A praia

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A luz do sol me acordou, não consegui lembrar que dia era aquele e muito menos onde eu estava, mas aquele barulho era familiar, era o barulho do mar logo a minha frente. Minha mão direita doía, estava um pouco dolorida e por isso doía quando eu tentava mexer.

"Como eu cheguei aqui?", essa era a questão. O carro onde eu estava não era familiar, nunca estive nele antes, pouco mais a frente estava uma turma, cerca de cinco pessoas, dentre elas estava o Marcos, então tudo ficou tão claro, era tudo culpa dele.

— Onde estamos cara? — falei me aproximando do grupo — me lembre de nunca mais beber seja lá o que eu bebi ontem.

— Lutador — Marcos disse fazendo todos caírem no riso — finalmente você acordou.

— Onde estamos Marcos?

— Antes que você me culpe, a ideia foi sua.

— O que? — gesticulei levantando as mãos e sentindo novamente a dor — o que aconteceu com a minha mão?

— Não sei bem ao certo como começou — ele sorria de forma irônica — mas você começou a gritar com um cara dizendo que a garota que tava com ele merecia mais do que ser tratada como uma qualquer na mão de um babaca — ele segurava o riso — você deu um soco no cara e enquanto ele estava no chão você gritava apontando o dedo "ela merece flores, ela merece flores" — todos sorriam como se já tivessem ouvido aquilo antes — então os amigos deles vieram pra cima da gente....

— Eu só faço merda quando bebo — falei levando as mãos ao rosto tentando conter a vergonha daquele momento.

— Ai então saímos de lá e você ficou dizendo que ainda era cedo e a queria tomar banho na praia — ele abria mais uma lata de cerveja no momento — viemos para essa praia e você dormiu feito criança após cinco minutos de viagem.

— Eles estavam lá também? — olhando para o pessoal.

— Apenas eu — disse um rapaz moreno que parecia ter acordado segundos antes de mim.

— Acho que eu já disse isso, mas eu sou o Caio — falei estendendo a mão.

— Fernando.

O grupo começou a conversar e a beber. Andei até próximo ao mar, a água parecia estar gelada, ideal para aquela manhã de sol forte. Sentei na areia e observei o azul que ia até o limite da minha visão e todo o resto se foi, relaxei como se zerasse todos os problemas.

Minutos depois percebo que alguém se aproximava, era uma garota, pele clara já um pouco avermelhada por causa do sol, cabelos pretos que iam até pouco abaixo dos ombros.

— Marcos falou bastante sobre você, eu me chamo Sofia.

— Espero que coisas boas.

— Digamos que sim — ela sorrio — sair assim não seu estilo, certo?

— Não — eu observava o sorriso dela — sou chato demais para essas coisas, Marcos me falou sobre você, que tipo de arte você faz?

— Eu gosto de pintar, faço alguns desenhos, ah, não se preocupe, Marcos me disse que somos parecidos, então pode ter certeza, também não faz meu estilo.

— Sou meio anti social, mas hoje em dia quase todo mundo é, né?

— Querem ser iguais a gente.

Ela sorria de uma forma diferente, seu rosto meio arredondado fazia seu sorriso ser verdadeiro e transferia um pouco de sua alegria para mim.

— Eu só vim mesmo — ela continuou — porque o Marcos insistiu e porque gosto muito de vir a praia.

— Sei como é, isso me relaxa.

— Parece que somos iguais mesmo.

— Faz me lembrar das músicas de Cicero.

— Cicero Lins? — ela falou com empolgação — jure!

— Você conhece?

— Eu adoro Cicero, mas faz um tempo que não escuto — ela falou encarando as ondas.

— Fez a besteira de relacionar uma música a uma pessoa?

— Sim — ela falou voltando a sorrir — mas já passou.

— Parece que somos irmãos gêmeos mesmo.

Marcos veio até nos dois e a chamou para ir para a água, ela sorrio para mim e foi com ele. Realmente havia algo diferente nela, algo que me deixava bem, a alegria do sorriso dela era, sem duvidas, algo que eu admiraria por horas, era sem duvidas uma garota linda, seu rosto que demonstrava bem suas emoções e seu corpo, sem duvidas alguma, era lindo, mas antes que eu pudesse entrar em mais detalhes, Marcos a beijou, e ver os dois ali, como um casal, me fez lembrar do quão sozinho eu estava, do quão longe de casa eu estava.

Andei sozinho por um tempo, até não haver alguém por perto, entrei na água e fui o mais longe que pude, deixei as ondas me cobrirem e embaixo da água eu tive uma certeza, com certeza a minha mente é uma campo minado e eu não passo de uma bomba relógio.

Voltei a superfície e nadei até a terra, busquei o ar que o cansaço afastou de mim, pensei em como seria se eu não tivesse saído de lá, será em algum momento eu teria algo tão genuíno como o sorriso da Sofia?

Eu encarei o céu e fiz um juramento, jurei que iria encontrar uma Sofia para mim!

Prenda minhaOnde histórias criam vida. Descubra agora