CAP.4

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Corri na direção dos gritos! Ao chegar me deparei com o chão ensanguentado e minha irmã abraçada ao nosso pai, que estava ao lado do corpo de um dos assaltantes que acabara de ser alvejado pelos policiais.

- Bom trabalho capitão, vocês estão bem? - O sargento perguntou ao entrar na loja.

- Aparentemente estamos, sorte que vocês estavam aqui. - A atendente falava ainda trêmula.

- Vamos levá-los para a delegacia, pode demorar um pouco por conta da demanda que está havendo. - O sargento comentava, enquanto os outros policiais levavam o assaltante.

- Vou pegar uma garrafa d'água para você.

- Obrigada! Aliás me chamo Aryani. - Disse ao pegar a garrafa de minhas mãos.

- Prazer Luan, mas você está bem mesmo? - Perguntei ao vê-la ainda trêmula.

- Vou ficar, é nervosismo. Alias tem certeza que aquele cara está morto? - Me perguntou ao olhar para o corpo atrás de nós.

- Com certeza, ninguém sobreviveria a dois tiros à queima roupa! - Respondi ao olhar rapidamente para o corpo.

- Vocês estão bem meninos? - Minha mãe perguntou ao se aproximar.

- Estamos amor, mas pega meu documento lá no carro, por favor.

- Luan! - Aryani falava enquanto balançava meu ombro.

- O que foi? - Perguntei ao voltar minha atenção.

- O cara realmente está se mexendo! - Falava pálida.

- PAI! - Gritei ao ver o corpo se mexendo.

- O que houve? Polícias preciso de ajuda aqui, o cara está se movendo!

- Não é possível. - O policial mais novo comentou antes de se aproximar do corpo.

- Verifique se há pulsação! Barros solicita uma ambulância agora. - O sargento solicitou para seus subordinados.

- Sem pulsação, mas... Droga o filho da puta me mordeu! - O policial falou ao mostrar sua mão.

- Saiam daí agora! - Meu pai falou do lado de fora.

Enquanto saímos da loja, o policial começava a ter pequenos espasmos musculares.

- Souza, você está bem? - Um terceiro policial perguntou ao se aproximar.

Me juntei com o restante das pessoas que viam aquela cena do lado de fora da loja, quando o primeiro policial vira rosnando para o segundo policial, com os olhos totalmente vermelhos! O policial se afastou do seu parceiro já infectado, que avançava a passos lentos em sua direção, pouco antes de grudar em seu rosto e arrancar um de seus olhos, fazendo seu sangue jorrar. Naquele momento o caos se instaurou, com pessoas correndo para todos os lados e os policiais tomando posição de combate.

- FILHO VAMOS SAIR DAQUI! - Meu pai me gritava mais a frente.

- Vamos? - Perguntei ao esticar minha mão para Aryani.

Corremos na direção do carro, enquanto tiros eram disparados pelos policiais.

- Podemos levar ela? - Perguntei antes de entrarmos no carro.

- SUBAM LOGO! - Meu pai gritou ao dar partida no carro.

Poucos minutos depois...

05:23.

- Alguém pode me explicar o que está havendo, ou irão continuar calados? - Minha mãe perguntou quebrando o silêncio assustador.

- Não sei como explicar mãe, o policial simplesmente estava irreconhecível ao ponto de arrancar o olho do parceiro dele e depois disso houve aquele tumulto todo. - Respondi enquanto batia meu pé incansavelmente contra o assoalho.

- Mãe estão falando algo na rádio! - Minha irmã falou ao aumentar o volume do rádio.

- Essa é uma transmissão de emergência do Governo do Estado de São Paulo.

- Prezados cidadãos, desde a manhã de ontem o nosso Estado vem sofrendo duríssimas perdas, por conta da nova variante do Lyssavirus. A poucas horas estive em reunião com o Governo Federal, onde decidimos que a partir das doze horas, todos os portos, aeroportos e rodoviárias do Estado serão fechados de forma temporária e um toque de recolher será imposto das vinte e duas horas, até às sete da manhã! Peço que fiquem em suas residências e evitem sair a qualquer custo, até que nossas forças de segurança possam restabelecer a situação.

- Sorte que saímos da cidade, antes que as coisas piorassem! - Indaguei após ouvir a transmissão.

- Graças a seu pai, mas que trânsito é esse? - Minha mãe comentou ao ver o congestionamento à nossa frente.

- Ei parceiro, sabe nos dizer o que está havendo? - Meu pai perguntou para o motorista que estava parado ao nosso lado.

Enquanto os dois conversavam, vi algumas viaturas policiais passando pelo acostamento em alta velocidade e um helicóptero sobrevoando a gente. Voltei minha atenção para a conversa dos dois naquele momento, quando inesperadamente uma senhora que estava no carro a frente começa a se debater como o policial anteriormente, o motorista que outra hora conversava com meu pai, corre na direção da senhora, que aparentemente era sua sogra.

- Amor, acho que minha mãe está convulsionando! - A jovem moça chamava seu marido.

- Dona Célia, a senhora está bem? - Sem resposta a senhora cada vez mais convulsionava e um liquido negro começava a sair de sua boca.

- Precisamos de ajuda aqui!

A moça gritava assustada, fazendo algumas pessoas saírem de seus carros para ajudá-la. Naquele momento, alguns gritos e um barulho alto de vidro quebrando me chamaram atenção, olhei para trás e vi uma enorme carreta arrastando tudo que havia à sua frente!

- PAI, PRECISAMOS SAIR DAQUI! - Gritei ao ver que estávamos na trajetória da carreta.

- O que está acontecendo? - Perguntou ao olhar para trás e ver os carros sendo jogados para o lado.

- Onde você vai? - Minha mãe perguntou sem entender a gravidade da situação.

- Sair daqui.

Meu pai acelera o carro e entra no acostamento, a fim de evitar sermos atingidos. Após alguns minutos conseguimos passar pelo acidente que bloqueou a pista, a cena de destruição naquela rodovia era algo que eu só havia visto na televisão!

- Estou começando a surtar com tudo isso que está acontecendo.

- E quem não está maninho? Mas gostaria de saber que merda realmente está acontecendo. - Disse ao me encarar.

- Amor, você tem alguma idéia do que possa ter causado tudo isso?

- Do que cheguei a ver na base, uma variante do vírus da raiva acabou escapando do laboratório que pegou fogo hoje mais cedo, porém o governo não quer divulgar para não alarmar a população! - Respondeu sem tirar os olhos da rodovia.

- Que belo jeito de esconder as coisas, como se as pessoas não estivessem vendo o que está acontecendo. - Minha mãe comentou ao balançar a cabeça em forma de negação.

- Aliás, Aryani, você mora onde? - Perguntei ao voltar minha atenção para dentro do carro.

- Moro na próxima cidade, em Limeira.

- Te deixamos lá então...

Antes que meu pai pudesse terminar de falar, uma criança parada na rodovia fez com que ele tentasse desviar.

História Z - Parte IOnde histórias criam vida. Descubra agora