O sol da manhã de sábado adentrava meu quarto e me fez acordar, novamente, 10 minutos antes do meu despertador me acordar, como uma pancada forte as memórias do dia anterior me veio fazendo a minha cabeça doer.
Com dificuldade me levantei e fui até a sala, nela estava o Marcos, jogando um jogo qualquer no meu xbox, ele parecia estar acordado há um tempo, uma xícara de café estava ao seu lado e um amontoado de pão assado.
— Não precisava dormir aqui — falei enquanto sentava ao lado dele no sofá.
— Conseguiu dormir bem? — ele não tirava os olhos da tv — hoje ficaremos no seu pé o dia todo.
— "ficaremos" — perguntei sem entender.
— Quem você acha que preparou o café da manhã?
Andei até a cozinha e nela estavam Natasha e a Roberta, para minha surpresa. Elas conversavam e sorriam como se fossem amigas de longa data.
— Não precisava...
— Cala boca e vem tomar café — interrompeu a Natasha — já liguei para o seu patrão e dei uma desculpa qualquer, hoje você está de folga.
— Você me deixou preocupada — falou Roberta se aproximando.
Eu a olhei nos olhos e pensei que agora ela era mais uma envolvida nos meus problemas, mas com tudo isso, eu pude ver algo que não tinha notado antes, ela sentia, ela conseguia sentir, mesmo agindo como se não se importasse com ninguém, pelo jeito eu estraguei o plano dela de "apenas se divertir".
— Oi Roberta, me desculpa.
— Olha Caio, não faz mais isso, está bem?
— Não foi minha intenção, na verdade — respirei fundo — não consegui pensar.
— Eu vou cuidar de você, tudo bem?
— Acho que quero ficar sozinho hoje.
— Essa não é uma opção — ela olhou para a Natasha — hoje ficaremos todos juntos.
Roberta se aproximou, puxou uma cadeira para mim, me senti como uma criança, puxou uma outra cadeira e se sentou à meu lado, Marcos e Natasha se sentaram nas outras duas cadeiras.
Minha cozinha não era tão grande assim, mas coube perfeitamente esse quarteto, era diferente ter, finalmente, um toque de mulher em uma casa de um cara solteiro, eu me senti confortável, e por um tempo esqueci de tudo o que aconteceu antes.
— Ah, já ia esquecendo — falou Marcos com a boca cheia — a Eliza te ligou ontem, queria avisar que ia viajar ou algo assim.
— O que? — perguntei com um tom de voz mais alto que o dele — para onde?
— Cara, me desculpa, eu não lembro, ela já estava no aeroporto, não podia falar muito e eu estava preocupado com você.
— Quem é essa Eliza? — perguntou a Roberta com um tom de quem queria esconder os ciúmes — preciso me preocupar?
— É... Talvez — falei com sinceridade.
Natasha sorria por trás da xícara de café, parecia estar mais leve agora que me via conversando.
— Mas você não falou o motivo do meu sumiço, falou? — perguntei voltando minha atenção para o Marcos.
— Não, quer dizer — ele olha para Natasha — ela meio que ouviu quando falei com o pessoal aqui e esqueci que ela tava na linha.
— Poxa Marcos...
— Desculpa Caio, eu tava louco.
— Parece que você gosta bastante dela — disse a Roberta tentando ser indiferente.
— Acho que chegou nossa hora Marcos — falou a Natasha enquanto se levantava — caso você não responda minhas mensagens, Caio, eu voltarei e ficarei o fim de semana inteiro — ela sorria de forma ameaçadora — e depois vamos conversar sobre o que se passa nessa sua mente maluquinha.
Eles saem da cozinha e vão em direção da porta, a Roberta me olhava esperando explicação, meu coração dispara e acabo me sentindo culpado.
— Não vou negar — falo olhando em seus olhos — gosto bastante dela.
— E por qual motivo você não está com ela em vez de estar comigo?
— Ela mora em outro estado — me levanto e vou até ela — mas eu realmente não consigo parar de pensar em te tocar, te beijar... Sei que estou errado, eu gosto dela, mas não paro de pensar em dormir com você uma outra vez.
— Eu... — ela fala enquanto se levanta — gosto muito de você e depois de tanto tempo — ela se aproxima mais — eu me sinto viva novamente — ela me beija — mas não consigo namorar ninguém — agora ela me beija no rosto — você merece uma boa namorada — suas mãos envolvem meu rosto — e eu não posso ser ela — ela me olha nos olhos — mas eu quero você ao menos mais uma vez.
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Prenda minha
RomanceEle, um aspirante a escritor, numa vida solitário seguindo seu sonho sem sair da sua zona de conforto, tem sua vida estimulada por causa das pessoas ao seu redor tendo uma nova forma de ver o mundo. Às vezes longe demais, mas sempre sentindo bem per...