• 𝐏𝐀𝐑𝐓𝐄 𝐔𝐌: Bem Vindos a Paulicéia

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PARTE UM: Bem vindos a Paulicéia, cuidado não olhe muito para os lados, há cadáveres no chão e romances nas sombras.

PARTE UM: Bem vindos a Paulicéia, cuidado não olhe muito para os lados, há cadáveres no chão e romances nas sombras

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Perdão, meu Deus, se a túnica da vida...
Insano profanei-a nos amores!
Se da c'roa dos sonhos perfumados

Eu próprio desfolhei as róseas flores!

No vaso impuro corrompeu-se o néctar,
A argila da existência desbotou-me...
O sol de tua gloria abriu-me as pálpebras,
Da nódoa das paixões purificou-me!

E quantos sonhos na ilusão da vida!
Quanta esperança no futuro ainda!
Tudo calou-se pela noite eterna...
E eu vago errante e só na treva infinda...

Alma em fogo, sedenta de infinito,
Num mundo de visões o vôo abrindo,
Como o vento do mar no céu noturno
Entre as nuvens de Deus passei dormindo!

A vida é noite! o sol tem véu de sangue...
Tateia a sombra a geração descrida!...
Acorda-te, mortal! é no sepulcro
Que a larva humana se desperta à vida!

Quando as harpas do peito a morte estala,
Um treno de pavor soluça e voa...
E a nota divinal que rompe as fibras
Nas dulias angélicas ecoa!

— ALVAREZ DE AZEVEDO

Alma em fogoOnde histórias criam vida. Descubra agora