CAP.3

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 No meio daquela madrugada acordei assustado com meu pai me chamando.

- Filho, filho, acorda! - Falou ao balançar meu ombro.

- O que foi pai? - Perguntei ao esfregar minha mão no rosto.

- Levanta e arruma sua mochila, estamos indo para a casa do seu tio Carlos. - Falou enquanto andava na direção da porta.

- Espera pai! São duas horas e o tio Carlos mora a mais de duzentos quilômetros daqui, o que está acontecendo?

- Te explico no caminho, mas arruma suas coisas para passar alguns dias lá. Vou ajudar sua mãe com as malas.

Assim que meu pai saiu do quarto, me levantei e fui na direção do guarda-roupa para preparar minha mochila. Joguei todo material escolar em cima da cama, e comecei a pegar minhas roupas; cinco camisetas, duas bermudas, duas calças jeans, três pares de meias e cinco cuecas box, coloquei tudo dentro da mochila junto com meu carregador, fones e celular. Corri até o banheiro pegar minha escova e barbeador, assim que voltei para meu quarto me deparei com minha mãe parada na porta.

- Pronto filho?

- Só falta trocar de roupa, não dá para eu ir com esse uniforme né.

- Só vai rápido, seu pai quer uma ajuda com as coisas lá embaixo. - Falou ao sair.

- Pode deixar mãe!

Peguei uma camiseta preta, bermuda cinza, Air Force preto e um blusão canguru vermelho que havia ganhado de meus avós maternos no meu último aniversário. Fechei minha mochila e desci para a sala onde meu pai me esperava.

- Tudo pronto filhão?

- Sim pai, peguei apenas o essencial.

- Que bom, me ajuda a levar essas coisas para o carro da sua mãe. - Falou ao lado de algumas malas.

- Claro pai!

Peguei as duas malas mais próximas e segui para o carro, entregando de uma em uma para meu pai organizar o porta malas.

- Aqui meninos! Precisam de ajuda com alguma coisa?

- Tudo pronto! Só falta pegar o Marley e já podemos ir. - Meu pai falou ao fechar o porta malas.

- Pode deixar que eu pego ele.

- Obrigado filha.

Me sentei atrás de minha mãe, que ocupa o assento do passageiro, no assento do meio Marley e na outra ponta minha irmã seguia com o vidro entreaberto. Seguimos nosso caminho entre às ruas da cidade, antes de acessarmos a Via Dutra fomos parados por um bloqueio militar!

- Boa noite senhores! Documentação do veículo e dos ocupantes, por favor. - Um soldado equipado com máscara e viseira falou ao se aproximar da janela do motorista.

- Boa noite, aqui estão soldado.

- Qual o destino dos senhores? - O soldado perguntou enquanto checava os documentos e seu parceiro media nossa temperatura com um termômetro.

- Estamos indo passar alguns dias na casa do meu irmão em Pirassununga.

- Certo, só irei fazer algumas perguntas e verificar algumas coisas, antes de liberá-los.

- Claro!

- Vou precisar que os senhores saiam do veículo e aguardem no acostamento. - O soldado falava ao aportar o acostamento.

Haviam inúmeros soldados fortemente armados e equipados com EPI's, fechando a rodovia, onde fomos separados, homens na direita e mulheres a esquerda! Logo um soldado se aproximou e nos encaminhou para uma pequena tenda verde.

- Próximo! - Uma soldado com jaleco me chamou.

- Encosta aqui e mantenha a boca aberta. - Um segundo soldado falou, colocando um cotonete em minha boca, enquanto a soldado que havia me chamado mediu minha temperatura.

- Algo mais?

- Só iremos testar a reação da sua pupila a estímulos e aguardar o resultado do seu exame. - O soldado falava ao me encarar.

Minutos mais tarde.

02:38.

- Tudo certo senhores, aqui os documentos e tenham uma boa viagem! - O soldado falou ao liberar nossa passagem pelo bloqueio.

Após sermos liberados, seguimos viagem e ao sairmos da capital pela Anchieta, pude ver o caos que a cidade estava se tornando e ao mesmo tempo a preocupação começava a tomar conta de mim. Alguns quilômetros à frente encostamos em um posto de combustível para abastecer.

- Meninos, aproveitem que vou abastecer e peguem algo para comermos no caminho! - Meu pai disse ao abrir sua porta.

Desci do carro juntamente com minha irmã e seguimos na direção da pequena loja de conveniências no centro do posto de combustível. Entramos na loja, ao qual uma jovem moça de cabelos ruivos e lindos olhos castanhos nos recepciona ao ouvir o sino da porta.

- Posso ajudá-los? - Perguntou com um singelo sorriso.

- Claro! Onde fica o banheiro, por favor? - Perguntei ao olhar o interior da loja.

- Final do corredor central, a sua esquerda.

- Obrigado! Maninha, pega as coisas enquanto fui ao banheiro, estou super apertado.

Após usar o banheiro percebi uma movimentação estranha no caixa. Me abaixei próximo de uma das prateleiras e verifiquei que a loja estava sendo assaltada! Peguei meu celular e mandei uma mensagem para meu pai. Naquele momento acabei esbarrando em uma das latas ao meu lado e a derrubando.

- Que barulho foi esse? - Um dos assaltantes perguntou ao parceiro.

- Vou dar uma conferida.

Olhei para o espelho preso ao teto e vi o assaltante mais velho se aproximar pelo corredor atrás de mim. Respirei fundo e engatinhei rumo a frente da loja.

- Achou alguma coisa? - O assaltante do caixa perguntou para o parceiro.

- Nada aqui, só umas latas caídas.

Finalmente meu pai responde minha mensagem.

- Vou distraí-los, enquanto a polícia chega.

De repente uma buzina começou a tocar, chamando a atenção dos assaltantes que correram para a parte da frente da loja. Olhei novamente para o espelho e vi meu pai entrando pelos fundos da loja, armado com sua pistola, engatinho novamente para o fundo da loja ao seu encontro.

- Você está bem filho? - Perguntou quase que inaudível.

- Estou, mas o que iremos fazer?

- Torcemos para que eles não percebam que estamos aqui e além disso a polícia já está para chegar! - Respondeu ao olhar para o corredor.

Poucos minutos depois...

03:45.

- A polícia, sujou! - Um dos assaltantes gritou ao ouvir as sirenes se aproximando.

- Merda, o que vamos fazer? - O segundo assaltante perguntava olhando para todos os lados.

- Pega as meninas e vamos usá-las como refém.

- Aqui é a polícia, saiam com as mãos para cima!

- Recuem ou iremos matar os reféns!

- Pai, precisamos fazer alguma coisa, ou eles iram matá-las!

- Não sai daqui filho. - Meu pai disse antes de sair abaixado em meio às prateleiras.

- Soltem os reféns e iremos garantir que ninguém sairá ferido. - O policial gritou do lado de fora.

Fiquei de longe observando toda aquela movimentação, até meu pai pular em cima do assaltante que fazia minha irmã e a atendente de refém. Fazendo o segundo assaltante apontar a arma para meu pai, naquele momento pude ouvir dois disparos e o grito de minha irmã ecoando por toda loja.

Continua...

História Z - Parte IOnde histórias criam vida. Descubra agora