Depois de inúmeras versões, inúmeras revisões, inúmeras pesquisas e inúmeras mudanças no estilo de escrita, mentalidade e outras mil coisas que influenciam no enredo de uma história, ainda pensando muito se deveria voltar depois de anos com essa ficção histórica. Voltei. Quando se começa a pensar num livro, numa história desde os 12/13 anos muitas coisas mudam, no geral para melhor, agora com meus sofridos 18 anos quase 19 e alguma bagagem já criada nesse universo literário, me sinto mais pronta do que nunca para retomar esse projeto que guardei com tanto carinho por tanto tempo... e põe tempo nisso! hahahaha (infelizmente ou felizmente por pouco tempo no wattpad).
Minha história de amor com esse livro chegou tão longe que afetou desde meu gosto pessoal a minha vida profissional, hoje me preparando para os estudos de história e exercer essa profissão numa sala de aula (graças as noites de pesquisa) a certeza que essa história merece um fim ficou ainda maior. Será o primeiro.
•𝐒𝐎𝐁𝐑𝐄 𝐎 𝐋𝐈𝐕𝐑𝐎•
Quando eu tinha 12 anos, uma vez li um livro na biblioteca da escola que contava as aventuras de um poeta na antiga São Paulo de 1800's. Se não me engano era de autoria do Mário Teixeira, e desde então, fiquei apaixonada por Álvares de Azevedo, Bernardo Guimarães entre outros poetas que apareciam na trama, e então, surgiu Alma em Fogo, de um trecho do poema Epitáfio que dizia "Alma em fogo, sedenta de infinito, num mundo de visões o voo abrindo, como o vento do mar no céu noturno entre as nuvens de Deus passei dormindo".
"Alma em Fogo sedenta de infinito. "
Esse verso nunca saiu da minha cabeça, por isso, cá estou com meu romance histórico e minhas referências descaradas a esses poetas que tanto me inspiraram. Maneco, como Azevedo era conhecido pelos mais próximos fez parte de uma segunda geração do romantismo brasileiro que revolucionou a literatura nacional. Juntamente com meu preferido deles, José de Alencar, introduziu um romance de certa forma pessimista, que mostra o lado trágico e sombrio do amor romântico, esse estilo me capturou desde o começo. A vontade de inocentar as mulheres tidas como vilãs, como insanas ou indignas, como José de Alencar fez com Lucíola, uma cortesã julgada como mesquinha, mudou o minha percepção sobre os romances nacionais urbanos. Antes pensava em modelos estritamente estrangeiro, como os de Julia Queen, Loretta Chase e Sylvia Day que prezam por um casal protagonista marcante, com conversas afiadas e uma boa ambientação histórica de apelos sociais sutis, seja no período regencial ou na Inglaterra vitoriana.
Essa era a linha de pensamento, pelo menos até conhecer e me aprofundar no realismo de Machado de Assis e o urbanismo crítico... não posso dizer que este romance se equipara ou ao menos parece com os autores citados, seria uma heresia terrível hahaha... muito longe disso, na verdade apenas a percepção de realidade e ambientação particular desta autora mudaram, de forma que essa São Paulo retratada ganha mais influência na trama e os fatores históricos culturais sensíveis da época como escravidão e patriarcado, são aprofundados e condizentes. Não dá pra escrever romance histórico ignorando a história, por mais que alguns tendem em ignorá-la para glorificar a época (que não tinha nada de simpática, além dos vestidos e pinturas). E por fim me fez construir essa personagem principal extremamente falha e até mesmo deslumbrada pelos seus próprios feitos. Claro, depois de anos há alterações tanto nos nomes dos personagens quanto nas ordens dos acontecimentos para maior imersão no ambiente criado.
O livro é dividido em três partes de onde grande parte do cenário é a deserta São Paulo de 1808/1809, alguns dados, como número de habitantes, ruas e etc. não estão totalmente certos e algumas alterações são feitas para a coerência do roteiro. Entretanto a maioria das informações são fatos reais (quando citados serão deixadas as referencias no fim dos capítulos.
NARRAÇÃO:
A narração é diversificada, ora primeira pessoa, ora terceira. Sei que muitas pessoas não leem ficção histórica pela narração muito elaborada e cansativa, por isso, no passar do primeiro capítulo, a narração tem um tom mais atual e as falas aquela pegada mais antiga.
PODE CONTER GATILHOS DE TODOS OS TIPOS.
O LIVRO NÃO ROMANTIZA NENHUM TIPO DE ABUSO.
Este livro não é recomendado para menores de 16 anos.
REPITO: ALGUNS FATOS HISTÓRICOS SÃO ALTERADOS PARA COERÊNCIA DA HISTÓRIA QUANDO CITAR UM FATO HISTÓRICO CONCRETO DEIXAREI A FONTE DE PESQUISA E A INFORMAÇÃO COMPLETA NO FIM DO CAPÍTULO.
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Não se engane leitor, Alma em fogo não é apenas um romance. O livro conta a história de mulheres incríveis, virtuosas, perigosas e revolucionárias, que tiveram um papel muito importante na sua época para chegarmos até aqui. E Anelise (a protagonista) se encaixa nesse perfil de mulher. Forte, obstinada que não abaixa a cabeça para os padrões sociais de sua época.
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Alma em fogo
Historical FictionNenhuma metáfora do mundo seria capaz de caracterizar o que se tornara São Paulo de 1808 após receber o convite para uma tríade de assassinatos misteriosos. Entre as vítimas está Julia Margarete, a prostituta por quem a rica e mesquinha Anelise Aign...