baile.

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Amor Bobinho

com Park Jisung

by yoonsatan

Eu estou tão nervoso, que sinto meu coração sair pela boca. As minhas mãos tremem tanto e eu só sei me perguntar se esse smoking – comprado em prestações – é adequado o suficiente para agradar.

Sinto medo de tudo o que me aguarda no baile de hoje, das pessoas idiotas da escola principalmente. Eu enfrentei um longo percurso de aceitação até aqui, então espero que nada me abale. Nem mesmo os jogadores de futebol escrotos e filhos da puta que me enchem o saco.

É de arrebentar a boca do balão!

OK, Jisung. Respire. Você é incrível, sua personalidade é o que importa e nada vai te abalar.

— Jisung? Oh, meu deus, você está tão lindo, filho! — E minha mãe está realmente emocionada. — Jisung Park, vai enlouquecer todos os brotos dos Estados Unidos! Diga um X pra câmera, filhote.

Nem tive tempo de colocar a mão na frente do rosto, Sra. Park foi muito mais rápida que eu. Acabei sorrindo, porque mesmo que a noite seja um desastre, eu sei que minha mãe estará me esperando e me amando desse jeitinho aqui.

Ouvi as buzinas altas lá fora e soube que não tinha mais como voltar atrás.

— Será que dá tempo de chamar o Patrick para tirar uma foto?

— Nem pense, mãe. Já estou saindo, tchauzinho. — Antes que aquela senhora com gosto em me envergonhar pensasse em soletrar câmera, eu já estava fechando a porta. Consegui ouvir um "use camisinhas" antes disso e me permiti sorrir.

Sorriso esse que ganhou mais força quando olhei pra frente e vi Patrick encostado no carro, com toda a sua graça. Eu senti meu coração estourar, porque ele estava absolutamente lindo.

Usava um smoking parecido com o meu, diferenciado pela cor. Seu cabelo meio ondulado estava comprido o suficiente para bater em seus ombros, ele não parecia ter penteado e também não precisava. Havia um sorriso no seu rosto e eu quis morrer de amor.

— Você está absurdamente incrível. — foi o que ele me disse. Eu fui ao inferno e voltei em menos de um segundo.

— Devo dizer o mesmo.

— Sua originalidade é comovente. — fingiu limpar uma lágrima. — Temos um baile pra ir, certo? Como dizem... Mi carro es tu carro, baby.

  *

Quando chegamos na festa, havia uma infinidade de pessoas dançando músicas bregas. Não era como se eu estivesse esperando coisa melhor de qualquer maneira.

Patrick e eu estamos encostados numa parede, observando toda essa gente. Nossas mãos estão dadas e eu não posso transpirar mais. Sério, aposto que vai ter uma pizza embaixo das minhas axilas quando eu tirar o blazer do smoking.

— Acho impressionante o quão ruim é o gosto de quem escolheu essa mixtape pra tocar. — Patrick falou.

— É como misturar Nirvana, Diana Ross e Queen. Não é um bom negócio. — concordei.

Eu estou um pouco deslocado, admito. Não sou do tipo que sai e curte festas, só topei estar aqui por dois motivos: não ter nada melhor pra fazer e ter sido convidado pela minha paixonite.

Quer dizer, o que eu estaria fazendo se não estivesse aqui? Provavelmente fazendo alguma mixtape de músicas tristes para ouvir enquanto sofro de amor por um garoto. É, promissor.

— Eu gostaria de ter tido uma ideia melhor para um primeiro encontro, mas você sabe, não sou bom com esses bagulhos.

— Não faz mal, eu preciso de recordações bregas para contar no futuro. — dei de ombros, como se não estivesse surtando por dentro. Gostaria de ter dito que aceitaria ir ao fim do mundo com ele, mas ainda não é a hora e não tenho coragem para tal.

— Você é um cretino, Jisung.

— Realmente. Mas foi você quem me chamou para um baile e nem me convidou para dançar uma dessas músicas ruins. — pisquei, mexendo nesse topete ridículo que minha mãe me convenceu a fazer. Me arrependerei num futuro próximo, tenho certeza.

Patrick sorriu pra mim, daquele jeito adorável que me deixa atônito. Maldito seja.

— Estou esperando uma música boa tocar, coração.

— Então já podemos ir, porque só um milagre pra trazer bom gosto a esse show de cafonice.

— Você é cruel, Jisung.

Cruel? Quem me faz ter um ataque por segundo com pequenos gestos é ele!

— Estou com sede. Quer que eu traga ponche pra você? — ele perguntou.

Antes que eu possa responder, o som animado de uma música preenche o ambiente. E não é qualquer música, é a nossa trilha sonora.

Come on Eileen, quem diria?

— Você está ouvindo isso?! Estão tocando música decente.

— Parece uma miragem! Ok, agora estou um pouco nervoso... — vi o maldito limpar as mãos e pigarrear. — Gostaria de dançar comigo?

E eu sorri para toda a formalidade, negando brevemente e puxando ele pro centro do ginásio.

As luzes coloridas piscam, a música feliz toca e nós estamos dançando de uma maneira não convencional. Me sinto julgado, mas acima disso, sinto que estou compartilhando um momento maravilhoso com a pessoa pela qual estou apaixonado. Perdidamente apaixonado.

— Sabe, nós parecemos dois deslocados aqui. — eu disse para Patrick, quando finalmente diminuimos o ritmo para algo mais lento e que facilitasse nossa interação.

Patrick sorriu pra mim, daquele jeito característico que me deixa mentalmente acabado. Aproximou-se o suficiente e disse:

— Quem se importa? Estamos felizes.

Uma coragem invadiu meu peito e eu aproveitei o lapso para fazer algo que eu desejo desde muito tempo: beijar os lábios dele.

Não foi um beijo super hiper mega ultra foda, porque nós não temos experiência nisso, mas foi um beijo. Diferente dos selinhos que trocamos vez ou outra, diferente de tudo.

Foi o beijo e não poderia ter sido melhor. Eu senti meu coração bater mais forte, aquelas tais borboletas que mais pareciam morcegos e a sensação de estar numa bolha. Uma bolha onde só há Patrick e eu, onde o mundo está em silêncio e nós estamos em harmonia.

Quando demos conta, a música havia acabado. Tocava algo brega, mas continuamos dançando. Olho no olho, sorriso no sorriso.

E eu sinto que nada, jamais, dará errado. Somos eu e ele, estamos contra o mundo, mas estamos apaixonados, então estamos bem.

➾ ex-namorados.

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