Cap. 2

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Passei a manhã toda no meu refúgio particular, era como se tivesse me teletransportado para o mundo da Agatha. Todo aquele suspense me prendia de uma forma inexplicável à aquela história, mesmo já sabendo o final a cada capítulo era uma nova descoberta. Não importava quantas vezes eu lesse, este livro sempre me surpreendia.
Já estava no penúltimo capítulo quando alguém me interrompeu. Levantei meu rosto para ver quem era, e lá estava ela...

MARIE

As aulas após o intervalo pareciam não acabar nunca, se alguém me perguntasse o que foi passado pelo professor eu não saberia responder. Meus pensamentos estavam em uma única pessoa, Helena.
Todos aqueles questionamentos me rodeavam como fantasmas. Parecia que aquela tortura não iria acabar jamais. Ana sentou-se ao meu lado e por diversas vezes tentou me tirar do transe que havia tomado conta de minha mente. Ela mais do que ninguém sabe como estou me sentindo agora, minha amiga me conhece de trás para frente.
Pode parecer drama, mas Helena era como um elixir para mim. Eu precisava dela, mesmo que só pudesse observá-la, tudo nela parecia me dar mais uma dose de energia, de felicidade.
Finalmente a aula terminou. Aninha me acompanhou até uma parte do caminho e durante todo o trajeto ela se esforçava para me animar, mas era em vão.

- Ah vamos Marie, sorria um pouco. Ela só faltou um dia, não é o fim do mundo! - Ana fez uma careta, mas nem isso me fez sorrir.

- Ana, entenda, eu amo essa menina.

- Eu sei, mas você não pode se abater por isso. Amanhã ela estará de volta e vai poder admirá-la o quanto quiser. - deu uma leve apertada em minha bochecha.

Caminhamos durante uns dez minutos até que chegamos em um cruzamento. Ana se despediu me dando um abraço apertado e seguiu para a esquerda enquanto eu segui para a direita. Pensava numa forma de melhorar o resto do meu dia já que o mesmo começou tão mal.

Andar de bicicleta, colocar as séries em dia, comer muito chocolate, dormir a tarde toda

Tudo isso passou por minha mente. Quando dei por mim estava em frente a uma biblioteca então decidi entrar e me distrair um pouco fazendo umas das coisas que mais amo. Ler. Andei por entre os corredores analisando cada livro, cada um tinha algo particular, o cheiro, a textura, as capas, cada um com sua peculiaridade, e isso me encantava.

Avistei numa mesa distante alguém que fez meu coração acelerar, minhas mãos suarem, as pernas amolecerem. Eu não conseguia acreditar que ela estava aqui,por um instante me esqueci até de respirar e fiquei observando-a ler. Seus cachos por diversas vezes insistiam em atrapalhar a sua leitura, mas não parecia incomodá-la. Havia algo diferente nela, não eram as roupas, nem cabelo. Observei bem e percebi que ela estava usando óculos. O que lhe dava um charme a mais.

Quando dei por mim já estava me aproximando do local em que ela se encontrava.

- Ela matou a irmã. - balbuciei um tanto nervosa. Helena ergueu o rosto para olhar nos olhos da pessoa que atrapalhou sua leitura e pela primeira vez pude ver de perto aquele olhar que fez com que uma corrente elétrica passasse por todo meu corpo.

- Eu sei final, já o li inúmeras vezes. - falou e voltou sua atenção para o livro.

- Desculpe te atrapalhar. - Girei meus calcanhares e fui em direção à saida.

- Ei, espere. - Helena se levantou e se aproximou de mim. Nesse momento eu pensei que fosse ter um taquicardia ali mesmo. - Não vai embora, sei que mal nos conhecemos mas eu já te vi no colégio. - deu um sorriso que fez meu coração derreter.

- Você já me viu? Ah meu Deus! - levei minha mão até meu rosto, a sensação de ter sido pega no flagra tomava conta de mim. Nunca me senti tão envergonhada.

- Mas é claro que já te vi. Você é famosa no colégio, principalmente entre as meninas. - deu uma piscadela e então entendi o que estava querendo dizer. Era sobre minha orientação sexual que ela falava. Meu corpo enfim relaxou pois ela não sabia que eu a adimirava todos os dias.

- Ah, isso! - sorri - Não é bem assim. Parece até que fiquei com o colegio inteiro.

- Pode até não ter ficado, mas que você faz sucesso, ah você faz. - deu um sorrirso sacana - Vamos voltar para mesa - sugeriu.

Eu estava tão nervosa. Sonhei tanto com esse momento, estar ao lado dela, conversar besteiras, falar sobre livros e séries. Um turbilhão de ideias invadiam minha mente.

- O que achou do livro? - Helena rompeu com o silêncio que havia se instaurado entre nós.

- Simplesmente magnífico! Sou apaixonada pela história, pelos personagens, pela forma como a autora conduz a mesma.

- Eu sinto a mesma coisa. Nunca me canso de ler. - deu um sorriso de canto

Estar com ela era tão maravilhoso, parecia um sonho. Sei que sou uma boba apaixonada, mas é tão bom estar assim.

- Nossa, já são 12:30! - falei assustada olhando para o relógio - Tenho que ir. Mas eu não quero ir. - se arrependimento matasse eu estaria morta agora, não devia ter dito isso, ela deve estar achando que sou uma conquistadora barata.

- Eu também tenho que ir. Minha mãe deve estar preocupada. - Caminhamos até a saida da biblioteca e na frente da mesma nos despedimos com um abraço.

Cheguei em casa flutuando de tanta felicidade, o sorriso em meu rosto era enorme. Um sorriso apaixonado.

Gente, nem acredito que consegui terminar este capítulo! Tive um bloqueio criativo que me deixou aérea por um tempo, mas graças a Deus acabou! Espero que gostem do capítulo, críticas e sugestões são sempre bem vindas! <3

Nos cachos de HelenaOnde histórias criam vida. Descubra agora