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Carol foi direto para o estábulo. Não ficou nem um pouco surpresa em ver que Daryl estava lá. Sentado no chão, com as costas apoiadas na parede, com a besta ao lado e fumando um cigarro de palha. Hoje ele vestia uma jaqueta de couro gasta.

Ela parou na porta, sem saber o que fazer ou dizer. Não sabia o que tinha ido fazer ali, procurando Daryl, em primeiro lugar. Ele não pareceu se incomodar com sua presença. Olhou-a enquanto tragava e depois enquanto soltava a fumaça.

"Você veio pra festa pra ficar aqui isolado?" tentou ela, de modo amistoso.

"Não", ele respondeu, sua voz meio rouca. Uma tragada depois, continuou: "Você pode ficar aqui também, se quiser." Não queria ser rude com aquela garota. Ele não sabia bem se pelo que acontecera ou pelo modo como ela o olhara depois... Ele só tinha vontade de não ser um cuzão com ela. Pelo que ele sabia, ela já tinha tido o bastante disso. "Carol, não é?"

Ela assentiu e se sentou ao lado dele. E, ao se sentar, percebeu que aquele ponche estava meio forte.

"Você devia ir lá pra dentro. Ver a decoração que a Maggie e a Beth fizeram. Beber um ponche", ela ergueu o copo para ele.

Ele nem olhou para o copo.

"Tô fumando. Depois eu vou."

Ela ficou em silêncio. Ele também não fez menção de falar mais nada.

Então ela finalmente pôs para fora, de uma vez, o que a incomodava.

"Obrigada pelo que você fez naquele dia. Você só tava tentando ajudar e eu fui grossa com você."

"Sem problema. Eu não sabia que você andava armada."

Carol ficou muda por um momento. Como...?

"Você acha que esconde essa coisa de alguém?" disse Daryl, com displicência.

Ela subitamente teve consciência do cabo do punhal que devia estar marcando sua blusa. E ela estava sentada bem ao lado dele. Por outro lado, ele mal tinha olhado para ela, ou pelo menos era o que ela achava... Sentiu-se corar. E no mesmo instante soube que ele notaria.

"E também", interpôs Daryl, desviando o olhar, "eu não devia ter me metido entre você e seu namorado."

"Ele não é meu namorado", Carol se apressou a deixar claro. "É só um enorme imbecil."

"Ah."

O instante constrangedor teria se prolongado mais se não fosse por um abrupto ruído de passos irrompendo no portal do estábulo. Beth parou, parecendo decepcionada, ao ver Daryl na companhia de Carol.

"Ahn... trouxe um copo de ponche para você", falou, obviamente se referindo a Daryl.

"Valeu, tô bem."

Ela ainda ficou parada um segundo, sem saber como reagir. Depois disse:

"Ok", e saiu tão rápido quanto aparecera. Carol revirou os olhos e bufou, observando Beth partir.

"Qual o seu problema com ela? É só uma criança." Daryl perguntou, mas não em tom acusativo.

Carol sentiu um sorriso se formar no próprio rosto.

"Nenhum. Sério."

Bebeu mais um gole do ponche. O cigarro de Daryl estava no fim.

"Gostei da besta", comentou, num rompante. "Onde conseguiu?"

Daryl hesitou, mas não viu porque não contar a Carol. Era como se estivessem num terreno neutro ali. Talvez porque já tivessem compartilhado momentos estranhos o suficiente. Ele simplesmente soube que ela não ia julgá-lo.

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