Eighth Chapter: ❝Min-ji❞

120 11 16
                                    


Rosé acorda no quarto novo. Está escuro. Por um último momento abençoado, ela acorda com a sensação de que todas as notícias sobre criaturas e loucura foram apenas um pesadelo.

Zonza, lembra-se de Gamcheon-Dong, de Lisa, de Kuma, da viagem, mas nada disso está claro até ela perceber, ao encarar o teto, que nunca havia acordado naquele quarto.

E Alice continua morta.

Sentando-se devagar na cama, ela olha para a única janela do quarto. Um cobertor preto está pregado à parede, mantendo-a a salvo do mundo exterior. À frente dos seus pés há uma velha penteadeira. A cor rosada da madeira está desbotada, mas o espelho parece limpo. No reflexo, Rosé está mais pálida do que o normal. Por isso, seu cabelo preto parece ainda mais escuro. Na base do espelho há mais pregos, parafusos, um martelo e uma chave inglesa.

Com exceção da cama, a penteadeira é o único móvel do quarto.

Ao levantar-se, Rosé passa os pés pela beira do colchão e vê, no carpete cinza, outro cobertor preto, dobrado com esmero. Este sobrou, pensa. Ao lado dele, há uma pequena pilha de livros.

Ela olha para a porta do quarto e ouve vozes vindo do primeiro andar. Ainda não conhece aquelas pessoas e não sabe dizer quem está falando, a não ser que seja Jiyong, com seu tom gentil, ou Lisa, cuja voz a guiará durante anos.

Quando fica de pé, o carpete parece áspero e velho sob seus pés. Ela atravessa o quarto e espia o corredor. Sente-se bem. Descansada. Não está mais zonza. Usando as mesmas roupas com as quais desmaiou na noite anterior, Rosé desce as escadas até a sala de estar.

Pouco antes de chegar ao piso de madeira, Jiwon passa, carregando uma pilha de roupas.

— Oi — cumprimenta ele.

Rosé o observa caminhar até o banheiro no fim do corredor. Depois, escuta-o mergulhar as roupas num balde de água.

Ao se virar para a cozinha, ela vê Jiyong e Jennie perto da pia. Rosé entra na cozinha enquanto Jennie tira um copo com água de um balde. Jiyong a escuta e se vira.

— Você deixou a gente preocupado ontem à noite — diz ele. — Está se sentindo melhor?

Rosé, ao perceber que desmaiou na noite anterior, fica um pouco envergonhada.

— Estou, estou bem. É só muita coisa para assimilar.

— Foi assim com todos nós — explica Jennie. — Mas você vai se acostumar. Logo, logo vai estar dizendo que a gente tem uma vida de luxo.

— Jennie é uma cínica — afirma Jiyong com simpatia.

— Não sou nada — responde Jennie. — Adoro este lugar.

Rosé toma um susto quando Kuma lambe sua mão. Ao se ajoelhar para fazer carinho no cachorro, ela ouve uma música vir da sala de jantar. Atravessa a cozinha e olha para o outro cômodo. Não tem ninguém, mas o rádio está ligado.

Ela olha de volta para Jiyong e Jennie próximos à pia. Atrás deles fica a porta para o porão.

Rosé está prestes a perguntar sobre ele quando ouve a voz de Seungri vindo da sala de estar.

Ele está recitando o endereço da casa.

— Hyehwa-ro, 273... Meu nome é Seungri... Estamos procurando qualquer pessoa que esteja viva... Sobrevivendo...

Rosé espia a sala de estar. Seungri usa o telefone fixo.

— Ele está ligando para números aleatórios.

Caixa de Pássaros ∞ chae+lisaOnde histórias criam vida. Descubra agora