Cap. 5

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Apesar de ter dançado a noite toda, acordei bem disposta hoje. Faz poucos dias que tive uma crise, mas agora me sinto diferente, é como se uma dose de energia tivesse sido injetada em minhas veias e isso me faz sentir como se pudesse enfrentar o mundo. Agora tenho forças para enfrentar meus problemas de cabeça erguida. Algo me diz que sairei vencedora desta guerra.

— HELENA! HELENA! — ouço alguém me gritar e quando me viro dou de cara com Marie. Estávamos tão próximas que pude sentir seu hálito fresco, quase entrei em transe. Depois de alguns segundos nos afastamos e ela se posicionou ao meu lado.

— Você é bem distraída em?! — sorriu e pela primeira vez eu desejei tê-la mais perto, aqueles olhos negros eram tão intensos e misteriosos que me faziam esquecer até meu nome. Como é possível que tenha tanto poder sobre mim? — Helena?

— É, oi! Desculpe, seus olhos são magníficos! - Ah Helena, pra que você foi dizer isso? Não devia ter dito isso, não devia.

— Obrigada. — percebi uma certa timidez vindo dela.

— Nunca te falaram isso? — mesmo com raiva de mim mesma não pude conter minha curiosidade.

— Algumas pessoas sim, mas nunca acreditei.

— Pois trate de acreditar! — poxa Helena, outra vez, controla essa língua.

— Pode deixar. — aquele sorriso fez com que meu coração acelerasse a ponto de pensar que ele fosse saltar pela minha boca.

Quando percebemos já havíamos chegado à escola. Marie foi para a sala dela e eu para minha.
A manhã seguiu tranquila e já estava quase na hora do intervalo, de repente senti algo ruim, minhas mãos começaram a suar, meu coração acelerou de uma forma tão intensa que começou a me causar dores, o mundo a minha volta girava tanto que quase desmaiei ali mesmo, minha garganta ficou seca e uma fraqueza tomou conta de meu corpo, pensamentos ruins invadiam a minha mente. Sai da sala o mais rápido que pude e caminhei em direção ao banheiro que para minha sorte estava vazio, entrei em um box e então as lágrimas rolaram pelo meu rosto. Apesar de chorar muito, aquela sensação de angústia não passava, era como se não fosse conseguir parar de chorar nunca.

Depois de alguns minutos ouço alguém me chamar, mas eu estava tão fraca que não conseguia responder e as lágrimas insistiam em cair. Senti alguém me abraçar, um abraço que fez com que meu coração se acalmasse, me senti protegida e quando abri os olhos lá estava ela, tão linda e gentil, acariciava meu cabelo na intenção de me acalmar.

— Marie. — minha voz saiu fraca e ela fez um sinal para que me calasse.

— Não precisa falar nada agora, eu estou aqui e vou cuidar de você. - aquelas palavras me fizeram sentir um misto de emoções, boas emoções.

~~~
MARIE

Estava indo à sala de Helena quando a vi sair desnorteada em direção ao banheiro. Naquele momento uma confusão tomou conta de mim, não sabia se ia atrás dela ou se esperava a mesma voltar. Quando dei por mim já estava no banheiro chamando seu nome.
Então quando a encontrei no chão, chorando, não pensei duas vezes e a abracei, naquele momento a única certeza que eu tinha era que devia cuidar dela.
Vê-la naquele estado foi um choque para mim, eu só queria arrancar aquela dor que estava lhe fazendo tão mal. Queria fugir com ela daquele lugar e fazê-la completamente feliz.

Algum tempo se passou até que Helena se acalmou, lavou o rosto e fomos de volta para nossas salas.

— Acho que você devia ir para casa.

— Não, estou bem. Faltei ontem, não posso faltar hoje também.

— Certo, mas caso algo aconteça é só me ligar ou mandar mensagem, este é o meu número. - peguei sua mão e anotei meu número.

Não vi Helena depois do que aconteceu, talvez ela esteja precisando de um tempo para organizar as ideias ou só queira ficar sozinha mesmo. Bom, o que me resta é esperar algum sinal dela.
Já se passava das duas da tarde quando um numero desconhecido me mandou mensagem no whatsapp.

Marie.

— Oi, quem é?

Helena, você pode vir aqui em casa?

Claro, me passa seu endereço.

Nos cachos de HelenaOnde histórias criam vida. Descubra agora