Rosé acorda no quarto novo. Está escuro. Por um último momento abençoado, ela acorda com a sensação de que todas as notícias sobre criaturas e loucura foram apenas um pesadelo.
Zonza, lembra-se de Gamcheon-Dong, de Lisa, de Kuma, da viagem, mas nada disso está claro até ela perceber, ao encarar o teto, que nunca havia acordado naquele quarto.
E Alice continua morta.
Sentando-se devagar na cama, ela olha para a única janela do quarto. Um cobertor preto está pregado à parede, mantendo-a a salvo do mundo exterior. À frente dos seus pés há uma velha penteadeira. A cor rosada da madeira está desbotada, mas o espelho parece limpo. No reflexo, Rosé está mais pálida do que o normal. Por isso, seu cabelo preto parece ainda mais escuro. Na base do espelho há mais pregos, parafusos, um martelo e uma chave inglesa.
Com exceção da cama, a penteadeira é o único móvel do quarto.
Ao levantar-se, Rosé passa os pés pela beira do colchão e vê, no carpete cinza, outro cobertor preto, dobrado com esmero. Este sobrou, pensa. Ao lado dele, há uma pequena pilha de livros.
Ela olha para a porta do quarto e ouve vozes vindo do primeiro andar. Ainda não conhece aquelas pessoas e não sabe dizer quem está falando, a não ser que seja Jiyong, com seu tom gentil, ou Lisa, cuja voz a guiará durante anos.
Quando fica de pé, o carpete parece áspero e velho sob seus pés. Ela atravessa o quarto e espia o corredor. Sente-se bem. Descansada. Não está mais zonza. Usando as mesmas roupas com as quais desmaiou na noite anterior, Rosé desce as escadas até a sala de estar.
Pouco antes de chegar ao piso de madeira, Jiwon passa, carregando uma pilha de roupas.
— Oi — cumprimenta ele.
Rosé o observa caminhar até o banheiro no fim do corredor. Depois, escuta-o mergulhar as roupas num balde de água.
Ao se virar para a cozinha, ela vê Jiyong e Jennie perto da pia. Rosé entra na cozinha enquanto Jennie tira um copo com água de um balde. Jiyong a escuta e se vira.
— Você deixou a gente preocupado ontem à noite — diz ele. — Está se sentindo melhor?
Rosé, ao perceber que desmaiou na noite anterior, fica um pouco envergonhada.
— Estou, estou bem. É só muita coisa para assimilar.
— Foi assim com todos nós — explica Jennie. — Mas você vai se acostumar. Logo, logo vai estar dizendo que a gente tem uma vida de luxo.
— Jennie é uma cínica — afirma Jiyong com simpatia.
— Não sou nada — responde Jennie. — Adoro este lugar.
Rosé toma um susto quando Kuma lambe sua mão. Ao se ajoelhar para fazer carinho no cachorro, ela ouve uma música vir da sala de jantar. Atravessa a cozinha e olha para o outro cômodo. Não tem ninguém, mas o rádio está ligado.
Ela olha de volta para Jiyong e Jennie próximos à pia. Atrás deles fica a porta para o porão.
Rosé está prestes a perguntar sobre ele quando ouve a voz de Seungri vindo da sala de estar.
Ele está recitando o endereço da casa.
— Hyehwa-ro, 273... Meu nome é Seungri... Estamos procurando qualquer pessoa que esteja viva... Sobrevivendo...
Rosé espia a sala de estar. Seungri usa o telefone fixo.
— Ele está ligando para números aleatórios.
![](https://img.wattpad.com/cover/127157631-288-k762475.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Caixa de Pássaros ∞ chae+lisa
Horror[descontinuada.] Basta uma olhadela para desencadear um impulso violento e incontrolável que acabará em suicídio. Ninguém é imune e ninguém sabe o que provoca essa reação nas pessoas. Cinco anos depois do surto ter começado, restaram poucos sobreviv...