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Morte do Outro

com Jung Jaehyun

by namjinct

Hoje, 10 de dezembro 2017

Você já se sentiu como se estivesse vivendo todos os dias como se fosse o mesmo? Acordar e ter a sensação de estar preso consequentemente revivendo tudo de ruim que já aconteceu em sua vida? Jaehyun se sentia assim, seus dias não tinham mais cores, era como se uma nuvem cinza estivesse nublando seus pensamentos.

Caminhou lentamente pela casa, seus pés descalços tocavam no mármore frio, causando um choque de eletricidade pelo seu corpo que ainda estava quente. Redirecionou seu olhar para sua cama, onde o corpo magro e nu ainda dormia, seus cabelos negros espalhados pela cama, sua feição era suave como a de um anjo. Mas o poeta sabia o que aquele lindo rostinho escondia, seus gostos peculiares não se resumiam a apenas uma transa dura, ela gostava de viver no perigo e não pertencia a um lugar e muito menos a alguém. Desde criança ele sempre fora assim, curioso para saber o que se passava na vida dos outros, todos seus poemas eram inspirados em suas observações. Mas ninguém tinha conquistado sua atenção como ele.

Segunda, 22 de outubro 2014.

Caminhou para varanda do quarto e acendeu um cigarro, já tinha tentado várias vezes parar com aquele vício, mas, ainda assim, era mais forte que ele. Jaehyun precisava da nicotina para aliviar a tensão de seu corpo e limpar seus pensamentos para criar seus poemas.

Observou o garoto que andava pela rua em frente a sua casa, estranhamente lhe chamou a sua atenção; talvez fosse aquele estilo jovial, largado, mas ao mesmo tempo sexy e fofo. Jaehyun não poderia se julgar, qualquer um cairia de quatro por ele. E o Jung foi apenas mais um. Ele carregava uma mochila do lado direito do ombro e tinha algumas tatuagens pelo pescoço e braço – visível graças a regata que o rosado usava, o clima em Seul estava bastante quente –, mas o que realmente lhe chamou sua atenção foi aquele maldito piercing nos lábios.

Tragou mais uma vez o cigarro, soltando a fumaça logo em seguida. Balançou a cabeça tentando se livrar da versão que criou do garoto completamente nu, jogado em sua cama.

Sábado, 26 de outubro 2014.

Riu anasalado, questionando seus pensamentos.

Como um homem de trinta e dois anos, feito, poderia estar interessado num adolescente que não aparentava ter vinte anos? Jaehyun queria se punir, novamente afundado na nicotina, acompanhado de uma xícara de café. O homem adorava combinação da nicotina e da cafeína, faziam com que todos os sentidos de seu corpo aflorasse de uma vez. Se sentia vivo.

Escrevia algumas linhas em seu caderno de poesia, e esperava, fielmente, como todos os dias, no mesmo horário o garoto passar pela rua de sua casa. Estava ficando obsessivo, talvez devesse parar. Suas poesias não falavam mais do universo, não tinha dramas pessoais ou falavam aleatoriamente sobre pássaros por exemplo. Elas estavam sempre voltadas para ele.

E como todos os dias, ele surgiu em passos lentos, sua silhueta dessa vez coberta por um moletom vermelho, duas vezes maior que seu corpo, o garoto ainda se encolhia dentro da roupa, chuva aumentava e estava frio. Como poderia parecer ainda mais fofo? Ou deveria ser sexy?

Terça, 22 de novembro 2014

Como todos os dias o garoto passava pela rua de sua casa, sempre no mesmo horário. Jaehyun se perguntava para onde ele estava indo e de onde estava vindo. Acompanhado de seus fones de ouvidos e seu All Star vermelho surrado, dessa vez, o garoto ainda usava uma touca, mas como um bom observador, Jung conseguia captar cada detalhe dele, mesmo que durasse alguns seguidos a trajetória do garoto pela frente de sua casa. Alguns fios esverdeados saiam pela touca. O garoto parou para atender o celular, ele gritava com a pessoa do outro lado da linha; sem querer – talvez – o poeta o ouviu gritar que estava indo no pub, qual ele conhecia muito bem. Ia às vezes com seus amigos antigos da faculdade.

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