Estava sentada na bancada da cozinha, bebendo uma grande xícara de chá. Enquanto bebia o chá, assimilava as palavras de Alex sobre o estado da minha avó. Minha mãe ligou para o Alex porque ligou pra mim um zilhão de vezes e eu não atendia.
Depois do meu "surto" chorando no ombro do Alex, por assim dizer. Minha mãe ligou novamente e ele atendeu, saiu mais uma vez para ter privacidade, ou me dar privacidade. Aproveitei a deixa e fui para a cozinha e preparei chá. E agora ouvindo as palavras dele, me sinto culpada. Culpada porque talvez se eu tivesse ido adiante a ter enfiado minha avó em um hospital, talvez ela não esteja tão mal quanto agora.
UTI
Odeio essa palavra. Assim como odeio câncer. Odeio, odeio, odeio. Todo mundo está no hospital, minha mãe os primos dela e os filhos dos primos dela. E eu estou aqui. Se bem que não faria diferença se eu estivesse lá ou não. Já que nem visitar a minha avó eles deixam.
Não é sério. Dá pra acreditar em um trem desses? É difícil falar isso, mas mina avó esta morrendo e nem despedir passar mais um tempo com ela eu posso.
- Olha, Elisa, eu sei que é difícil. Principalmente agora que ela foi internada. Mas não podemos perde a esperança. A dona Melissa é forte e eu sei que... - interrompi-o
- Alex - disse em um tom firme - Que esperanças? Ela tem setenta e três anos. Está com câncer terminal! Que esperanças ela tem? Porque a única esperança que eu vejo pra ela é morrer sem dor!
- Elisa, sua avó vai ficar bem. Ela só precisa de um tempo...
- Tempo. Tempo, Alex? Ela está morrendo porra! Que tempo ela tem?
Nessa altura eu já tinha descido da bancada e jogado a xícara quase vazia na pia. Estava com muita raiva. Eu sabia que o Alex não tinha nada a ver com aquilo. Mas eu queria descontar a minha raiva em alguém, e como ele estava dando bobeira por aí...
- Sinceramente, Elisa. Eu não sei como te ajudar...
Então uma ideia começou a ser formar na minha mente preguiçosa.
- E se... - comecei, mas parei. Era uma ideia extremamente idiota.
- E se..? - ele me encorajou a falar. E esse foi o empurrãozinho que eu precisava.
Contei todo o meu plano pra ele. Que disse que era um plano horrível. E que seriamos pegos antes mesmo de entrar no hospital. Mas eu fiz um discurso falando que aquilo era o único jeito dele me ajudar e que se alguma vez já foi meu amigo que ele me ajudaria.
Bom no final ele concordou, e eu acreditei que tudo daria certo.
E esse foi o primeiro erro da noite.
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Cidade das Estrelas
Romance"Ele riu, eu levantei minha cabeça que estava encostada entre o ombro e o pescoço dele, olhei em seus olhos. E me perdi e ao mesmo tempo me encontrei naquela imensidão azul, tudo isso com apenas um olhar. E na mesma hora soube que eu estava entrando...