Nova vida

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Cap 3 nova vida

Após o imenso clarão que aquele raio fez Joana não lembrava de nada. Somente despertou ouvindo os gritos incessantes de seu filho, que desmaiou pouco tempo depois tamanha era a dor dele.
  Jonathan tinha perdido muito sangue, a última lembrança daquela noite foi os gritos da sua mãe por ele, enquanto sua vista escurecia e então somente acordou dois dias depois, com seu braço e perna direitas amputadas. Com uma voz fraca chamou a enfermeira e perguntou sobre Joana, que se emocionou ao ver o filho consciente denovo, conforme os dias passaram suas feridas cicatrizavam, ao menos as do corpo, pois ele não aceitava bem a perda dos membros e ainda mais porque sabia que Bernardo não seria punido, afinal ninguém acreditaria naquela história.
  Mas para Jonathan o pior era ter perdido seus poderes, pois sem uma das mãos e com a outra ferida não tinha sensibilidade nem força para materializar suas lâminas.

-- Filho, amanhã o médico te dará alta, vamos poder voltar pra casa. - disse Joana tentando anima-lo.

-- Por mim morreria aqui mesmo, não consigo nem andar !! - respondeu claramente indignado.

  Enquanto isso Bernardo não sentia um pingo de culpa e roubava caixas eletrônicos e com o dinheiro se embriagava com bebidas e mulheres todas as noites. No dia seguinte Jonathan recebeu alta numa cadeira de rodas ele percebeu que a partir dali sua vida ficaria mais difícil. Não bastava a perda dos membros de forma tão repentina , passou a viver num mundo que não era feito pra ele, as ruas não tinham rampas para cadeirantes, nem os ônibus paravam quando ele estava no ponto, fora as humilhações que ele sentia em ter que ser carregado por estranhos toda vez que um lance de escada atravessava seu caminho. Até no seu próprio prédio onde o elevador estava quebrado Jonathan dependia da benevolência dos vizinhos para o carregarem e isso o deixava pocesso de raiva.
   Mais do que nunca se sentia um estorvo, algo sem valor para o mundo e esse sentimento o fez se isolar em casa, Joana tinha que trabalhar então voltou a ser diarista para tentar manter o filho, mas com a idade avançando as dores se multiplicavam nela e Jonathan via isso e se sentia mais culpado ainda de sobrecarregar a mãe a esse ponto.
  Numa noite Joana já tinha ido dormir e seu filho olhava a TV, porém por dentro ele não aguentava mais esses sentimentos ruins que existiam no seu coração, era um fardo para a mãe, alguém inútil, pensando nisso e todas as dificuldades e humilhações que tinha passado e iria passar para sempre, Jonathan foi até a cozinha se apoiou na pia abriu o armário e pegou os antidepressivos que o médico o recomendará caso ele entrasse nesse estágio que estava agora. Sem relutar abriu o pote e tomou todas as pílulas que conseguiu por na boca, chorando por não se despedir da mãe e por abdicar da própria vida começou a sentir o efeito dos remédios e caiu no chão da cozinha e viu a sua mãe entrar gritando por ele, assim como naquela noite a voz dela foi a última lembrança dele enquanto sua visão se escurecia.

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