O Beijo da Fênix

Ameaça

Era difícil encontrar palavras que descrevessem corretamente a sensação que era olhar no fundo dos olhos da Fênix. O medo era a palavra mais aproximadamente adequada para se dizer. Mas era mais do que isso. Olhar dentro da imensidão negra e o brilho escarlate era olhar para a própria desesperança. Não havia alegria dentro daqueles olhos, não havia fé. Havia, porém, uma certeza. A de que o mundo acabaria dentro daqueles olhos.

Ele traria o caos. Ele traria o fim.

Os olhos da Fênix, no entanto, possuíam uma única beleza. Talvez, a mais esplendorosa das belezas: paixão. Se tornavam mais suaves quando olhava para seu querido Baekhyun enquanto este dormia. Ele era a sua estrela, seu coração, sua alma.

Não quis acordá-lo, mas Baekhyun tinha um sono leve, e ChanYeol o passo pesado. Ele se aproximou da cama, inclinou o tronco e depositou um beijo na testa do pequeno Filho da Luz.

– Quero mais – pediu Baekhyun com sua voz sonolenta, abrindo um sorriso ao sentir a quentura do corpo do namorado.

ChanYeol se ajoelhou ao lado da cama. Sorriu ao perceber as bochechas de Baekhyun levemente iluminadas. Era gracioso. Tão tentador que ele depositou um beijo nas bochechas e só depois nos lábios. Quando os lábios se desgrudaram, o corpo inteiro de Baekhyun mantinha uma iluminação sutil. ChanYeol se achou tão sortudo naquele momento. Baekhyun era lindo. Mas, ainda assim, parecia tão fraco.

– Me diz como foi sua busca. Encontrou alguma coisa?

ChanYeol quase sorriu. Quase. Sorriria se as noticias fossem melhores.

– Encontrei bastante coisa. Mas não foram os livros que me disseram.

– Foi o Nam?

– Não, foi a Fênix – viu os olhos de Baekhyun ficarem um pouco maiores. – Encontrei respostas em mim mesmo. Os livros abriram minha mente, e a telepatia me ajudou a entrar em contato com meu interior. Bem, não sei explicar direito como é, mas obtive as respostas.

Baekhyun se animou. Seus lábios se arreganharam e se sentou recostado na cabeceira. ChanYeol o acompanhou, podendo assim ficar o mais grudado possível com ele.

– Me conte tudo – Baekhyun pediu, mesmo sabendo que ChanYeol esconderia alguma coisa. Era dele. Sempre com seus mistérios.

Um suspiro e um vento quente tocaram a testa de Baekhyun, o fazendo se arrepiar. Se tivesse de pé, suas pernas estariam bambas. A paixão que sentia era mesmo devastadora.

– Você já se perguntou o porquê de nos apaixonarmos tão subitamente? – indagou retoricamente. – Sempre achei estranho eu ter te amado desde o primeiro olhar.

– Não me diga que você encontrou uma explicação para isso? – perguntou Baekhyun, com um ar brincalhão.

– Encontrei, sim. – O Filho da Luz franziu o cenho, não esperava uma explicação para o amor. Acreditava que ele simplesmente acontecia. – E é uma explicação complexa e... – Suspirou. – Talvez fosse melhor não dizer.

– Nada disso! Pode ir contando...

Claro que ele não deixaria de lado. ChanYeol foi ingênuo.

– Você lembra do que eu te contei sobre a minha mãe? Que eu a matei aos poucos durante a gestação? – Baekhyun assentiu. Seu coração doía sempre que ChanYeol se culpava pela morte da mãe. – E você sabe e acredita que em nosso planeta tudo é movido pelo destino, não sabe? Tudo é premeditado pelas nossas almas antes de nascermos.

– Sei disso, sim. Nossa força vem da alma, e os poderes do DNA. Acredito também que nossas almas se escolheram.

– Sim, Baek. Nossa força vem da alma, o que nos difere de outros povos é que nossa alma é evoluída. – Ressaltou. Seus dedos longos alisavam os cabelos cinza do pequeno. Isso o ajudava a relaxar – Acontece, Baekhyun, que a minha alma é diferente. Ela é mais evoluída, e não é só porque sou mestiço.