O dia

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A garota estava sonolenta, passara a noite passada chorando pela separação oficial de seus pais. O dia estava péssimo para a mesma, havia acordado com tal noticia e descoberto a nota de uma prova importante que ela havia feito semana passada. A garota praticamente não estudara, ficara apenas sentada no canto de seu quarto tentando lidar com tudo que estava acontecendo.

Aquele seria mais um dia nublado como todos os outros, sem contar com o fato de que uma garota se suicidara.

Eu estava perdida, perdida em meio a tudo. Minha cabeça girava e girava, sentia que iria explodir a qualquer momento. Lembrava-me de Marco, de nossos momentos juntos, sempre rindo e nos divertindo, um estava ao lado do outro para qualquer coisa, tanto para as coisas chatas quanto para as legais.
Mas agora tudo não passava de lembranças, lembranças felizes que me traziam tristeza, pois elas não existiam mais.
Lembro-me de Tom, o garoto o qual eu mais amei em toda a minha vida, o qual eu mais confiei, ele era meu e eu era dele.

Ambos eram um do outro.
O amor pelo qual ela sentia por Tom não existia mais, ela não sentia mais nada pelo mesmo. Atualmente na realidade, ela não sentia nada, era como se fosse um robô, fazia as coisas automaticamente, e isso estava a matando.

Eu queria apenas que parasse de doer, queria arrancar meu coração para dar um fim a essa dor.
Eu perdi o Tom
Perdi o Marco
Perdi o Oskar
Perdi a Pony
Perdi a Jackie
E perdi meus pais.

Eu não tinha mais nada. Nada nem ninguém.
Aquela dor me sufocava, as palavras pareciam me comer viva, parecia que tinha espinhos em minha garganta toda vez que segurava um grito, uma frase, uma palavra.
Doía demais, e eu tinha que aliviar aquela dor toda.
Caminhei fraca até o meu armário, abri e tirei uma pequena caixa escura, de lá peguei uma das únicas coisas que conseguia parar aquela dor toda. Uma lâmina.
Ela parecia gritar pelo meu nome. E eu não era forte o suficiente então me rendi afundando-a em meu pulso e puxando-a em direção de uma linha reta. Eu me segurava para não gritar de dor. Havia penetrado em meu pulso. Tirei-a e fiz novamente algumas vezes em ambos pulsos.
Toda vez que a colocava no mesmo e perfurava lembrava de tudo. De quando Marco me beijou pela primeira vez, e a decepção que eu senti quando descobri que era um desafio, lembro-me de Tom um dia falando que eu era tudo para ele e outro que eu não era nada. Lembro-me de quando ajudei Jackie quando estava sentindo falta de seu pai e das varias vezes que ela me humilhou na frente da escola inteira, de meus momentos engraçados com Pony, das nossas aventuras loucas, e de quando eu descobri que ela deu a Jackie minhas fotos nua, que espalhou para a escola inteira. Lembro de quando era pequena e meus pais assistiam filmes juntos de mãos dadas, e agora não olham um para a cara do outro. Lembro também de todas as vezes que sai com Oskar e ele me ajudou a fazer amigos, ou as vezes que ele ia em casa e fazia carinho nos meus cabelos para eu me acalmar quando chorava ou estava triste.
Tive momentos muito bons com todas essas pessoas, momentos dos quais nunca irei me esquecer. Vou sentir falta de todos eles. Mas meu destino já estava decidido. Eu iria embora. Iria embora desse lugar.

Meus braços estavam lotados de sangue, peguei remédios que estavam guardados em um armário, limpo o sangue, mas logo volta a escorrer, tomo os remedios e me deito na cama, a minha carta de suicídio já estava escrita a alguns dias, a abraço e fico encolhida enquanto observo o sangue sujar a cama, e depois de um tempo tudo fica preto.

Haviam se passado algumas horas e a menina já estava morta, sua mãe chega em casa, havia acabado de voltar do trabalho, chama o nome de Star porém a mesma não responde. Chama repetidamente enquanto sobe as escadas e nada. Estranhou. Bate na porta algumas vezes e nada, nem um mísero som. Abre a porta devagar e chama pela mesma. A vê deitada na cama de costas. Iria acorda-la para ambas jantarem, ao chegar ao lado da loira vê a cama cheia de sangue, os pulsos da menina estava encharcados, e vê uma carta.
Os olhos dela já estavam lotados de lágrimas, ela estava em choque, pegou a carta trêmula cheia de lágrimas escorrendo e abriu.

"Olá, mamãe.
Você já deve ter descoberto a verdade, e quero pedir desculpas por isso. Mas não se preocupe, não tratei mais problemas para ninguém.
A culpa não foi sua okay? Foi minha. Eu fui um erro, nunca devia ter nascido. Eu sinto muito ser um fracasso para você, eu sempre dei o meu melhor, mas não é o suficiente.
Desculpa por ser fraca demais e não aguentar isso. Eu devia ser forte que nem você mãe, mas eu não sou.
Eu sinto muito por todas as vezes que brigamos ou que eu te fiz passar vergonha, sinto muito mesmo, nunca foi minha intenção ser um problema.
Peça desculpas por mim ao papai também okay? Nunca foi minha intenção causar problemas para nenhum de vocês.
Caso eu tenha sido um motivo da separação de vocês eu peço desculpas.
Perdão mãe, perdão pai, eu não sou o que vocês queriam.

Você sempre me disse que eu não sei o que é dor de verdade, e talvez eu não saiba. Mas eu sei como é chegar no fundo do poço, eu descobri isso, da pior forma possível.
Eu tive muitos problemas na escola, então você não tem nada a ver com isso tudo, não se culpe, a única culpada aqui sou eu, e peço desculpas.

Eu nunca falei para você o que estava acontecendo por que não queria te atrapalhar, sei o quanto andava mal com a separação. Eu sempre escutei voce chorando de noite e andando de um lado para o outro no quarto. Mas eu nunca falei nada porque sabia que você não queria que eu soubesse.
Seja feliz sem mim, corra atrás de quem você ama, ainda há tempo.

Eu te amo eu nunca te esquecerei mamãe.
Adeus.
De sua filha, Star."

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A casa estava lotada de policiais. River e Moon estavam abraçados, mas a mesma não havia mostrado a carta para o homem. Não queria que ele se sentisse culpado como ela se sentia. Queria o proteger, proteger como nunca protegeu Star.

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No dia seguinte foi avisado a todos sobre a morte, e a partir daquele dia tudo mudou. A partir daquela morte, ninguém sabia o que iria acontecer. Mas uma grande mudança aconteceu.

*****
THE END
Gostaram???
Chegamos ao final da fic!
Espero que tenham gostado, deu muito trabalho produzi-la.
Mas vejo vocês por ai!
Beijos Butterflys 💕

5 Reasons why {Svtfoe}Onde histórias criam vida. Descubra agora