Capítulo 9

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Insônia. Dois corpos. Uma noite longa revelaria inseguranças e incertezas nasmentes de Olívia e Henry. A mulher tinha medo do que aconteceria na manhã seguinteao seu ato intrusivo. O homem estava impotente e envergonhado. Arrastou uma pessoainocente para seus rompantes impulsivos. Sentia que mais de uma pessoa sairiamagoada daquilo tudo. Arrependeu-se de ter envolvido Vivian na sua vida sórdida.Devia ter seguido com o que tinha. Arrumado uma acompanhante de uma noite.Aplacado seus desejos e frustrações e ido embora. Mas ele não queria estar mais só.Não depois de sentir mesmo que de forma branda como é ser dois.


As olheiras estavam ainda mais pronunciadas no rosto pálido de Henry White. Obanho tomado não amenizaria sua expressão cansada. As roupas caras não escondiamsua derrota. Sairia sem dizer uma única palavra ao mordomo curioso. Dispensou omotorista assim que ele lhe deu as coordenadas recebidas na noite anterior. Precisavaestar sozinho. Precisava de tempo. Sabia que seria uma conserva longa e cansativa.Olívia não estava muito diferente naquela manhã. Apenas se permitia afundarentre os travesseiros, mas os olhos insistiam em ficar abertos. Sabia que precisavalevantar. Ela o conhecia. Em breve apareceria e deveria estar ao menos apresentável.Relutante, seguiu para um banho demorado.


O telefone do quarto tocava insistentemente. Olívia, molhando todo o assoalho,atenderia sem muito entusiasmo. Liberou a entrada do homem.


— A moça disse que o Sr. White pode ir até o seu quarto. — Uma velhasenhora, com o olhar de reprovação, transmitia a informação para Henry, plantado à suafrente.


Henry não se deu ao trabalho de justificar a sua presença ali na manhã seguinteao anúncio do seu casamento, mesmo que aquela senhora o conhecesse a vida toda.Todos naquela cidade sabiam quem ele era e Henry também conhecia muitas daquelaspessoas, principalmente os mais velhos, o que era o caso da dona dessa pousada.Com passos lentos e pesados, subiria a estreita escadaria que levaria ao andar emque ficava a suíte de Olívia. O ambiente era muito velho e malcuidado, diferente doslugares onde costumava se hospedar. Os corredores largos e bem iluminados aqui foramsubstituídos por um estreito e quase na penumbra, sem contar o cheiro de mofo quevinha do papel de parede e do carpete aos seus pés. Olhando tudo ao seu redor, desde ascores escolhidas até os quadros decorativos, julgou que tudo ali deveria ser removido ejogado no lixo, nada se salvava. E antes mesmo de bater na porta do cômodo quecontinha Olívia, tinha tomado a decisão de tirá-la dali.


A porta, quando abriu, revelou a mulher com seu corpo coberto pela toalha.Henry não esperava por aquela visão. E o seu instinto lhe roubou a razão, deixando queo animal assumisse o controle. Não era para aquilo que tinha ido. Estava ali paraconversar com Olívia.


Agora já era tarde. Sua boca tomava para si a dela. Suas mãos removiam otecido felpudo encharcado pela água quente. Seu corpo aquecia e confortava adelicadeza daquela derme cheirosa. E o gosto lhe levava de volta para onde nunca haviadesejado sair.


Olívia se deixava envolver. Desejou que ele tivesse feito isso na noite anterior.Adorava a forma elegante como sempre se vestia. Olívia sempre teve um fraco porhomens de terno e os do Sr. White beiravam a perfeição. Porém nesse momento ele nãoestava vestido assim. Usava calças de alfaiataria em um tom de azul escuro, muitopróximo ao usado por Olívia na noite anterior. Uma camisa preta com um corte maisdespojado cobria seu dorso. Nos pés, sapatos Oxford também na cor preta, e amassandoem suas mãos devido à sua impetuosidade em tomar a mulher, seus óculos de sol MauiJim. Estava sóbrio demais na opinião de Olívia. De fato, era essa a impressão que eledesejava passar. Não tinha planejado fazer amor com ela e sim dizer que ela deveriapartir.

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