me ajude.

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Relacionamento Abusivo

com Huang Renjun

by taehstars

Era a quarta vez que Renjun olhava para o seu relógio de pulso para confirmar que horas eram. Tinham apenas passado dois minutos desde a última vez que vira.

O tempo parecia não querer avançar; nada na sua vida parecia querer, na verdade.

Tudo parecia estar em câmera lenta, as dezesseis horas nunca mais chegavam e, provavelmente, por conta do nervosismo, o menino de dezessete anos só queria correr dali para fora e nunca mais sair de casa.

Não queria contar para ninguém o que estava acontecendo na sua vida; sentia que ia ser julgado por qualquer um que soubesse a sua situação amorosa.

Como é que se entra num consultório, se senta numa cadeira e se conversa com um desconhecido que, supostamente, nos pode ajudar com os nossos problemas?

Parece algo banal da vida comum, mas não para Renjun.

O seu coração apertado, o estresse todo que sentia em cima dos seus ombros, o nó na garganta que até o impedia de tossir, tudo isto parecia querer impedi-lo de conversar com o tal desconhecido.

Por onde começar, sequer?

Verificou, então, pela quinta vez o seu relógio de pulso. Marcava as dezesseis horas. O seu coração acelerou mais que nunca, aquela era a oportunidade perfeita de sair dali antes de ser chamado e, portanto, ninguém sentiria falta dele. Ninguém iria saber de nada.

Mas não conseguiu raciocinar mais quando ouviu o seu nome ser chamado e uma senhora loira, pelos seus trinta e poucos anos, apareceu na porta da sala de espera. O seu sorriso parecia convidativo e reconfortante, mas a vontade de ir embora não desaparecia da cabeça de Renjun.

— Vamos? — Ela inquiriu o jovem, que se levantou calmamente, sem pressa alguma, com as pernas bambas e a cabeça no mundo da lua. Ele assentiu devagarzinho, transmitindo receio.

Seguiu a senhora que entrou na primeira porta do longo corredor do local. Ele queria ficar observando, Renjun era uma pessoa observadora e curiosa. Mas não ficou, pois a senhora continuava com o sorriso simpático nos lábios, enquanto esperava que ele entrasse para, então, fechar a porta.

E assim foi.

E tudo pareceu parar no momento em que ele se sentou na poltrona almofadada castanha, dentro da sala escura, apenas iluminada com um pequeno abajur; algumas velas aromáticas espalhadas pelo local despertavam no paciente um sentimento relaxante.

Mas Renjun estava tudo menos relaxado. Ouvia uma vozinha na sua cabeça que quase o obrigava a abrir a porta de novo e correr para casa, se enfiar na cama e chorar até não poder mais.

Chorava porque doía, o sentimento no seu coração era inexplicavelmente difícil.

— Começa quando quiser, temos todo o tempo que você precisar.

O garoto engoliu em seco.

Como é que ele iria explicar a um desconhecido o seu último relacionamento de quase dois anos, do qual apenas tinha se visto livre numa questão de um mês?

Como é que Huang iria explicar que cada vez que tinha uma conversa com o seu ex-namorado, ele o fazia sentir que ele não entendia nada e que estava sempre errado? Não precisava ser uma discussão. Sempre parecia que Renjun não dizia nada consciente, eram apenas coisas bobas que surgem nas cabeças de bebês; coisas sem sentido, apenas.

prospettive ⁂ nctOnde histórias criam vida. Descubra agora