Cap. 3

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— Marie, onde você estava meu anjo?

Subi para o meu quarto ignorando a pergunta de minha mãe. No estado em que me encontrava seria impossível explicar onde ou com quem eu estava. Minha mente não parava um só momento.
Entendo a preocupação da minha mãe, afinal de contas sou filha única e depois que ela e meu pai se separaram nos tornamos mais próximas.
A separação ocorreu pouco tempo depois que me assumi. As vezes me pergunto se a culpa foi minha. De fato não sei e nem tenho coragem suficiente para conversar sobre isso com minha mãe.
Ela aceitou muito bem minha orientação sexual, disse que sempre estaria ao meu lado e que me amava da mesma forma pois isso não era o fim do mundo. Já meu pai foi totalmente diferente, para ele isso era sim o fim do mundo. Não foi fácil convencê-lo de que eu não estava passando por uma fase. Graças a Deus minha mãe me defendeu dos insultos que ele direcionava à mim.
O tempo foi passando e ele se deu conta de que não era uma fase. Então tudo se ajeitou. Foi o que pensei, num dia qualquer os dois me chamaram para conversar e me deram a notícia do divórcio. Meu mundo desabou.
Os meses após a separação não foram fáceis. Meu pai se mudou para uma cidade vizinha e passou a me visitar uma vez na semana. Sentia muita falta dele, mas depois de algum tempo me acostumei. Eu e minha mãe continuamos na casa e nossa relação se fortaleceu muito.
 
 

                  ~~~

Saí do banho sem acreditar no que havia ocorrido mais cedo. Helena era mais interessante do que podia imaginar. Por um instante pensei que não conseguiria me controlar e iria beijá-la ali mesmo. Quem diria que ela me conhecia e sabia dessa minha fama de pegadora que nem eu mesma tinha consciência que existia.
Parando para analisar, eu não havia ficado com tantas meninas do colégio, talvez umas três ou quatro no máximo. Então de onde surgiu essa fama? Isso não importa agora.
Resolvi assisti um filminho lésbico. Não, não era Azul é a cor mais quente e sim Amo mais que chocolate. Um dos meus filmes favoritos. O restante da tarde foi assim, entre filmes e remakes dos momentos que tivera mais cedo com a garota dos cachos perfeitos.

HELENA

Quando cheguei em casa percebi que minha mãe já havia saído. Fui direto para a cozinha, estava faminta. Na geladeira havia um bilhete

"Filha, fui trabalhar. Te esperei para almoçarmos juntas mas você demorou e não tive como esperar mais. Deixei comida para você na geladeira. Te amo! "

Mamãe sempre foi muito carinhosa, ela trabalha muito para me sustentar, moramos sozinhas e meu pai, bom se é que aquilo pode ser tratado dessa forma, abandonou minha mãe quando soube que ela estava grávida.
Sei que não é fácil para ela, imagino as humilhações que sofreu e sofre por ser mãe solteira. Afinal de contas todos nós sabemos que quando algo assim acontece a única pessoa humilhada e desprezada pela sociedade é a mulher.

Terminei de almoçar e fui direto para o quarto tomar um banho. Não sei quando nem como meus pensamentos me levaram à Marie. Lembrei da nossa conversa na biblioteca e o que mais me intrigava era o fato de que pela primeira vez em tempos eu me senti bem ao lado de outra pessoa. Não desejava fugir de lá, nem muito menos parar de conversar com ela. Algo nela me deixava totalmente à vontade, livre para poder ser eu mesma com todas as minhas paranóias.
Marie literalmente era diferente das demais pessoas. Um sentimento bom tomou conta de mim, de alguma forma eu sabia que aquela não seria nossa primeira e última conversa. Algo me fazia crer que uma ligação muito intensa irá se formar entre nós. E isso me deixa muito feliz.

Vesti um baby doll azul e fiquei jogada na cama assistindo uma série qualquer e ansiando por outro momento com Marie.

Oi meus amores, fiquei uns dias sem publicar por problemas pessoais mas estou de volta. Espero que gostem, curtam e mostrem para seus amigos e amigas. Críticas e sugestões são sempre bem vindas! ♥♡

Nos cachos de HelenaOnde histórias criam vida. Descubra agora