meus pensamentos.

Quase irmãos - Livro 1 disponível na AmazonOnde histórias criam vida. Descubra agora